Nascido no Rio de Janeiro em 1803. Veio para Curitiba aos 50 anos de idade, trazendo da cidade fluminense de Nite­rói, próximo à estação das Barcas, a sua oficina tipográfica. Atendia assim ao convite do então presidente Zacharias de Góes e Vasconcelos, um dos mentores da criação da Pro­víncia do Paraná e seu primeiro presidente.

Em Curitiba, instalou a sua Tipografia Paranaense na Rua das Flores, hoje Rua XV. A ideia prosperou para novo projeto: fazer circular o primeiro jornal paranaense. Contratado pelo governo, destinava-se inicialmente a publicar os atos oficiais da administração pública. Nasceu então o Dezenove de Dezembro, quase uma aventura, e, sem dúvida, uma temeridade para a época, pois a população a cujas necessidades de inteligên­cia se propunha a servir, era na maior parte iletrada e desanimadoramente escassa, acomodando-se folgada em cerca de 300 casas… Seu primeiro número, datado de 1.° de abril de 1954, peça rara, encontra-se no Museu Paranaense. No começo, o jornal saía somente aos sábados, mesmo subvencionado pelo governo. O primeiro tropeço do órgão, porém, deu-se na administração do presidente José Francisco Cardoso, ao qual Cândido Lopes, curiosamente, fazia oposição. O jornalista foi demitido do cargo que ocupava e viu cortada a subvenção.

Depois de uma trajetória de altos e baixos, inclusive com sucessivas interrupções, o jornal voltou a circular na condição de diário, em meados de 1884. Cândido Lopes, todavia, não chegou a viver esse novo tempo, pois faleceu em 27 de dezembro de 1871. Seu filho, Jesu­íno Lopes, é quem daria prosseguimento à empreitada. Embora tenha prestado inestimá­veis serviços ao Paraná, o Dezenove de Dezembro não resistiu às dificuldades financeiras e parou de circular alguns meses após a Proclamação da República. Deixou de existir, mas sua morte não foi melancólica, foi heroica, e seu nome ficou para sempre gravado como parte integrante, não só da imprensa como da história do Paraná. Cândido Lopes escreveu apenas uma obra, Biografia, ou Breve Notícia Sobre a Vida do Muito Humanitário Médico Dr. José Cândido da Silva Muricy, em 80 páginas, editado no Rio em 1879, justamente no ano do falecimento do seu biografado.

Procurador interino da Tesouraria Provincial, juiz de paz, delegado de polícia e verea­dor filiado ao Partido Liberal, ao fundar o Dezenove de Dezembro deixaria em suas pá­ginas um manancial de informações que serviriam de fonte aos pesquisadores, tanto da área histórica como da literária e política. (TV)

Fundador: Sebastião Paraná de Sá Sotto Maior (1864-1938)
1.º Ocupante: Francisco Ribeiro de Azevedo Macedo (1872-1955)
2.º Ocupante: Osvaldo Pilotto (1901-1993)
3.º Ocupante: Luiz Romaguera Netto (1935-2004)
4.º Ocupante: Ernani Buchmann (1948)