Nascido em Paranaguá no dia 16 de outubro de 1902, per­tenceu a uma geração de condores que se destacaram na cátedra universitária e nas lides literárias, marcando, com notável presença, fecundo período de transbordamento intelectual em Curitiba. Eram-lhe parceria constante nas rodas do Café Belas Artes, no Círculo de Estudos Bandei­rantes, na redação da Gazeta do Povo, nos corredores da vetusta Faculdade ou nas frias madrugadas, enquanto a cidade dormia, entre outros, Léo Cobbe, Ernesto Luiz Oliveira, Júlio Teodorico Guimarães, Bento Munhoz da Rocha Neto e Homero Braga. Médico, professor, escritor, mistura de poeta e boêmio, criou linguagem própria, pe­culiar, entrecortada de chistes e blagues, com que escalpelava os costumes, a medio­cridade e a hipocrisia. Essa virtuosidade humorística carregada de irreverência con­feria aos seus textos um sabor ao mesmo tempo cáustico e delicioso, pelos lances pitorescos que suscitava. Desambicioso de bens materiais, considerava mesquinhas as ganâncias do mundo. Espírito superior, valia-se de autêntico e acurado senso crítico, o poder de liberdade de dizer sem medo a verdade e o que sentia. Detinha a comovente singularidade, centrada nos reclamos de uma vocação mobilizada para a compreensão da mente humana. Seu prestígio entre os alunos era incontestável. Essa circunstância se explica pela didática especial que aplicava para amenizar as disciplinas que lecio­nava: Parasitologia Médica e Anatomia Patológica, além de Biologia Geral. Seu mundo era o mundo dos livros, dos debates, da conversação.

O célebre Discurso do Bugre, que escreveu, mas não proferiu, na formatura dos médi­cos de 1933, da então Universidade do Paraná, cabendo ao pai, Petit Carneiro, fazê-lo, constitui magistral estudo da psicologia humana. A farta ressurreição de valores mo­rais, a sobreposição do homem psíquico ao homem físico, deu-lhe a dimensão espiritual à altura do próprio talento descritivo. Incursionando também pela poesia, aliou-se aos movimentos de vanguarda, liberto da influência clássica ao produzir poemas nitida­mente modernistas, de que são exemplos: Procissão dos Eus, Sou e Jogo da Vida, entre outros da mesma linha avançada.

Faleceu em Curitiba no dia 22 de janeiro de 1975. (TV)

Patrono: Cônego João Evangelista Braga (1850-1913)
Fundador: Leônidas Moura de Loyola (1892-1938)
2.º Ocupante: Ernani Simas Alves (1914-2000)
3.º Ocupante: Albino de Brito Freire (1941)