Ata da reunião ordinária de 08 de maio de 2019

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Aos oito dias do mês de maio de dois mil e dezenove, no 2.º andar das instalações do Senac, à rua André de Barros, 750, realizou-se a reunião mensal ordinária da Academia Paranaense de Letras, sob a presidência do acadêmico Ernani Buchmann, estando presentes os seguintes acadêmicos: Eduardo Rocha Virmond, Adélia Maria Woellner, Chloris Casagrande Justen, Antonio Celso Mendes, Ario Taborda Dergint, Nilson Monteiro, Ricardo Pasquini, Cecília Maria Vieira Helm, Antônio Carlos Carneiro Neto, Paulo Venturelli, Rui Cavallin Pinto, Maria José Justino, Roberto Gomes, Luci Collin, José Pio Martins e Marta Morais da Costa. O Presidente Ernani Buchmann saudou a todos, agradeceu a presença e apresentou os convidados da reunião: Dr. Carlyle Popp, presidente da Academia de Letras Jurídicas do Paraná, os arquitetos Carla Choma Frankl e Mauro Magnabosco, responsáveis pelo projeto de reconstrução do Belvedere. O presidente abriu os trabalhos referindo-se à época turbulenta em que vivemos e lamentando as muitas barbaridades que têm atingido a área da cultura, da educação e das ciências. Um período tenso como o que precedeu a Segunda Grande Guerra. Afirmou que espera “que a Academia Paranaense de Letras possa dar sua contribuição para uma realidade futura melhor.” Expressou sua opinião de que se trata de um período “lamentável”. A acadêmica Maria José Justino informou que o espaço da antiga fábrica da cervejaria Brahma havia sido doado pelo Estado para a Escola de Belas Artes do Paraná e ali estariam alocadas a Escola e a FAP – Faculdade de Artes do Paraná. O novo governo, no entanto, acabou de destinar o espaço para um quartel militar, o que vem corroborar a fala do presidente Ernani Buchmann. O acadêmico Nilson Monteiro cumprimentou o presidente pelo teor de sua fala, endossou a fala da acadêmica Maria José Justino e recomendou que a Academia aproveite os políticos que fazem parte da instituição para intervir em favor da cultura do Brasil e de nosso estado. A seguir, o acadêmico Antônio Celso Mendes procedeu à leitura do Credo Acadêmico. Depois houve a apresentação individual dos acadêmicos aos convidados. O presidente apresentou o palestrante da reunião, autor do romance “O senhor da minha história” e atual presidente da Academia de Letras Jurídicas do Paraná, Dr. Carlyle Popp. O palestrante saudou os presentes como representantes da nata da cultura paranaense e passou a discorrer sobre sua dedicação à literatura, em especial o direito na literatura. Narrou que seu romance nasceu de uma oficina literária oferecida por Antônio Carlos Viana e Isabel Furini. Uma das leituras na ocasião foi a de Julio Cortázar, “História de cronópios e famas”, que está na origem do romance “O senhor da minha história”. O escritor também organizou uma coletânea em homenagem aos 30 anos de morte do escritor argentino, um dos maiores contistas a ligar o surrealismo e o cotidiano. Entre seus outros influenciadores estão Kafka, o teatro do absurdo e o existencialismo. A seguir explicitou alguns fatos relacionados ao romance e aos personagens do texto, e resumiu o enredo do livro como “uma relação de amor, ódio e amizade entre dois amigos em Curitiba”. A seguir, também expôs seu pensamento sobre a atual situação da cultura no Brasil e na perfumaria em que se transformou a educação em nosso país. E leu alguns versos de Carlos Drummond de Andrade, retirados do poema “Nosso tempo”. Terminou sua palestra propondo um estreitamento de laços entre as duas academias. Houve aplausos gerais ao final da fala. A acadêmica Cecília Helm parabenizou o palestrante e apoiou seu pensamento sobre o estado da cultura e lamentou o ataque intenso de políticos à filosofia, à sociologia, à antropologia e à literatura. Argumentou que a sociedade é dinâmica, não é possível torná-la estática. Recordou seu papel na defesa do território indígena, e mesmo assim, os índios diariamente estão fazendo manifestações na porta do Congresso e defendeu que o direito e a antropologia precisam caminhar juntos e posicionar-se diante do quadro de ameaças. O acadêmico Carneiro Neto acrescentou que o Governo está visivelmente desacertado e aprendendo na prática. É preciso haver um movimento nacional porque o governo pode recuar, até com certa