Ata da reunião ordinária de 9 de outubro de 2019

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Aos nove dias do mês de outubro de dois mil e dezenove, no 2º andar das instalações do Senac, à rua André de Barros, 750, realizou-se a reunião mensal da Academia Paranaense de Letras, sob a presidência do acadêmico Ernani Buchmann, estando presentes os seguintes acadêmicos: Dante Mendonça, Eduardo Rocha Virmond, Ario Taborda Dergint, João Manuel Simões, Guido Viaro, Adélia Maria Woellner, Albino de Brito Freire, Etel Frota, Chloris Casagrande Justen, Marta Morais da Costa, Nilson Monteiro, Darci Piana, Roberto Gomes, Luci Collin, Antônio Celso Mendes, Maria José Justino e Antônio Carneiro Neto. Justificada a ausência do acadêmico Renê Ariel Dotti. O Presidente abriu a sessão agradecendo da presença de todos e apresentando os convidados da reunião: os poetas Antonio Thadeu Wojciechowski e Antônio Cescatto, o escritor Domingos Pellegrini e sua esposa, Dalva, e Lília Souza, Presidente da Academia Paranaense da Poesia. Em sua fala inicial, o Presidente assim se pronunciou: “Com alegria, comunico que a revista nº 69 já está na gráfica, o que me deixa otimista para que ela seja distribuída no café da manhã de novembro. É da revista que retiro este trecho de um texto do acadêmico João Manuel Simões: “De tempos em tempos eu me sinto compelido a revisitar o universo prosódico de Ruy Barbosa, sobretudo alguns de seus discursos monumentais que não estão longe de atingir o patamar estético do Padre Antônio Vieira. O que dizia Ruy sobre a crise? Todas as crises porque o Brasil está passando, a crise política, a crise econômica e a crise social, nada mais são do que sintomas parciais, manifestações reveladoras de um estado mais profundo, uma suprema crise: a crise moral.Valho-me, em seguida”, prosseguiu o Presidente, “do trecho de uma crônica do acadêmico René Ariel Dotti sobre a pretensa intenção do ex-procurador-geral Rodrigo Janot de cometer um homicídio no Supremo Tribunal Federal. Diz o acadêmico Renê Dotti: Hoje, porém, os acontecimentos incríveis, fantásticos e extraordinários compõem a pauta rotineira de escândalos e desvios de conduta dos agentespúblicos. Não causam emoção e nem surpresa na população. Afinal, somente a liberdade de imprensa, em sua mais alta voltagem de surrealismo e excitação, pode explicar a notável importância concedida pelos meios de comunicação à confissão extemporânea de ódio e ressentimento alimentados durante anos por quem não é mais o que era. E transformar o doentio episódio pessoal em matéria de mórbido sensacionalismo.Sejam bem-vindos,” concluiu o Presidente. A seguir o Credo Acadêmico foi lido pelo acadêmico Antônio Carneiro Neto e os acadêmicos apresentaram-se individualmente aos convidados da reunião. O Presidente enumerou os lançamentos do mês; no dia 14 , a acadêmica Adélia Woellner lança “A montanha dos encantos”, no dia 12, Etel Frota e Luci Collin farão o relançamento de seus livros recentes, no dia 29 o acadêmico Antônio Carlos Carneiro Neto lança “É disso que o povo gosta”, também o acadêmico Guido Viaro estará lançando “O princípio da incerteza”.  O Presidente registrou também o recebimento de doação à Academia de um opúsculo contendo os discursos proferidos na posse do acadêmico Eduardo Rocha Virmond, o dele próprio e o de Helena Kolody, que o saudou. A seguir o Presidente apresentou o primeiro palestrante, Antonio Thadeu Wojciechowski , que está lançando o livro Poemas de amor ainda”. Segundo palavras do Presidente, a Polônia não tem vulcões, mas nasceu em Curitiba um vulcão polonês que é Thadeu Poeta. O autor iniciou sua palestra comentando que a última visita que havia feito à Academia Paranaense de Letras havia sido em 1978, quando lançou o livro “Sala 17”, que era o número de sua sala de aula na Pontifícia Universidade Católica do Paraná e onde ele e outros poetas como Marcus Prado, Sérgio Viralobos, Cobaia, Roberto Prado e Tatara organizaram a antologia, sob a suprervisão do então acadêmico da APL Leopoldo Scherner. O lançamento público do livro havia reunido 10 