Há alguns anos tive uma febre dos demônios, com pesadelo e um mal-estar de 900 suores. Não esqueci aquele sonho, porque na mesma noite o poeta Antonio Thadeu Wojciechowski estava matando Wilson Martins sem que eu pudesse testemunhar. A febre rendeu um conto, selecionado para a antologia 100 Contistas Paranaenses, publicada pela Biblioteca Pública do Paraná.
Thadeu se assina Poeta, mas poderia assinar Thadeu Compositor, Thadeu Filósofo, Thadeu Agitador, Thadeu Professor. Thadeu De Tudo Um Muito seria o nome artístico mais apropriado para este homem das mil letras.
Dia desses fui apresentado ao belo Poemas de Amor Ainda, edição de capa dura, projeto gráfico gestado pelo talento de Pryscila Vieira e conteúdo de encher a alma.
Thadeu é um mentiroso, como soem ser os poetas. Esconde sob o epíteto do amor narrativas biográficas, homenagens, brincadeiras. E poemas de amor, ora se não.
Sua intimidade com as palavras, expressas até nos títulos de alguns de seus livros (Peróla aos Poukos, O Amor é Lino), destaca-se aqui: “quando já somos, cromossomos; um ano amais, outro odiais”. São muitos os achados, como o poema Faixas de Gaze. Jogos de palavras, em que redondilhas poderiam rimar com trocadilhos.
Thadeu envolve, verte e subverte. Trincha e destrincha. Mata o leitor de curiosidade em descobrir o que virá na página seguinte. E as surpresas se sucedem até o capítulo final (Beijo de língua – Outros por mim), série de poemas traduzidos e adaptados, ao estilo dos seus inspiradores, de Shakeaspeare a Rimbaud, de Yeats a cummings. Um deleite!
Ivan Justen Santana fecha o livro com um posfácio-resumo em que diz ninguém sair incólume da leitura de Poemas de Amor Ainda. Complemento: ninguém sai incólume depois de conhecer Antonio Thadeu Wojciechowski.
Não existem vulcões na Polônia, decerto porque nasceu no Brasil o único vulcão polaco deste universo.

  • Autor: Acadêmico Ernani Buchmann
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