“Pedi, e vos será dado; procurai, e encontrareis; batei, e a porta se abrirá para vós (Mt 7: 7,11)”. Cristo, em diversas passagens do Evangelho, reiterou que os resultados obtidos em seus milagres dependiam essencialmente da intensidade da fé de quem os solicitavam, dando-nos uma indicação de que, na verdade, devemos orar com extrema humildade e confiança nas graças que desejamos alcançar, sem o que não haveria nada a resultar. A fé seria, então, como uma mão dupla em relação, dois polos de energia carismática, como é comum nos saltos quânticos de comunicação a distância, entre os átomos.

Da mesma forma, o Papa Francisco, em suas inumeráveis homilias, parafraseando Pascal em seus comentários sobre a fragilidade da existência humana, tem reiterado a importância da oração como forma de obtenção das graças que necessitamos, para manter nossa vida em condições de amorosa aceitação. Orar sempre, em qualquer lugar, a toda hora. Assim, como nos garantem os psicólogos, não há que ter dúvidas quanto a efetividade da fé, um bálsamo etéreo a alimentar nossas dificuldades e esperanças, um eflúvio eficiente a compensar nossas fraquezas biológicas.

Se tudo na realidade é de natureza quântica, por se situar na dimensão virtual dos possíveis, a oração representa o clímax de um momento transcendente de apelos para todos aqueles que a praticam, ao colocar suas almas na atmosfera sublime das expectativas de transformação das deficiências que a Natureza lhes impõe. Assim, orar é colocar a alma em contato com o etéreo, algo que se situa além das aparências. Constitui o mundo onírico das esperanças, na constatação de que a vida não se resume apenas na sensibilidade do corpo, mas que possui também outras dimensões, como as expectativas orgânicas da vitalidade física, a aura simbólica de sua transcendência, sua consciência quântica, a dimensão sutil de seus valores, a convivência frequente com o sublime, etc.

O testemunho do sagrado está entre nós com a revelação que nos foi trazida pela tradição recorrente de almas iluminadas, consolidada entre os místicos, bem como as graças constantes que nos são concedidas pela interseção da Imaculada Virgem Maria e dos inúmeros santos que vivificam a nossa fé. É uma miríade de almas abençoadas a nos indicar que nossa realidade plena não é deste mundo. Como uma madrugada, no enlevo do despertar e com a mente completamente voltada para a presença divina, proferir uma oração poética é unir arte e oração:

 

Eu tenho um amigo

Que está sempre comigo

E na hora do perigo

Me acolhe em seu abrigo

 

Sua presença é virtual

Reluzente e muito real

Pois que me livra de todo mal

Com sua graça divinal

 

Este amigo é Jesus

Que morreu pregado na cruz

Para salvar a humanidade

Da tragédia de toda maldade

 

O salto místico da oração se dará, portanto, pelo contato transformador de nossas intenções com as realidades divinas presentes em toda a ordem natural. Ora, isso se dá de forma espontânea, pelo alcance do momento quântico que conseguimos alcançar, uma realidade transcendente presente em toda a ordem natural, que é cheia de significação, por sermos dotados de um Espírito que alimenta todas as nossas experiências, nos capacitando a reconhecer a presença de Sua graça.

  • Autor: acadêmico Antonio Celso Mendes
  • Foto: arquivo APL
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