000 pessoas no Largo da Ordem. A partir daí, o grupo se reunia habitualmente para partilhar cervejas, alegria e produção. “Fizemos 1200 músicas, sendo que 200 delas foram gravadas em discos independentes”, disse ele. Contou que sua mãe o ensinou a gostar de poesia e declamava seu poeta favorito: Augusto dos anjos. Depois vieram a leitura e a influência de Gregório de Matos, de quem apreciava as brincadeiras poéticas e declamou o poema “Instabilidade”. Veio depois a fase de Cruz e Sousa e o encantamento com Guimarães Rosa e o encontro com a sonoridade das palavras. Seu novo livro é resultado da seleção de 150 poemas, feita por Ivan JustenSantana, dentre os 600 que escreveu sobre o tema do amor. Leu um dos poemas do livro e terminou sua fala com a declamação do poema “Como vão as coisas”, pertencente a um livro anterior. Foi bastante aplaudido após sua apresentação. Retomando a palavra, o Presidente assim descreveu o poeta Antônio Cescatto: formado em Medicina, mas com vontade de escrever. Dedicou-se a uma carreira prestigiada e bemsucedida de redator publicitário e agora transforma coisas corriqueiras em poesia, como comprova seu mais recente lançamento “O livro das coisas menores”. Ao iniciar sua palestra, o poeta Antônio Cescatto agradeceu a oportunidade, saudando a verve e o talento com que o acadêmico Ernani Buchmann conta histórias. Referiu-se depois a uma aprendizagem desenvolvida em sua poesia, a antropotécnica, a prática humana, o lugar entre sonhar e fazer e do fazer descobrir coisas. Situou sua infância entre duas bibliotecas: a de seu pai (Os Sertões, Shakespeare e outros clássicos universais) e a de sua tia (Dumas, Zola , o Tesouro da Juventude). Durante a formação não tinha interesse pela poesia; para ele a poesia eram aulas de contagem métrica dos pés rítmicos. Mas, durante o Festival da Música Brasileira, pegou um folheto com as letras das canções e depois mergulhou no universo da revista “Noigrandes, que o despertou para a poesia: “o que eu sentia e não via falar na música”, afirmou. “Escrevi com sofreguidão compulsiva, sob a égide do Surrealismo e do Simbolismo.” Durante as aulas universitárias na Universidade Católica do Paraná, fazia poesia e política. Tirou o primeiro lugar em um concurso de poesia, cujo júri era presidido pelo acadêmico Leopoldo Scherner. Mas não queria fazer poemas verbi-voco-visuais e queria ler tudo o que pudesse em várias línguas. A obra “Espelho partido”, de Marques Rebelo, o fez escrever o primeiro romance, “O mundo não é redondo”, que trata do Brasil no período de 2007-2008.  Depois vieram “Preponderâncias do pequeno”, “Antropostein” (sobre GertrudStein), “A ordem”, sobre os acontecimentos em Curitiba da revolução federalista em 1894. Escreveu ainda “O antipoeta”, não publicado. Segundo ele, “mesmo um livro de poesia tem que ter um fio condutor: a casa, por exemplo, tão familiar e tão estranha. As coisas pequenas podem nos salvar como a poesia me salvou” e encerrou assim sua fala. Foram muitos os aplausos. Aberto o tempo para perguntas, o acadêmico Guido Viaro associou a poesia de Antônio Cescatto ao poeta Manoel de Barros. Acentuou que em “O livro das coisas menores”, que é um “espetáculo”, os objetos são sentimentos, um alicerce existencial. O poeta Antonio Thadeu Wojciechowski referiu-se a um projeto para entrevistar Manoel de Barros, para o qual pediu auxílio para compra de duas câmeras de filmagem e passagens de avião. Esperou dois anos e meio e não conseguiu autorização e verba. O convidado Domingos Pellegrini se referiu ao fato de, apesar de serconvidado, ter receio de aceitar uma candidatura a alguma Academia de Letras. Talvez a explicação pertença ao âmbito da psicanálise, argumentou. Mas, segundo ele, aprendeu na APL o convívio humano e, em homenagem ao convite, escreveu 3 sonetos: ”A eternidade quântica”, “A eternidade fictícia” e ”A imortalidade semântica”, que leu e que foram recebidos com aplausos pelos presentes. O acadêmico Darci Piana disse que “saímos revigorados desta reunião” e fez um breve apanhado sobre a data de inauguração do Belvedere, que o