Em suas asas, Babitonga abraça, na baía, águas calmas, e em sua terra quente, entre outras cidades, Joinville e seu heterogêneo caldo cultural, uma mistura de sotaque além-fronteiras, expresso de inúmeras formas, com indígena. Uma cidade que parece respirar arte, com mostras do pedaço brasileiro do Ballet Bolshoi e o Encontro Catarinense de Escritores, do qual participei, com alegria, da sétima edição; lá encontrei alguns amigos e fiz muitos outros.

A urbe ainda conserva chumaços verdes em meio à sua arquitetura de cidade mais industrializada e com tons explicitamente europeus da bela e Santa Catarina. A diversidade também foi a tônica do Encontro no Teatro Juarez Machado. Literatura era a chancela. Mas, os palestrantes deram tom e som diferentes ao tema. Assim, depoimentos oscilaram desde a emoção, o riso, a provocação, a cumplicidade, à exposição de números catastróficos da educação, cultura e editoração no país. E, como recheio, houve música, declamações, trocas de livros e experiências, apresentações da cara do Brasil. Vivo. Amálgama de gente reunida ao redor da mesma fogueira. Cardápio diversificado no mesmo pouso!

Houve senões, como em tudo na vida, aliás. O teatro e suas belas acomodações e a salada colorida de palestras em torno de um tema comum tratado de forma distinta, além do esforço dos organizadores, mereciam – merecem – um público maior.

Mas, esta ladainha é antiga no País das Bruzundangas e fica ainda mais azeda quando a tônica, de forma geral, é se menosprezar esta senhora tão sublime, a Cultura.

Tem nada não. Para quem viaja ao encontro do sol, é sempre madrugada, poetizou Helena Kolody. E é para isto que se faz, com muito esforço, o Encontro de Escritores Catarinenses: encontrar a luz matinal, fresca, divina, excitante, a brilhar entre as asas da Babitonga.

  • Autor: Acadêmico Nilson Monteiro
  • Foto: Arquivo
  • Imagem: Emerfb121 por Pixabay