Ernani Corrêa Reichmann nasceu em Passo Fundo em 1920, estudou Direito em Curitiba, concluindo o curso em 1945. Foi também economista, filósofo, ensaísta, professor universitário e homem público, no Rio Grande do Sul e no Paraná. Depois de formado, viveu alguns anos em Porto Alegre, sendo candidato a deputado estadual pelo PRP em 1950. Segundo-suplente, tomou posse e exerceu o mandato por 20 dias, já no fim da legislatura, em outubro de 1954. Nessa época já havia fixado residência em Curitiba.
De 1953 a 1981 exerceu o magistério no departamento de Ciências Econômicas da UFPR; nunca aceitou lecionar Filosofia. Foi secretário de Governo na primeira administração de Ney Braga (1961-1965), além de atuar na Secretaria da Fazenda do Paraná e no Codesul – Conselho de Desenvolvimento do Extremo Sul. Sua maior contribuição foi à cultura brasileira, pela vasta produção literária e as suas traduções do filósofo dinamarquês Søren Kierkegaard. Sem jamais ter tido um editor, publicou suas obras de forma artesanal: dizia que ninguém queria publicá-lo pelo fato de não ter leitores. O estudioso de sua obra Gilvani Alves de Araújo afirma que os seus escritos chegam a cerca de 90 obras.
Reichmann e a esposa, Annie Tempel, passaram dez meses do ano de 1959 em Copenhague, na Dinamarca, “peregrinando pelos caminhos e casas em que habitou o pensador dinamarquês em busca de vestígios e compreender toda a dimensão espiritual daquele lugar, bem como sua importância para filosofia de Søren. Ernani aprendeu o difícil dinamarquês para traduzir Kierkegaard direto de seu idioma” (Gilvani A. Araújo).
Sua valiosa biblioteca, com mais de 17 mil volumes, hoje faz parte do Acervo de Obras Raras da Universidade Federal do Paraná. Em 2018, como resultado de parceria entre a Academia Paranaense de Letras e a Biblioteca Pública do Paraná, seu livro A Noite do Absoluto ganhou nova edição, em 456 páginas, com prefácio do escritor Guido Viaro, com o objetivo de apresentar sua obra às novas gerações. Em solenidade no dia 14 de dezembro do mesmo ano, suas filhas, genro e netos receberam da Academia Paranaense de Letras o diploma que confere a Ernani Reichmann o título póstumo de Membro Honorário da entidade. Faleceu em Curitiba em 10 de junho de 1984.