Ata da reunião ordinária de 12 de julho de 2017

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Aos doze dias do mês de julho de dois mil e dezessete, no 2º andar das instalações do SENAC, à rua André de Barros, 750, realizou-se mais uma reunião mensal ordinária da Academia Paranaense de Letras, sob a presidência de Ernani Lopes Buchmann, estando presentes os seguintes acadêmicos: Eduardo Rocha Virmond, Chloris Casagrande Justen, Nilson Monteiro, Adélia Maria Woellner,  Laurentino  Gomes, Ario Taborda Dergint, Cecília Maria Vieira Helm, Antônio Celso Mendes, Dante Mendonça, Carneiro Neto, Flávio Arns e Marta Morais da Costa. Foram justificadas as ausências dos acadêmicos Albino Freire e Maria José Justino. Na abertura da sessão, o presidente Ernani Buchmann saudou a presença de todos e de imediato passou a palavra ao acadêmico Nilson Monteiro, que discorreu sobre a reinauguração do Cine Teatro Universitário Ouro Verde, em Londrina em 30 de junho p.p. A Academia Paranaense de Letras enviou o seguinte telegrama ao Exmo. Sr. Governador do Estado, Carlos Alberto Richa: “Exmo. Sr. Em uma época de tristes notícias para a cultura brasileira, com fechamento desastroso, para as atuais e futuras gerações, de centros de produção e consumo cultural, como teatros, cinemas, museus e livrarias, a Academia Paranaense de Letras cumprimenta V.Excia. pela reinauguração do Cine Teatro Universitário Ouro Verde, palco gerador e difusor de manifestações artísticas a partir de 1952. Com esta conquista da comunidade londrinense, mais uma vez fica demonstrado que os investimentos na área cultural trazem benefícios inestimáveis para a sociedade, gerando qualidade de vida e aprimoramento do sentido de cidadania. Atenciosamente , Academia Paranaense de Letras. A Diretoria.” O acadêmico Nilson Monteiro, que representou a APL na cerimônia de reinauguração, traçou uma rápida história desse espaço cultural. Ele resultou do empreendedorismo de três grandes empresários londrinenses: Ângelo Pesarini, Jordão Santoro e Celso Garcia Cid. De imediato, tornou-se um grande sucesso. Em 12 de fevereiro de 2012, um grande incêndio o destruiu totalmente. O acadêmico Nilson Monteiro costurou essa história com sua biografia, falando das sessões cinematográficas e dos grandes filmes a que assistiu no Ouro Verde. Também mencionou as entrevistas que ali realizou com grandes artistas nacionais, como Bibi Ferreira e Elis Regina. A bilheteria era toda em mármore e o espaço muito luxuoso. Atendia não só Londrina, mas cidades próximas, como Maringá e Cornélio Procópio. Em 1978, o teatro passou a integrar o patrimônio da Universidade Estadual de Londrina – UEL. A reconstrução do Ouro Verde atendeu cuidadosamente a todas as normas do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN. Foram 728 convidados, recepcionados pelo discurso da reitora Berenice Jordão, de incomum e intensa carga poética. Desde o dia da inauguração o Cine Teatro Ouro Verde teve espetáculos diários e todos lotados. Na cerimônia de reinauguração foi feito um agradecimento especial à APL e o ator Luiz Cláudio Castelo Branco interpretou um dos textos do acadêmico Nilson Monteiro. Também integraram o programa da reinauguração a peça “Bodas de café”, de Nitis Jacon e a execução da canção “Pé vermelho” de autoria de Paulo César Oliveira e Nilson Monteiro. O acadêmico Laurentino Gomes informou que ele integrou um grupo de teatro amador que apresentou a peça “Deus lhe pague”, de Joracy Camargo no palco do antigo Ouro Verde. O presidente Ernani Buchmann desejou longa vida ao Cine Teatro Ouro Verde porque, juntamente com o Teatro Guaíra, constituem símbolos culturais do Paraná. A seguir, a palavra foi assumida pelo acadêmico Laurentino Gomes para que expusesse a situação atual de sua imensa pesquisa sobre a escravidão no Brasil. Iniciou sua fala dizendo de sua satisfação em estar na reunião da APL, lamentando apenas que seu ofício de escritor o leve a viajar muito e não lhe permita estar presente mais vezes. Informou que está em meio à pesquisa e que irá realizar uma história abrangente sobre a escravidão no Brasil, de vez que os estudos existentes até o momento, mesmo que excelentes, tratam apenas pontualmente da questão. Seu projeto é escrever três volumes sobre o assunto. O primeiro deles, a ser publicado em 2019, trata da escravidão no Atlântico, e trará contribuição significativa para esclarecer alguns aspectos, até agora equivocados, sobre o tráfico negreiro: as capturas de pessoas, as companhias de escravos, os números de escravizados. O segundo volume tratará do século XVIII e o auge da escravidão: a troca de escravos por mercadorias, personagens históricos como Zumbi e Chica da Silva. O terceiro volume tratará do movimento abolicionista e seus paradoxos. A bibliografia lida já acumula 150 livros. Agora está na fase de visitar os locais mais citados nos documentos, como Portugal, Cartagena, Senegal, Nigéria, Angola e muitos outros.  Indagado sobre seu método de trabalho, explicou que conta neste momento com a orientação do professor e pesquisador João José Reis. Esclareceu que começa pela leitura e pelas anotações. Depois, observa a bibliografia que os autores-fonte utilizaram. Passa à leitura desses livros, mas com outra perspectiva.
