O Instituto Histórico e Geográfico do Paraná nasceu do modelo do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil, fundado em outubro de 1838, sob o lema atribuído ao cônego Januário Barbosa, secretário da Instituição, de que “não devemos deixar mais ao gênio especulador do estrangeiro a tarefa de escrever a nossa história”. A fundação do Instituto do Paraná foi obra de homenagem aos quatro séculos da descoberta de nosso país. Em maio de 1900 o jovem poeta e historiador Romário Martins publicou no jornal “A Republica” uma longa exortação sobre a história paranaense, convocando intelectuais e figuras da vida política do Estado, para comparecerem à biblioteca do Clube Curitibano para a fundação da entidade estadual. Só vieram seis, mesmo assim a assembleia foi instalada, sob a presidência de Sebastião Paraná e Ermelino de Leão secretário. Na ocasião a Instituição foi fundada e constituída a comissão encarregada dos estatutos, além da composição de uma diretoria provisória.

Ocorre porém, que desde sua fundação e nos longos anos que se seguiram o Instituto paranaense enfrentou dificuldades para vingar. A princípio ainda houve um primeiro ano com algumas reuniões em que se chegou à escolha do seu primeiro presidente o general Bernardino Bormann e à escolha de sócios beneméritos e auxiliares.

Depois disso as reuniões foram espaçadas em anos, como a seguinte, de 1906, na Biblioteca Pública, e a de 1911, para simples renovação da diretoria. Porém, quando da condução de Marins Camargo, em 1916, a solenidade de posse foi no Clube Curitibano, ocasião em que foi aprovada a publicação periódica do Boletim e Francisco Negrão, secundado por Romário Martins, propôs a criação do Parque Nacional do Iguaçu, como contribuição às comemorações da independência do Brasil.

Depois disso, o Instituto voltou a recair na sua habitual letargia, da qual só se refez em 1946, em reunião na casa de Romário Martins, ocasião em que, entre outras iniciativas habituais, foi concedido a Romário o título de Presidente Perpétuo da entidade, que então passou a incorporar a Sociedade dos Geógrafos Brasileiros, com sua inclusão na sigla do IHGP.

Porém, com a morte de Romário Martins em 1948, assumiu a presidência Aluizio França que passou a promover a reestruturação do Instituto, que seguiu se reunindo habitualmente no Círculo de Estudos Bandeirantes.

Aluizio França recebeu o título especial de Consolidador do IHGP, por seu empenho em favor da entidade e pela conquista de sua sede, o que iria ocorrer como parte das comemorações da emancipação do Paraná. Ao se aproximar a data centenária da criação da Província, a diretoria passou a envidar esforços junto ao governo no sentido de fazer da instalação da sede própria, um dos símbolos mais significativos da identidade e da maturidade alcançada pela nova província. E a esse propósito, merece destaque a contribuição pessoal do associado Loureiro Fernandes que, servindo-se da condição de vereador da cidade, logrou fazer o município doar o terreno atual e, junto aos Bancos os recursos para a edificação de sua sede atual, um belo prédio de dois pavimentos e 600,00 m², localizado no centro da cidade.

Obra iniciada em 1952 e inaugurada em 1959. Uma das maiores conquistas da Instituição e dentre suas congêneres.

Contando então com nova sede o Instituto pode manter a regularidade de suas atividades e sessões, na sequência das presidências de Artur Franco, Carlos Stellfeld, Newton Carneiro, Luiz Carlos Tourinho (numa gestão de 27 anos), Lauro Grein, Ernani Straube e, hoje, Paulo Hapner.

Depois disso, porém, passado anos, em 1938 foi instituído o curso de História no Estado, com a criação da Faculdade de Filosofia e Letras que passou a diplomar cada vez maior número de bacharéis em História e Geografia, e, com isso, a atrair nossas melhores vocações para o ensino e as Universidades, além de absorver soma maior de recursos oficiais do governo.

As salas do Instituto foram a pouco sendo esvaziadas de público, cada vez mais escasso e reduzido a simples curiosos da nossa história ou ociosos, à procura de convivência social. Passaram a faltar autênticos historiadores, sob o estimulo da pesquisa e da produção histórica.

Hoje o Instituto já não conta, como antes, com espaço exclusivo na Gazeta do Povo para a divulgação dos episódios da nossa história, nem promove caravanas de visita e confraternização com as suas coirmãs do interior.

Também a instituição passou a se sentir cada vez mais carente de recursos materiais, mesmo para as despesas menores de manutenção. As verbas vão para os órgão oficiais de ensino e divulgação. O Instituto foi então oferecido à Universidade Federal, para figurar como um dos seus institutos complementares. Era a esperança de lhe dar nova vida. A proposta chegou a ser aprovada, mas acabou vencida, à conta da oposição de alguns dos seus consócios; e a questão foi adiada.

Porém, recentemente, em sessão de dezembro último, seu vice Ernani Straube deu a conhecer um longo arrazoado das dificuldades que hoje ameaçam a sobrevivência da própria Instituição, para, afinal, sugerir a própria venda do prédio e o investimento dos recursos em outro prédio de menor porte e espaço menor, mas que tenha condições de servir aos objetivos culturais da entidade e de atrair seu público.

Infelizmente este é o retrato de um tempo, em que para Vargas Llosa, o homem está mais interessado em fazer da vida um espetáculo de prazer e entretenimento, de que cultivar ciência ou arte.

Porém, ainda se diz que o Paraná não se completou, nem no plano histórico nem no sociológico mas, na verdade é que tem um patrimônio histórico e social que é rico e do qual não podemos descurar nem reduzir seu papel. Ora, a História não é só um instrumento de força social e de integração de um povo, ela legitima sua nacionalidade. Somos guardiães desse passado e responsáveis pela transmissão do seu legado às gerações futuras. O encargo é de todos, mas, mais ainda, daqueles que, como os hebreus da História antiga, assumiram a responsabilidade de carregar e proteger nosso tabernáculo sagrado, para transmiti-lo às gerações que vêm depois de nós.

Dominus custodiat nos Historia!…

  • Autor: Acadêmico Rui Cavallin Pinto
  • Foto: Arquivo