Ata da reunião ordinária de 11 de dezembro de 2019

postado em: Atas | 0

Aos onze dias do mês de dezembro de dois mil e dezenove, no 2º andar das instalações do Senac, à rua André de Barros, 750, realizou-se a reunião mensal da Academia Paranaense de Letras, sob a presidência do acadêmico Ernani Buchmann, estando presentes os seguintes acadêmicos: Dante Mendonça, Eduardo Rocha Virmond, Ney José de Freitas, Flávio Arns, João Manuel Simões, Rui Cavallin Pinto, Guido Viaro, Adélia Maria Woellner, Albino Brito Freire, Chloris Casagrande Justen, Marta Morais da Costa, Nilson Monteiro, Darci Piana, Roberto Gomes, Marcio Renato dos Santos, Maria José Justino e Cecília Maria Vieira Helm. Justificadas as ausências dos acadêmicos Antônio Carlos Carneiro Neto, Etel Frota, Laurentino Gomes, Ricardo Pasquini, Renê Ariel Dotti e Roberto Mugiatti. Entre os convidados presentes estavam Sandra Gonçalves, Anita Zippin, Joatan Carvalho, Carlyle Popp, Lília Souza, Cíntia Monteiro, o palestrante Fábio Campana e o homenageado Deonísio da Silva. O Presidente Ernani Buchmann abriu a sessão saudando a todos e festejando o ano extremamente profícuo da Academia Paranaense de Letras em 2019. Houve os lançamentos de obras dos acadêmicos da Adélia Maria Woellner, Antônio Carlos Carneiro Neto, Clemente Ivo Juliatto, Etel Frota, Guido Viaro, Jeorling Cleve, João Manuel Simões, Laurentino Gomes, Luci Collin, Márcio Renato dos Santos, Maria José Justino, Paulo Venturelli, René Ariel Dotti, Roberto Gomes e Rui Cavallin Pinto. Foram 12 as palestras realizadas nos cafés da manhã (13, se incluída a participação de Domingos Pellegrini), a saber, Carlos dalla Stella, Luiz Manfredini, Carlyle Popp, Marco Fabiani, José Pio Martins, Karla Santin, Laurentino Gomes, Deonísio da Silva, Antônio Thadeu Wojciechowski, Antônio Cescatto, Cassiana Lícia de Lacerda e Fábio Campana; foi criado o Observatório da Cultura Paranaense, órgão consultivo para as políticas de valorização da nossa cultura, com a presidência a cargo do Presidente da APL e participação de diversas entidades culturais sediadas em Curitiba, das quais estavam presentes a esta reunião os presidentes do Centro de Letras do Paraná, do Centro Feminino de Cultura, da Academia de Letras José de Alencar, da Academia Paranaense de Letras Jurídicas e da Academia Paranaense de Poesia, da União Brasileira dos Trovadores-Seção Curitiba, todas representadas por seus Presidentes, além de outras 12 entidades, entre fundadoras, associadas e correspondentes; foi realizada a assembleia de aprovação dos novos Estatutos e a criação do Conselho Fiscal, com as respectivas atas já devidamente registradas; e , para encerrar o ano, será inaugurada a nova sede da Academia Paranaense de Letras no Belvedere no próximo dia 19, às 18 horas. O Presidente passou à apresentação do palestrante da reunião, o escritor Fábio Campana, jornalista, ex-secretário de comunicação do Estado por três vezes, poeta, romancista, cronista, editor e proprietário, há algumas décadas, da Travessa dos Editores, responsável pelo lançamento de grandes obras, como “O jardim e a tempestade”, de Jamil Snege e recentemente de “O herói provisório”, da acadêmica Etel Frota. Entre suas obras, destacam-se duas, “ambas de admirável nível de excelência”: “O guardador de fantasmas” e “O último dia de Cabeza de Vaca”. A seguir passou a palavra ao palestrante, agradecendo por ter aceitado o convite da APL. Fábio Campana iniciou sua fala referindo-se à amizade, desde a juventude, com o Presidente Ernani Buchmann e, desde os anos 60, com Deonísio da Silva. Aludiu à dificuldade de falar aos acadêmicos, por quem tem “certo temor reverencial”. Também discorreu sobre suas dificuldades em estar no mundo e de nunca estar em paz com os governos. Argumentou que “esperávamos mudar a sociedade com justiça, igualdade e oportunidade para todos”. No entanto, não é o que vemos e perguntou: “Como a espécie chegou a este estágio de depravação do gosto, esta deterioração?”. Aludiu à crença, a despeito de todos os pressupostos científicos, de quem acredita que a Terra é plana, e que é constrangedor constatar a indiferença da maioria. Para compreender este momento e a violência que pode se abater sobre nós a qualquer momento é que a poesia e a literatura têm sido fundamentais. “Na verdade meu único ofício foi escrever: bulas, discursos, publicidade. Fiz do escrever meu exercício espiritual: poesia, romances, contos. Meu primeiro livro foi sobre futebol e agradeço ao Roberto Gomes a publicação do volume. Jamil Snege me deu a ideia de criar uma editora que pudesse publicar livros da melhor qualidade, aqueles que as editoras comerciais não editavam. A Travessa dos Editores publicou até hoje mais de cem títulos. A evolução tecnológica e a internet estão mudando a leitura. Os jovens já aprenderam a ler na internet, o acervo que mais cresce, e ele é o maior acervo de lixo cultural do planeta.” Continuou sua fala apresentando um contraponto às