Ao ler, monta a estrutura do livro em seus capítulos. Constrói um esqueleto do texto e vai adicionando o material obtido. A seguir, vem a reportagem: visita os locais dos acontecimentos (como, por exemplo, o cais do Valongo, no Rio de Janeiro, ou a Carolina do Sul, nos Estados Unidos). Para finalizar, vem o trabalho de redação em isolamento total. Os acadêmicos Maria Cecília Helm, Nilson Monteiro e Carneiro Neto fizeram intervenções a respeito de indicação de sociólogos como Florestan Fernandes e Roger Bastide, sobre situações de segregação ainda existentes ou já vencidas, e, no futebol, do livro “O Negro no Futebol Brasileiro”, do jornalista Mário Filho. Surgiram comentários a respeito de personagens da história paranaense, vítimas de segregação, como Sebastião Paraná e Pamphilo d’Assumpção. Ou de locais como a Sociedade dos Operários. A seguir, foi feita a recepção do Membro Honorário da Academia, Embaixador Orlando Soares Carbonar. O presidente solicitou ao acadêmico Eduardo da Rocha Virmond que fizesse a entrega do diploma a que o homenageado fazia jus. A seguir, o Embaixador Orlando Carbonar manifestou seu agradecimento à APL e discorreu sobre  importância da cultura paranaense: seu trabalho como jornalista na Gazeta do Povo e a convivência com intelectuais do porte de Dicesar Plaisant. Referiu-se a um episódio ocorrido em Roma quando teve a oportunidade de ali assistir a um segundo concerto de Arthur Rubinstein, de vez que ao primeiro assistira em Curitiba na SCABI (Sociedade Cultural e Artística Brasílio Itiberê), dada a importância da cultura musical na cidade. Declarou que ao voltar a Curitiba. foi recebido de braços abertos e, por isso, mais uma vez agradecia à APL a honra da diplomação. O presidente Ernani Buchmann enfatizou que os membros honorários têm direito a voz nas reuniões da Academia e que, portanto, a participação do Embaixador será sempre bem recebida nas reuniões. A seguir, e passando para os assuntos gerais, o presidente Ernani Buchmann apresentou o convite da União Brasileira dos Trovadores de Maringá, para jantar de comemoração no dia 17 de julho próximo. A acadêmica Adélia Woellner comunicou que não poderia neste ano representar a APL, como já o fizera anteriormente. Também foi apresentado o convite para as comemorações do centenário de nascimento do ex-Governador Ney Braga, em promoção conjunta da ONG Pró-Paraná e do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná, a ser realizada no dia 25 de julho próximo, nas dependências do Museu Paranaense, para as quais estão convidados os senhores acadêmicos. Foram confirmadas as presenças dos acadêmicos Nilson Monteiro e Maria José Justino no encontro das academias de letras do Paraná, neste ano a ser realizado em Cornélio Procópio. O presidente Ernani Buchmann confirmou presença no encontro nacional das academias de letras a ser realizado em Niterói, com a participação do presidente da Academia Brasileira de Letras, em comemoração aos 100 anos da Academia Fluminense de Letras. Quanto às inscrições para preenchimento da vaga da cadeira nº 32, o presidente Buchmann informou que houve a inscrição da escritora Luci Collin e dois outros candidatos retiraram sua inscrição, eleição que deverá se dar no dia 9 de agosto vindouro. O acadêmico Nilson Monteiro registrou a generosidade de Ethel Frota ao retirar sua candidatura à cadeira de nº 32. O presidente Ernani Buchmann confirmou a posse do escritor e professor Roberto Gomes para o dia 21 de agosto no auditório da Federação do Comércio às 19h. Provavelmente ele será saudado pelo acadêmico Paulo Venturelli. Também comunicou que está terminando as diligências para o atendimento aos requisitos da Lei Rouanet a fim de obter recursos para a restauração do Belvedere junto ao Ministério da Cultura – MinC. O acadêmico Flávio Arns apresentou um breve relato do encontro da APL com o prefeito de Curitiba, Rafael Greca. Rememorou as reuniões mensais, acompanhadas pelas acadêmicas Chloris Casagrande Justen e Adélia Woellner, com os participantes de todo o entorno do Belvedere, em número aproximado de 20 pessoas, que buscam soluções compartilhadas para a integração de espaços, objetivos e atividades. Informou que o orçamento de restauro da obra é de R$ 1.073.116,37 e que será aproveitado o saldo remanescente do restauro do memorial do Ministério Público do Estado do Paraná no valor de R$ 1.168.571,37. Para que o projeto se concretize como uma Unidade de Interesse Especial de Preservação – UIEP,  o prefeito Rafael Greca assinou  o decreto nº 1194, de 30 de junho de 2017. O presidente encerrou a reunião declarando que a Academia Paranaense de Letras conquista cada dia maior respeitabilidade na sociedade paranaense. A secretaria registra ainda o recebimento, pelos acadêmicos dos exemplares do romance “A sombra dourada”, do acadêmico Guido Viaro; o livro de ensaios “Universo virtual presente no mundo cósmico, quântico e cultural”, do acadêmico Antônio Celso Mendes; e o ensaio “Mário de Andrade e Carl Gustav Jung em Macunaíma, o herói sem nenhum caráter”, de Beatriz Schiffer Durães. O presidente  Ernani Buchmann agradeceu a presença de todos e encerrou a reunião, da qual lavrei a presente ata, assinada pelo presidente e por mim. Curitiba, 12 de julho de 2017.

 

 

 

Ernani Buchmann                Marta Morais da Costa

Presidente                                        Secretária

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