Motivação inicial: A riqueza material como fator de progresso.

 

O primeiro ouro do Brasil

O encontro do precioso metal teve seus primeiros sinais de abundância no litoral sul do Brasil e desde 1578 já se garimpava em Iguape e Paranaguá, na região do rio Nhundiaquara e baia de Antonina. Em 1641, Gabriel de Lara descobriu ouro na Serra Negra, no recôncavo parnanguara, e com os achados em Cananeia, Iguape e vale do Rio Ribeira, tem início a efetiva mineração de ouro no Brasil.

Independente das autoridades locais, o ouro só podia ser comercializado pela coroa portuguesa, que cobrava pesados impostos sob o mineral extraído (quinto). Eleodoro Ébano Pereira foi o primeiro representante da coroa portuguesa, cuja função era também a de patrulhar o litoral, com vistas a impedir o desvio ou o roubo do minério extraído. Daí o seu título de Capitão das Canoas de Guerra das Costas dos Mares do Sul.

 

A casa de fundição

Em 1655, a Câmara de Paranaguá solicitou e obteve a autorização do governador do Rio de Janeiro para fundir o minério, apesar de que Gabriel de Lara e os paulistas fossem contra. Superadas as divergências, Paranaguá passou a ser grande produtor de barras de ouro, até que, no início do sec XVIII, tivesse início a exploração do mesmo em Minas Gerais.

Com isso, a fundição teve vida curta, tendo sido fechada e abandonada pelos mineradores, que haviam se transferido para Minas. No entanto, em 1720 o Ouvidor Pardinho ordenou a reabertura da fundição, tendo sido extinta 1735, com a entrada em vigor de um novo sistema de cobrança de impostos, a capitação.

 

Benevides e a decadência de Minas

Decepcionado com a produção aurífera em Paranaguá, o Governador do Rio de Janeiro, Sá e Benevides, em 1660, resolveu vir pessoalmente à região para se certificar da situação, pois a coroa portuguesa desconfiava que a queda na produção era proveniente da alta sonegação. Foi então por sugestão do Padre Alexandre de Gusmão que a coroa portuguesa veio a criar uma nova forma de tributo, o imposto da capitação.

Este consistia na cobrança de um percentual de confisco do ouro produzido, de acordo com a capacidade produzida e o número de escravos empenhados no trabalho. Não satisfeito, o governo imperial criou mais um tributo, o chamado Real Donativo dos chapins da Rainha, destinado a custear o futuro casamento do príncipe herdeiro, agravando ainda mais a condição de pobreza da população litorânea paranaense.

 

Localização das Minas

A oeste e ao norte da baia de Paranaguá era onde se localizavam as principais minas de ouro, ,sendo a extração do mesmo obtida por meio de bateias ou peneiras de madeira com fundo côncavo, dentro das quais se lavavam a areia e o cascalho. As mais famosas minas do litoral, Pantanal e Panajóias, pertenceram ao sargento Domingos Cardoso Lima, cuja casa era adornada com tapetes persas e baixelas de prata. Possuia muitos escravos e até uma banda de música, para anunciar sua entrada no povoado. Outras minas importantes foram Limoeiro, Marumbi, Uvaparanduva, Tagaçaba, Serra Negra, etc.

A procura do ouro desbravou os caminhos para os planaltos de Curitiba, pela subida da Serra do Mar, sendo os principais o da Graciosa, Itupava e do Arraial. Na região de Curitiba a mineração foi intensa. A famosa mina do Arraial Grande deu origem a São José dos Pinhais. Outros locais foram: Canguiri, Bocaiuva do Sul, Atuba, Purunã, etc.

 

Os Arraias

De forma precária e tosca, as habitações dos mineradores eram construções em forma de acampamentos, dentro das quais passavam toda sorte de péssimas situações, perigos e subnutrição. Não obstante, deve-se a eles uma intensa miscigenação com as índias, cujos filhos conservam até hoje seus sinais característicos.

Em conclusão, a fase da mineração no litoral favoreceu e intensificou o crescimento da região, desbravando inclusive o planalto curitibano.

 

Material escrito por Antônio Celso Mendes, da cadeira 34, baseado no livro de Ruy Christovam Wachowicz.