O economista e engenheiro Ário Taborda Dergint de Rawicz é curitibano, nascido no início da década de 1930. Foi professor de Economia da UFPR, diretor financeiro da Telepar e exerceu funções de envergadura na administração pública a partir dos anos 60. Hoje aposentado, é reconhecido como criterioso colecionador de artes e antiguidades. Foi presidente do Centro de Letras do Paraná e, desde 1998, é membro da Academia Paranaense de Letras.

O que as novas gerações não sabem é que Ário Dergint possui uma volumosa e importante obra sobre planejamento econômico e desenvolvimento do estado, iniciada ainda no primeiro governo Ney Braga (1961-1965).

Dez anos antes, Bento Munhoz da Rocha havia levado à administração estadual uma primeira visão de futuro, criando o Plano de Desenvolvimento Econômico do Paraná – Pladep.

Ney tomou a tarefa para si, criando empresas e órgãos que se revelariam essenciais. Assim nasceu a Codepar – Companhia de Desenvolvimento do Paraná.

A precariedade do sistema paranaense de transportes da época era patente e precisava ser atacada com rigor. Ário Dergint, já em julho de 1962 publica o trabalho “Os Transportes na Economia”, em que analisa a importância estratégica do setor de transportes para o crescimento econômico. Passados mais de 50 anos, com a economia paranaense ocupando o quinto lugar no ranking nacional, deve-se dar o devido valor àquela visão desenvolvimentista, responsável por possibilitar o escoamento e a comercialização da produção agroindustrial. Da mesma época é o volume “Inflação na Economia Paranaense”, tema que já castigava a população brasileira.

A partir de 1965, Ário passa a publicar uma série de trabalhos por ele coordenados, no âmbito do Codesul – Conselho de Desenvolvimento do Extremo Sul, como: “Formação de Capital na Sociedade Anônima e de Economia Mista”, “Renda e População do Paraná”, “Diagnose do Comércio Paranaense” e “Ingressos e Gastos Familiares em Curitiba”. Além do alentado estudo “Setor Secundário na Região Sul”, em três volumes.

Com o governo Paulo Pimentel, passa a exercer a assessoria econômica da Coplan – Comissão de Planejamento de Edificações da Secretaria de Viação e Obras Públicas. Os estudos publicados no período vão de análises e projeções da demografia paranaense a regionalização do Estado, os aspectos físicos e demográficos dos nossos municípios e dois que demonstram a visão de longo alcance do governador: “Elementos para a Determinação de Prioridades de Pavimentação” – Trechos Três Pinheiros-Pato Branco; Ponta Grossa-Sengés; Maringá-Umuarama e Ventania-Ibaiti – hoje, todas são rodovias a exercer papel preponderante na economia do Estado – e “Razões que Justificam a Construção de um Oleoduto Interligando Paranaguá – Curitiba – Ponta Grossa” – mais tarde, com alterações e em função da Refinaria de Araucária, também construído.

Já nos anos 70, a Secretaria do Planejamento, sob o comando de Belmiro Castor, torna-se um laboratório para o desenvolvimento do Paraná. Ário Dergint coordena então a equipe responsável pelo Proei – Projeto Técnico-Econômico dos Eixos Industriais do Paraná, em convênio com o Ipardes – Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico. Um trabalho de peso, desenvolvido a partir de rigoroso embasamento.

Na área cultural, Ário publicou artigos sobre dois pintores referenciais das nossas artes plásticas: Theodoro de Bona e Arthur Nísio.

Os trabalhos técnicos do economista foram publicados em brochura, com exemplares doados à biblioteca da Academia Paranaense de Letras e estão disponíveis para consulta, no edifício do Sesc da Esquina: Rua Visconde do Rio Branco 969 – 3.º andar.

  • Autor: Acadêmico Ernani Buchmann
  • Foto: Arquivo