*Em homenagem a Fábio Jugmann 

O virtual é o que existe na aparência, sem deixar de ser concreto. Essa é uma característica fundamental da Natureza e nos acompanha a cada passo, incentivada pelos avanços da tecnologia pós-moderna e nos assusta pelas conquistas alcançadas, facultando à espécie humana atingir coisas realmente inimagináveis, desde a comunicação a longas distâncias até as imagens virtuais de pessoas, permitindo um linguajar em viva voz.

Ora, isso nos comprova que a essência da realidade não é apenas material, mas se espraia em contornos simbólicos cuja natureza é ser mágica como um milagre etéreo em manifestação. Na continuidade, o aspecto mais importante de nosso viver se encontra em nossa capacidade de conhecer, um processo virtual que nosso cérebro, dotado de consciência, nos permite constatar. Em complemento, nosso espírito é dotado também, além da racionalidade, de caraterísticas criativas, sentimentais e libertárias, nos tornando responsáveis, pela autonomia concedida à prática de nossos atos.

Dessa forma, tudo no Universo é virtual em função da espiritualidade que o sustenta. A sensação de realidade que a matéria nos oferece é ilusória, como demonstram todas as nossas percepções imediatas, sendo apenas resultados provisórios de nossos cinco sentidos que, não obstante, não conseguem atingir o todo da realidade, consistindo apenas no conhecer de alguns de seus aspectos. Ora, tudo isso confirma as virtualidades de nossa experiência vital, inseridas que estão no todo da estrutura etérea de um Universo que não apresenta em si mesmo as razões de sua existência. Portanto, adeus à autonomia da matéria, que só existe a partir de nosso conhecimento, sendo constituída, de fato, apenas pelas vibrações energéticas das ondículas. 

Como consequência, o surgimento constante do virtual no meio do permanente não é circunstância natural, só podendo ocorrer pela precedência de Algo que o sustenta, superando a ocasionalidade ondulatória da matéria, que é apenas o resultado das condições prévias de uma holografia provocada.  Aqui, o colapso virtual pode ser apenas possível, causando-nos a impressão da aleatoriedade para tudo que acontece.

Tal ocorre com o acontecimento da morte, que possui tanto uma perspectiva natural quanto uma perspectiva espiritual. De acordo com esta última, a morte é um estado de término aparente, que o sopro divino da vida não permite interromper, garantindo assim a nossa imortalidade no mundo virtual da Transcendência.

Ora, essa perenidade é assegurada pelo Espírito que permanece ínsito em nossa alma, concedendo-nos a concreção de continuarmos vivos e nos permitindo, dessa forma, a convivência na atmosfera das virtualidades potenciais. Por tudo isso, aceitar nossa espiritualidade se torna um ato de bom senso, cabendo-nos abandonar definitivamente a materialidade sensível, com o propósito de atingir um momento de enlevo que é perene em sua própria duração. Dessa forma, nossa vida assume o sentido de essencialidade, podendo ser considerada um estágio de conscientização da própria fluidez da realidade divina, que sendo transcendente, mantém o milagre do virtual como permanente.  

  • Autor: acadêmico Antonio Celso Mendes
  • Foto: arquivo APL
  • Imagem: Tumisu por Pixabay