A escravidão de negros no Brasil

Motivação inicial: As cotas raciais incentivam a integração?

 

A epopeia dos negros escravos no Brasil acompanhou a evolução do problema em nível internacional e se perde na escuridão da história humana, justificado pelas diferenças naturais e suas conveniências econômicas.

No Brasil, o desenvolvimento da economia açucareira nos séculos XVI e XVII, ocasionou a vinda maciça de escravos africanos, motivada pelo fracasso em domesticar os indígenas no trabalho. Segundo os registros oficiais, entraram no Brasil os seguintes contingentes de escravos:

Século XVI………..100.000

Século XVII……….600.000

Século XVIII….…1.300.000

Século XIX….…..1.600.000, que se fixaram como mão de obra no nordeste e em Minas Gerais (sec XVIII). Na continuidade, a miscigenação de brancos e negros tem feito surgir grande contingente de pessoas morenas, constituindo a grande maioria da população brasileira.

 

No Paraná

Com o início da mineração no século XVII, o braço escravo era sobretudo de indígenas, mesmo porque os portugueses não dispunham de recursos suficientes para adquirir grande leva de escravos negros. Já no final desse século, o incremento de escravos africanos foi bem grande, em função do aumento da lavra mineradora.

O século seguinte foi de decadência da produção, e os escravos que não foram transferidos para Minas Gerais, acabaram sendo absorvidos na lavoura e na pecuária. Isto acabou transformando os campos gerais em fortes fornecedores de gado aos tropeiros, pelos caminhos de Viamão e Sorocaba.

Em 1872, quando se realizou o primeiro recenseamento geral do Império, a população paranaense era de 126.722 habitantes, sendo:

  • Brancos: 116.152
  • Negros e mulatos: 10.560

 

O episódio Cormonant

No início do século XIX surgiram as primeiras reações contra o tráfico negreiro da África para o Brasil. Assim, em 1826 e 1831 foram expedidas as primeiras leis proibindo o comércio de seres humanos. Não obstante, em Paranaguá, por motivos desconhecidos, intensificou-se, a partir dessas datas, o comércio negreiro.

Em 1845, a Inglaterra aprovou o Bill Aberdeen, que autorizava a perseguição e a captura de navios que estivessem contrabandeando escravos, em qualquer lugar do globo. Foi assim que, em Paranaguá, em 1850, o cruzador britânico Cormorant achou-se no direito de capturar navios brasileiros realizando o tráfico, o que levou um dos comandantes a afundar sua embarcação, sacrificando vidas humanas, em represália.

Na ocasião, a fortaleza da Ilha do Mel abriu fogo contra a embarcação inglesa, tendo esta fugido do alcance da artilharia local. O episódio teve repercussão internacional, obrigando o governo brasileiro a editar a lei Eusébio de Queiroz, em 1850, impondo severas punições aos traficantes.

Não obstante, nem isso foi suficiente para impedir o tráfico, que continuava sendo feito pelo rio Superagui, com entrada por Guaraqueçaba.

 

A campanha abolicionista

Intensificou-se a partir do término da Guerra do Paraguai, passando a ter o apoio intensivo das autoridades e do povo do Paraná, que criaram instituições destinadas a defender o fim da escravidão, tanto em Paranaguá como em Curitiba, que passaram a comprar escravos a fim de libertá-los. A lei da abolição da escravatura no Brasil foi assinada pela Princesa Izabel, a 13 de maio de 1888.

 

A substituição do escravo

A partir do último quartel do século XIX, deu-se progressivamente, pelo incentivo à entrada de imigrantes europeus, que davam preferência a se localizar mais na região sul, exercendo forte influência de suas culturas. Ora, isto fez com que o biótipo dos sulistas se tornasse mais branco do que aquele das regiões de Minas e do nordeste.

Tema para debate: A criação de cotas raciais para o ingresso em concursos públicos é uma medida democrática?

 

Material escrito por Antônio Celso Mendes, da cadeira 34, baseado no livro de Ruy Christovam Wachowicz.