Descendente de austríacos e italianos, nasceu em Curitiba no dia 14 de dezembro de 1905. Poeta por vocação, natural e equilibrado, Henke traz de Bocage a retórica e a sensibi­lidade. Construiu, durante a vida um castelo de versos tec­nicamente perfeitos. Não se encontra vulgaridade em sua obra, que se caracteriza pela filosofia, erudição e bondade: um de seus últimos livros é Prelúdios e Oferendas, no qual, fazendo uso do acróstico, técnica que desenvolveu com amor e com a intenção de ho­menagear os amigos, são encontráveis quase uma centena de sonetos do tipo. Curioso e pesquisador, foi um experimentalista, percorrendo, com sucesso, todos os gêneros que a poesia lhe pôde oferecer: é autor de Duas Coroas de Sonetos – composição po­ética clássica totalizando 15 sonetos, sendo que os quatorze versos que formam o primeiro soneto constituem subsequentemente o último de cada soneto seguinte. Um malabarismo!

Dono de ouvido absoluto (aquele que identifica e determina prontamente a nota mu­sical de qualquer som), foi violinista concertino e tratava a poesia igual à música, daí a mestria com que rimava e metrificava — técnica de artista, sentimento e melodia, coração e ouvidos: pura harmonia. Romântico dentro do gênero clássico, não há temor em dizer que sua formalística é a neoparsiana.

Descobriu a poesia através de Bocage e impressionado com a forma do vate portu­guês, costumava afirmar: “Bocage mostrou-me o mundo por meio dos caminhos da poesia. Acabei concluindo por mim mesmo que o verdadeiro poeta é aquele que es­creve espontaneamente em versos — música falada.” Amigo de Guilherme de Almeida, correspondiam-se amiúde. O poeta paulista acenou-lhe com seu apoio se, eventual­mente, se candidatasse à Academia Brasileira de Letras. Sua bibliografia mostra: Primeiras Rimas, Poemas da Terra e do Homem, Pedras do Meu Garimpo, Cântico das Horas, Cantigas do Entardecer.

Sucedeu a Rodrigo Júnior como Príncipe dos Poetas Paranaenses, bem como na Cadei­ra 28 da Academia Paranaense de Letras. Helena Kolody, princesa da poesia parana­ense, que o sucedeu na Academia, afirmou em seu elogio ao antecessor: “Sua poesia foi disciplinada e elaborada num padrão de dignidade e de perfeição técnica.” E João Manuel Simões: “… é poeta clássico pela forma, clássico pelo espírito.”

Aparentando estar cheio de saúde, faleceu repentinamente aos 80 anos de idade, no dia 23 de abril de 1986. Foi recebido na Academia em 13 de Abril de 1957. (VHJ)

Patrono: Francisco Carvalho de Oliveira (1863-1927)
Fundador: Rodrigo Júnior (João Baptista Carvalho de Oliveira) (1887-1964)
2.º Ocupante: Helena Kolody (1912-2004)
3.º Ocupante: Belmiro Valverde Jobim Castor (1942-2014)
4.º Ocupante: Nilson Monteiro (1951)