Prefeito Rafael Greca pretende inaugurar em 19 de dezembro próximo. Cabe à APL preparar o espaço que lhe coube até essa data. Sugeriu: “Quem sabe uma coletânea das obras ou um acontecimento de relevância para justificar a sede própria”. Referiu-se também ao evento “Natal no Paço” a ser realizado em Curitiba, bem como àinauguração da Estação Saudade em Ponta Grossa. A acadêmica Adélia Woellner disse que gostaria de participar porque trabalhou na estação em 1961. O Presidente afirmou que todos os acadêmicos serão convidados. Aproveitou para informar que o Teatro de Bela Vista do Paraíso, em restauração pelo Sesc Paraná, a exemplo da Estação Saudade. tem o formato do avião 14-Bis de Santos Dumont e que foi inaugurado com o espetáculo “O auto da Compadecida” pelo Teatro de Comédia de Bela Vista, com a participação do ator Emílio Pitta. O acadêmico Nilson Monteiro comentou que, em Londrina, a rua Sergipe terá um Museu do Café e que as melhores obras do arquiteto Vilanova Artigas estão no interior do estado. O Presidente solicitou à acadêmica Adélia Woellner que lesse o poema inédito “Fraternidade” da poeta e falecida acadêmica Helena Kolody, cujo aniversário seria comemorado no dia 12 de outubro próximo. A acadêmica Adélia Woellner antes da leitura do poema, agradeceu a presença da Presidente da Academia de Poesia, Lília Souza.  E narrou parte da história do poema inédito: recebeu um telefonema de Eugênia, proprietária da Galeria Acaiaca, depositária de material pertencente à poeta falecida e que estava de mudança para São Paulo. Entre esse material, descobriu o texto datilografado,(embora esse não fosse o modo habitual de registro de poemas por Helena Kolody). Terminada a leitura, o Presidente informou que no dia 11 próximo haveria a realização de uma oficina, intitulada “Helena Kolody, carbono e diamante”; a acadêmica Etel Frota informou que o coletivo Mulherio das Letras fará uma reunião na Livraria Vertov com a participação de Dari Nascimento e Rogéria Holtz e a poeta será homenageada no sarau, cujo roteiro é de sua autoria e que descobriu na obra uma “poesia vigorosa”. A convidada Lília Souza comunicou que no dia 24 de outubro próximo, na Biblioteca Pública do Paraná haverá a conferência “Sonetos de Simões”, sobre a obra do acadêmico João Manuel Simões. O Presidente chamou a atenção de todos para a exposição na sala de reunião da tela doada à Academia pela congregação marista e que retrata a inauguração do busto de Machado de Assis em frente ao Petit Trianon, sede a Academia Brasileira de Letras, com a participação de Emílio de Menezes, Ruy Barbosa, Olavo Bilac e outros. E registrou o agradecimento da APL ao reitor da PUCPR, prof. Waldemiro Gremski. O Presidente registrou ainda que na sede da OAB Paraná se dará a fundação do Observatório da Cultura Paranaense com a aprovação dos seus estatutos e participação de entidades culturais independentes e que a nossa Academia ocupará sempre o cargo da Presidência do Conselho Consultivo do Observatório, criado pela lei da Cessão do Belvedere. A seguir foram distribuídos os proventos resultantes da venda dos livros dos acadêmicos durante a Semana Literária do SESC-Paraná. O Presidente informou que a Diretoria autorizou a indicação de um estagiário de Direito para organizar a documentação da Academia e assim obter o título de Utilidade Pública, para podermos ter acesso a recursos do Senado Federal. Há um problema no registro dos Estatutos de vez que a ata de fundação da APL de 1936 não existe. Segundo a sugestão da acadêmica Adélia Woellner, no sentido de que, talvez, o Centro de Letras do Paraná tenha esse documento. O Presidente lembrou que o piano, que o falecido acadêmico Ulysses Vieira deixou para a APL, será devolvido pelo referido Centro. Nada mais havendo a tratar, o Presidente encerrou a reunião, da qual eu, secretária, lavrei a presente ata que irá assinada pelo Presidente e por mim.

Curitiba, 9 de outubro de 2019

Ernani Buchmann​​​​​     Marta Morais da Costa

Presidente​​​​​                ​​Secretária

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