O cosmólogo Paul Davies em entrevista, declarou: “Por que passamos a existir há 13,7 bilhões de anos num big bang? Por que as leis do eletromagnetismo ou da gravidade são como são? Por que essas leis? O que estamos fazendo aqui? E, em particular, como conseguimos entender o mundo? Por que estamos equipados com um intelecto capaz de destrinçar e entender toda essa maravilhosa ordem cósmica? É realmente espantoso.”

Ora, através de potentes telescópios, os astrônomos têm podido testemunhar o nascimento de novas estrelas e o surgimento de outros mundos, que através de processos cósmicos de esfriamento, se transformam em planetas, o que acontece sem parar nos confins do universo emergente, um começar e terminar que consiste num movimento cíclico, aparentemente sem fim (?). Dessa forma, na perspectiva da ciência, as coisas parecem estar bem explicadas, restando a todos nós apenas a perplexidade inerente ao tamanho e a duração temporal de tudo que ocorre.

Não obstante, uma ciência sem preconceitos, não desconhece as condições peculiares que orientaram a criação, a existência de uma sintonia fina a orientar os acontecimentos que tornaram possível a transformação dos gases primitivos em planetas sólidos, impedindo assim a sua regressão ao nada. São tantas as condições precárias de transformação, que muitos cientistas são levados a reconhecer que, não fosse um propósito inteligente, não estaríamos aqui para testemunhar tamanho espetáculo.

Em acréscimo, a descoberta da física quântica inaugurou uma nova dimensão no mundo da eletrônica, com tais possibilidades que têm deixado os cientistas desnorteados, pela relação que ela estabelece entre a pesquisa e o observador, indicando não haver distinção entre conhecimento e efeitos materiais. Tudo isso só se torna possível pela presença em nós de um espírito, a capacidade consciente que nos habilita, pelas condições de seu apriorismo, a indagar pelas origens de tudo, criando um mundo virtual de ideias e abstrações.

O mesmo ocorre com as pesquisas atinentes à ocorrência da vida na Terra, cujas condições para o seu surgimento nos parecem quase milagrosas, pelos detalhes cosmológicos necessários e implicados em sua sustentação, em termos de distâncias e harmonização de condições, que pela alteração de seus mínimos detalhes teriam frustrado seu  aparecimento sobre o planeta. A estruturação das proteínas do DNA é outro detalhe que tem deixado maravilhados os cientistas, pela engenhosidade de sua estrutura, não produto do acaso.

Como o cosmólogo, seria conveniente perguntar como processos ocasionais de energia puderam dar origem ao surgimento de uma vida consciente, dotada de um espírito que em nós é fogo primordial de criatividade, racionalidade, sentimento e liberdade, tudo isso imerso num corpo físico de extrema debilidade. Por ser transcendente, sua origem só pode ser divina, devendo ser tratado como presença virtual a orientar o futuro do Universo, que não haverá de ser frustrante.

Dessa forma, começamos a imaginar como o ser humano tem uma abertura natural à fé, passando a considerar transcendentes os fenômenos que o afetam, uma índole mística de seu ser espiritualizado, que passa a conceber tudo dentro de uma coerência estranha aos fenômenos naturais, incapazes que são de dar conta de seus próprios motivos. Portanto, como consequência, o ser humano, em seu próprio ser, não pode ignorar esta condição de algo que o ultrapassa.

  • Autor: Acadêmico Antonio Celso Mendes
  • Foto: Arquivo
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