A chegada dos imigrantes

Motivação inicial: Paraná. Terra de todas as Gentes!

 

Os primórdios

Até meados do século XIX o território paranaense era ermo e desabitado. Índios hostis amedrontavam e impediam uma ocupação pacífica pelo interior, de pessoas mais aventureiras, que desejassem ocupar seus territórios. Era comum os tropeiros que faziam o transporte de gado e muares do Rio Grande do Sul para São Paulo serem molestados por índios botocudos ao sul do Rio Negro.

As primeiras tentativas de localizar imigrantes europeus em seu território deu-se no ano de 1829, quando o tropeiro e latifundiário João da Silva Machado, posteriormente Barão de Antonina, obteve a autorização do governo para instalar imigrantes alemães às margens do Rio Negro, no local chamado Capela da Mata (hoje Rio Negro), no caminho percorrido pelos tropeiros. Foram ali instalados 238 alemães, dando início a atividades agrícolas e pastoris. Em 1833, uma nova leva de 100 alemães foi reforçada na região.

Em 1847, o Barão de Antonina, no intuito de ligar o Paraná com Mato Grosso, convocou o filantropo suíço João Maurício Faivre, a instalar uma colônia às margens do rio Ivaí, chamada Teresa, e para lá conduziu dezenas de imigrantes franceses. Porém, os resultados não foram satisfatórios, e os imigrantes que lá permaneceram fundaram a localidade de Teresa Cristina.

Em 1852, outro filantropo suíço, Carlos Perret Gentil, fundou uma colônia de imigrantes alemães e suíços, na entrada da baía de Paranaguá, que apesar de não ter progredido, tornou-se hoje o município de Guaraqueçaba.

 

Colônia Assungui (Cerro Azul)

A proibição da compra de novos escravos e a transferência dos antigos para as Minas Gerais, a partir de 1850, o Paraná se viu envolvido em uma intensa carência na produção agrícola, o que veio causar a primeira grande inflação, com os preços tendo subido quase 200%. Enquanto isso, as colônias catarinenses de Blumenau e Dona Francisca (Joinville) levavam vantagem, pela sua grande produção corporativa.

O Paraná reivindicou ao governo federal a criação de uma colônia agrícola similar, e, em 1859, foi autorizada a criação da colônia Assungui, a 109 Km de Curitiba, no vale do Rio Ribeira. Nos primeiros anos, a produção de cereais foi compensadora. Não obstante, por falta de infra-estrutura e até estradas, a colônia fracassou, e, em 1875, a população local era assim constituída: brasileiros, 875; franceses, 338; ingleses, 221; italianos, 202; alemães, 171; espanhóis, 16 e suecos, 1, entre os quais a maioria veio a abandonar a região.

 

Adolfo Lamenha Lins

Assumiu o governo da província em 1875 e fez do problema da imigração o tema principal de suas ações. A partir da verificação das condições que levaram a colônia Assungui ao fracasso, chegou à conclusão que novas colônias, para terem sucesso, necessitariam de fortes investimentos e teriam de ter estradas para o escoamento de seus produtos.

Igualmente, deveriam estar próximas aos centros urbanos, o que fez voltar suas atenções para as colônias Argelina (de franceses procedentes de Argel), Abranches e Pilarzinho, de colonos poloneses. Foi assim que prosperaram as colônias em redor de Curitiba: Santa Cândida e Orleans (1875); Santo Inácio, Riviera, D.Augusto, Lamenha e Tomás Coelho (1876). Levas de italianos também contribuíram para o desenvolvimento da Santa Felicidade e do litoral.

 

Imigração nos Campos Gerais

Teve início no final do século XIX, com a chegada de elevado número de imigrantes russos, que se fixaram próximos à Lapa, Palmeira e Ponta Grossa. Devido a má qualidade das terras, as colônias recém formadas não progrediram, o que levou a maioria dos imigrantes a retornarem a seus países de origem. Dos 20.000 previstos, restaram apenas 1.800, que passaram a explorar o transporte carroçável de mate para o litoral, com vistas à exportação.

 

Alfredo d’Escragnolle Taunay

Em 1885, como presidente da província e seguindo os passos de Lamenha Lins, tornou-se um entusiasta da imigração estrangeira, incentivando os compatriotas poloneses aqui residentes a que incentivassem seus parentes e amigos para virem morar na terra da promissão. Alheio a críticas xenófobas, incentivou a criação de sociedades de imigração pelo interior, das quais surgiram muitos núcleos pequenos e diversificados de imigrantes.

 

A imigração estratégica

O final do século XIX, em virtude de conflitos fundiários entre o Brasil e a Argentina, a chamada Questão de Palmas, levou o governo a intensificar a ocupação da região, criando as colônias militares de Chapecó e Chopim; também, iniciou a construção da ferrovia Paranaguá-Curitiba, estendendo-a até Porto Amazonas, ponto inicial da navegação do Rio Iguaçu, com a presença do próprio Imperador D. Pedro II, em 1880. Novas levas de imigrantes passaram a ocupar a margem direita do rio Iguaçu, e daí surgiram as colônias de São Mateus, Água Branca, Santa Bárbara, Palmira, Rio Claro, General Carneiro, Canta Galo, Antonio Olinto e Prudentópolis, com imigrantes poloneses e ucraínos.

 

A imigração no século XX

Intensificou-se após o término da revolução federalista e foram criadas as colônias de Cruz Machado, Irati, Senador Correa, Ivaí, entre outras. Finda a Primeira Guerra Mundial, a imigração teve o reforço de populações japonesas em Uraí, Assaí, Londrina, etc. Os holandeses se fixaram em Castro e Carambeí; os alemães ocuparam e fundaram Entre Rios, na região de Guarapuava. O Paraná tornou-se, assim, um dos maiores laboratórios mundiais de miscigenação étnica.

 

Material escrito por Antônio Celso Mendes, da cadeira 34, baseado no livro de Ruy Christovam Wachowicz.