inovações tecnológicas: “o essencial é a dimensão espiritual e nossa escolha deve ser pela delicadeza, não como meio, mas, sim, como finalidade.” Concluiu afirmando que vê essa delicadeza em instituições como a APL e afirmando que sua “mais nova utopia é a criação, única forma de nos opormos ao espírito das trevas”. Após os aplausos gerais, o Presidente retomou a palavra, agradeceu ao palestrante sua apresentação e, em especial, a qualidade da reflexão que trouxe ao público presente. E perguntou se Fábio Campana se sentia melhor como contista, poeta ou romancista, ao que o palestrante respondeu de pronto que era como poeta e que os demais gêneros sempre lhe demandam maior esforço. A convidada Sandra Gonçalves perguntou a Fábio Campana como ele interpreta o caminho do jornalismo nos dias atuais. Ao que o palestrante respondeu que ele reflete a deterioração vigente: há o desaparecimento dos cadernos de cultura, não há gente boa para escrever, não existe um grande crítico de literatura, há um sintoma de regressão à ignorância e à brutalidade predominantes. O Desembargador Joatan Carvalho afirmou que vê neste ambiente prosperarem manifestações e iniciativas culturais, que é importante a reflexão apresentada pelo palestrante, mas que surgem novas preocupações e podem ser vistas pessoas interessadas em mudar a situação. O palestrante reconheceu nessas iniciativas um movimento de resistência, embora tenha havido uma redução brutal nos índices de leitura. Acrescido do fato que a escola passou a ser o lugar da não-leitura, mas que ele ainda acredita em soluções, porque é um otimista. Também se mostrou preocupado com as políticas públicas que degeneraram e pioraram, porque o Estado transformou as iniciativas em propaganda política. Concluiu dizendo que acredita na possibilidade de renascimento. O Presidente agradeceu novamente ao palestrante e deu continuidade à pauta da reunião com a concessão de título de Membro Honorário ao escritor e filólogo Deonísio da Silva. Fez uma rápida exposição biográfica do homenageado: “Nascido em Siderópolis, em Santa Catarina, é um cidadão brasileiro de muitos lares. Viveu no Paraná, no Rio Grande do sul e em São Paulo e, há quase duas décadas, está radicado no Rio de Janeiro. Autor de 35 livros, traduzido em diversas línguas, filólogo respeitado, parceiro do jornalista Ricardo Boechat em um hilariante programa de rádio levado ao ar na BandNews do Rio de Janeiro. Entre seus romances destaca-se o antológico “Avante, soldados, para trás!”, sátira à Retirada de Laguna, episódio da Guerra do Paraguai, livro que venceu o Prêmio Casa de las Américas, em júri presidido por José Saramago. Por tudo o que representa para a nossa cultura, a Academia Paranaense de Letras confere a Deonísio da Silva o título de Membro Honorário, concedido por voto da unanimidade dos membros da Academia, para o que faço agora a entrega do diploma e do medalhão correspondentes.”. Em seu agradecimento, Deonísio da Silva se disse contente e feliz. Contou a história de seu neto, Josué, de 2 anos, que tem de ler um livro da biblioteca da escola por semana e é sempre um livro de autor estrangeiro. Ao indagar a professora do porquê dessa escolha, ela respondeu que é porque não temos autores brasileiros (!!!). O homenageado lembrou uma conversa sobre esse mesmo assunto há muitos anos atrás com o acadêmico Roberto Gomes e que resultou na edição do livro infantil “Adão e Eva no Paraíso”. Afirmou que há inúmeros livros que as escolas desconhecem. Fez referência ao resultado de recente pesquisa que estabeleceu a palavra do ano de 2019: eles; e a personalidade do ano, Greta Gunberg. Também fez referência a uma notícia curiosa, a de que está andando mais rapidamente um dicionário de latim que os alemães estão fazendo desde 1890 e que concluirão, possivelmente, em 2050. Nesse dicionário inexistirão os verbetes com as letras iniciais Q e R. A segunda notícia é sobre o “Dicionário de gírias de Shakespeare”: das 500 gírias, 277 das quais nunca haviam sido registradas em outro dicionário. Terminou sua fala agradecendo a homenagem e reafirmando seus muitos vínculos com o Paraná. O Presidente Ernani Buchmann fez ainda a entrega de um presente pessoal seu e de sua esposa, Tânia: o livro “Travessas & Travessias”, com textos de autoria do falecido escritor Carlos Alberto Pessoa e fotos da própria Tânia Buchmann e de Charly Techio. Ao finalizar a sessão, o Presidente informou que os móveis da futura sede da APL já estão sendo levados ao Belvedere. Agradeceu a presença de todos, acadêmicos, convidados e palestrante, desejando um ótimo Natal e um 2020 melhor ainda. Convidou a todos para o almoço de confraternização e declarou encerrada a reunião, da qual eu, secretária, lavrei a presente ata que irá assinada pelo Presidente e por mim.

 

Curitiba, 11 de dezembro de 2019

 

Ernani Buchmann                       Marta Morais da Costa

Presidente                                   Secretária

Deixe uma resposta