humildade. A pressão pode torná-lo sensível às demandas da sociedade. A acadêmica Marta Morais da Costa exaltou a opção do autor-palestrante pela literatura do absurdo, tão rara no Brasil, de tradição realista e regionalista. Lembrou Cortázar e o conto “A casa tomada”, que poderia representar uma metáfora da educação brasileira: a cada dia mais um pouco de espaço é retirado. Após os aplausos ao palestrante, o presidente Ernani Buchmann anunciou que na reunião de junho teremos uma palestra sobre filosofia pelo acadêmico José Pio Martins e em agosto, o acadêmico Laurentino Gomes fará um lançamento antecipado do primeiro volume de sua “História da escravatura no Brasil”. O acadêmico Eduardo Virmond informou que a revista da APL, número 69, está em fase de harmonização dos artigos enviados. A seguir, o presidente apresentou os dois arquitetos convidados que, segundo ele, travam uma luta incansável há dez anos para buscar uma sede destinada à Academia Paranaense de Letras. O arquiteto Mauro Magnabosco veio à Academia para falar, em especial, das intervenções urbanas, denominadas “Rosto da cidade”. Entre elas, estão a revitalização e pintura dos imóveis, limpeza e despoluição visual, promover incentivos para essa revitalização. Também discorreu sobre as ações previstas, ou em andamento, em um perímetro central definido, que compreende também o Belvedere. A arquiteta Carla Frankl, responsável pelo restauro do Belvedere, apresentou o plano do imóvel e as ações a serem realizadas. Fazem parte do restauro a avaliação dos danos do incêndio, o levantamento junto à Secretaria de Cultura dos documentos para embasar a reforma, a distribuição dos dois pisos (no térreo, o café, um banheiro e o deque com 20 mesas; no piso superior, 2 banheiros, elevador, sala de reuniões e o administrativo). A previsão de entrega é o mês de setembro. O presidente explanou a situação relativa à mobília e designou uma comissão, formada pelos acadêmicos Carneiro Neto, Chloris Casagrande e Eduardo Virmond para tratativas junto ao Tribunal de Justiça a fim de conseguir os móveis necessários (mesa, cadeiras, estantes, escrivaninha). O presidente informou também que a biblioteca da APL é propriedade da Prefeitura de Curitiba, sob a guarda da Academia. O acadêmico Aryo Dergint sugeriu a colocação de estantes com livros dos acadêmicos para venda no café do piso térreo. O Presidente informou também que haverá convênio com um estacionamento e acessibilidade pela rua Jayme Reis e até um projeto de estacionamento na Sociedade Operária. A acadêmica Maria José Justino convidou para uma visita guiada, fechada a convidados, no Museu Oscar Niemeyer às 19 h de hoje para a exposição de Marcelo Conrado, artista plástico e advogado. O presidente acusou o recebimento em doação do catálogo de curadoria da acadêmica Maria José Justino sobre a obra de Jussara Fuganti. O acadêmico Paulo Venturelli solicitou a doação de livros de ficção e poesia para uma instituição de Almirante Tamandaré que atende meninos em processo de ressocialização. A acadêmica Luci Collin pediu desculpas pela ausência nas últimas reuniões porque dá aulas nesse período e comunicou o lançamento do volume de poemas “Rosa que está”, além de doar um exemplar de “Fascinação”, um romance a quatro mãos, escrito com Flávio de Souza e com apresentação de Marisa Orth. O presidente Ernani Buchmann acusou o recebimento de ofício do Sesc formalizando convite para a Semana Literária de 23 a 28 de setembro, com atividades no Paço da Liberdade. O acadêmico Ruy Cavallin Pinto informou que no dia de ontem, em reunião do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná ficou decidida a criação do Museu da Memória da Justiça Federal e da Polícia Federal. O acadêmico Nilson Monteiro cobrou um compromisso da Academia com a defesa da Cultura e lembrou que no Memorial da Cidade está uma exposição sobre Curitiba com poemas, fotos e registros audiovisuais. O presidente agradeceu aos presentes e declarou encerrada a reunião, da qual eu, secretária, lavrei a presente ata que irá assinada pelo presidente e por mim.

Curitiba, 8 de maio de 2019

 

Ernani Buchmann                                                   Marta Morais da Costa

Presidente                                                               Secretária

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