As constatações encontradas no mundo das micropartículas, no correr do século XX, por eminentes pesquisadores como Max Planck, Einstein, Erwin Schrödinger e Werner Heisenberg, entre outros, obrigam-nos a abandonar os padrões determinísticos das ciências físicas vigorantes até então, oriundas de Isaac Newton e Descartes, pois, como demonstram agora os cientistas, o mundo dos átomos é completamente diferente das características mecânicas que aparentemente envolvem o mundo macro, tendo em vista que naquele mundo as reações são inteiramente diferentes. O milagre é como o próprio mundo macro pôde se organizar, tendo sua mesma origem nos átomos ondulatórios. Aqui, é a presença em nós de um Espírito que nos impõe um mundo organizado, mas virtual, consentâneo com Sua Natureza Transcendente.

Então vejamos:

Efeito Hamlet (ser ou não-ser): as constantes físicas que dirigem a sintonia fina de formação do Universo não foram determinadas pelo ação do acaso, que demandam uma sucessão de ocorrências além das possibilidades naturais. Tais são a velocidade da luz, a constante de Planck na teoria quântica e a intensidade da força eletromagnética, que se fossem diferentes, não teriam permitido o surgimento de nossas próprias existências.

Princípio de incerteza: conforme verificou Heisenberg, a captura de uma partícula é incerta, pela sua constante mudança de posição e cuja velocidade se altera constantemente. Assim, torna-se quase impossível captá-la ao mesmo tempo em posição e velocidade.

Dualidade onda/partícula: um raio de luz lançado através de uma fresta aparece numa placa fotoelétrica de forma contínua, indicando sua origem corpuscular, como queria Einstein. Porém, lançado em duas frestas paralelas, como investigou Maxwell, a luz aparecerá em sucessivas alternâncias de claro/escuro, demonstrando a sua natureza ondular.

A influência da consciência na percepção da experiência: a percepção de fenômenos microscópicos nas pequenas partículas não se dá sem a influência do observador, nos indicando que a percepção das coisas pela nossa mente é o princípio criador da realidade.

Equilíbrio matéria/antimatéria: é de se imaginar que da oposição entre partículas e antipartículas resultasse a anulação de ambas. No entanto, ao se colidirem, se transformam em raios gama, dando origem a novas partículas.

Reações não-locais: os átomos desconhecem as barreiras do espaço e tempo, mantendo interferências a distância, conforme demonstrou Alain Aspect.

Campos eletromagnéticos: os efeitos das partículas estão presentes também em seus campos de influência, mesmo elas permanecendo em ambientes afastados.

A matéria mutante: o aparecimento da água a partir de dois gases, as transformações químicas que criam novas substâncias a partir de colapsos energéticos, são outros tantos aparentes milagres ínsitos no coração das partículas, frutos de sua natureza quântica.  Em acréscimo, há ainda o mistério envolvendo a ocorrência desses colapsos em nossa consciência, que as ciências matemáticas não têm como prever, restando indeterminadas as maneiras como eles ocorrem, o que novamente nos sugere um Universo apenas possível em sua ocorrência, como se um Atrator Divino tivesse que provocá-los, a cada instante.

Dessa forma, este condicionamento das micropartículas à ação de nossa consciência comprova, em termos matemáticos, as incertezas dos colapsos da função de onda, ou os saltos quânticos repentinos que causam as realidades surgentes, caracterizando-se, portanto, como consciência quântica, ou princípio alternativo na origem de tudo que percebemos, pois, ao fechar nossos olhos, o mundo externo desaparece, restando em nosso interior apenas a consciência do sentir, imerso numa atmosfera de silêncio, oscilando entre as trevas e a luz.

  • Autor: acadêmico Antonio Celso Mendes
  • Foto: arquivo APL
  • Imagem: Geralt por Pixabay