Evolução da província do Paraná

Motivação inicial: As lideranças forjam o futuro da sociedade

 

O período provincial do Paraná teve a duração de 36 anos, de 1853 a 1889, quando o Brasil se transformou de monarquia em república. Durante esse período, o Paraná teve 41 presidentes de província, o que demonstra a instabilidade política e administrativa que afetava a região na época.

O período provincial pode ser compreendido abrangendo dois períodos distintamente significativos:

  1. De 1853 até a Guerra do Paraguai (1864-1870)
  2. Daí até 1889

A presidência da província ocupada por políticos locais só se deu a partir do segundo período, o que demonstra certa autonomia do poder central. Contudo, a província era de pouca expressão, com população e economia de pequena monta, e suas administrações eram consideradas apenas como escolas de liderança, o que habilitava seus dirigentes a assumir cargos de maior relevo nacional.

 

A instalação da província

O primeiro presidente do Paraná foi o senador baiano Zacarias de Goes e Vasconcelos, que soube administrar a província com dinamismo e eficiência. Recebido com entusiasmo em Paranaguá e Curitiba, teve como primeira providência, a abertura de estradas que comportassem a passagem de carros de boi, até então inexistentes. A estrada da Graciosa era na ocasião a mais importante, por ligar o planalto curitibano ao litoral.

Outra providência de Zacarias foi a consolidação de Curitiba como capital da província, apesar da pretensão de Paranaguá e Guarapuava, por sua localização estratégica em relação ao litoral e os campos gerais. Zacarias criou ainda uma Companhia Policial, o Liceu Paranaense e várias escolas primárias.

 

Outros principais presidentes

FRANCISCO LIBERATO DE MATOS (1857/59): representante do partido liberal, incentivou a imigração europeia para as colônias de Assungui e Superagui. Construiu o trapiche do porto de Antonina, e criou uma linha de navegação entre Antonina e Paranaguá.

ANDRÉ DE PAULA FLEURY (1864/66): desenvolveu água potável para a população curitibana; explorou a ligação fluvial entre o Paraná e Mato Grosso; propôs a criação de colônias militares em Chapecó e Chopim

FREDERICO DE ARAUJO ABRANCHES (1873/75): político do Partido Conservador, incentivou a ocupação da região metropolitana de Curitiba por imigrantes. A colônia Abranches ainda conserva a sua herança.

ADOLFO LAMENHA LINS (1875/77): político liberal, realizou uma das mais profícuas administrações na província; criou escolas, iniciou a construção de uma nova igreja catedral, fundou inúmeras colônias de imigrantes, como Tomás Coelho, Orleans, Santa Cândida, Nova Itália e Lamenha.

MANUEL PINTO DE SOUZA DANTAS (1879/80): recebeu a visita de D.Pedro II e Da. Tereza Cristina em 1880, quando do início da construção da estrada de ferro Curitiba- Paranaguá.

JOÃO JOSÉ PEDROSA (1880/81): concretizou a ligação por estrada de Curitiba a Castro; iniciou a construção do Teatro São Teodoro, depois chamado de Guaíra; ampliou a iluminação pública de Curitiba; deu incentivos à agricultura.

JESUÍNO MARCONDES DE OLIVEIRA E SÁ (1878/89), o último presidente pela proclamação da república. Foi presidente da província efetivo e interino, tendo se esforçado para regularizar as finanças do estado; foi também ministro da agricultura.

 

O cultivo da erva-mate

Encontrada de forma nativa nas florestas e savanas do sul do Brasil, a erva-mate, antigamente denominada congonha, era bebida largamente utilizada pelos indígenas, de forma fria ou quente. Chamada pelos jesuítas de erva-do-diabo, foi proibida pelos padres, pelos seus efeitos alucinógenos.

Não obstante, em 1772, o governo português, atendendo ao pedido do Ouvidor Pardinho, autorizou as populações do sul do Brasil a plantar e comercializar a espécie, transportando-a até Sacramento e Buenos Aires. Contudo, só em 1813, com a proibição do governo paraguaio de exportar a erva, pôde a região do Paraná se beneficiar, passando a exportá-la em grande quantidade.

Foi o argentino Francisco de Alzagaray que, chegando a Paranaguá em 1820, ensinou os colonos a plantar, acondicionar e exportar a erva-mate que, durante o século XIX, foi o produto industrial mais comercializado e até 1920 foi o carro-chefe de sustentação da economia paranaense. O plantio e a produção industrial era patrocinada pela mão escrava, e, após a abolição da escravatura, por levas de imigrantes recém aportados ao Brasil.

FRANCISCO DE CAMARGO PINTO, engenheiro curitibano, estudou no Arsenal da Marinha, tendo se aperfeiçoado na Alemanha e Inglaterra. Em fins do século XIX foi o grande transformador da tecnologia aplicada à produção do mate, que prevalece até os dias de hoje, com pequenas alterações.

 

Material escrito por Antônio Celso Mendes, da cadeira 34, baseado no livro de Ruy Christovam Wachowicz.