Motivação inicial: A valentia ouzada dos bandeirantes.

 

Ocupação dos Campos Gerais – Os primórdios

A ocupação dos campos gerais deu-se a partir de uma vasta porção de terras no segundo planalto, da Lapa até Guarapuava, passando por Ponta Grossa, constituída por florestas de pinheiros ocupando focos de planície em forma de vegetação rasteira. Seu povoamento não se deu na forma tradicional de instalação de famílias, mas foi obtida por bandeirantes paulistas, que ocupavam determinada área, com alguns animais pelo pasto. Após alguns anos, ficava fácil argumentar sua posse, requerendo a El Rey a concessão da sesmaria.

Já no início do século XVIII era grande o número de sesmeiros, que infelizmente não moravam na região, detendo a posse com fins puramente comerciais.

 

Paulistas X Curitibanos

Ora, tal situação foi logo denunciada, em 1777, pela Câmara de Curitiba, com uma queixa ao governo português, pelo fato de que tais fazendas não geravam nenhuma riqueza local, dado que seus proprietários residiam em outras cidades. A população de Curitiba era pobre, enquanto os fazendeiros eram considerados ricos.

As divergências se acentuaram por ocasião da abertura de uma estrada ligando o Rio Grande do Sul a São Paulo, pois os curitibanos estavam a favor e os fazendeiros contra, em virtude da maior facilidade que haveria no transporte dos rebanhos vendidos, com a queda dos preços respectivos. Em 1740, com a abertura da estrada, a região sul dos Campos Gerais, Lapa e Palmeiras, foram largamente beneficiadas.

 

Os minifundios

Eram as propriedades de pequenos sitiantes, localizadas ao lado ou mesmo dentro das vastas fazendas, administradas geralmente por um casal e sua família, produzindo hortaliças, feijão e milho. Dessa forma, alimentavam a população local e obtinham pequenos lucros com a comercialização do restante.

 

Uma sociedade escravocrata

Em meados do século XVIII havia na região poucas famílias e a maioria das fazendas era administrada por escravos. A ocupação latifundiária foi se expandindo, ao longo da estrada São Paulo- Rio Grande, ocupando as regiões de Piraí, Tibagí e Jaguariaiva. A região servia de refúgio dos escravos fugidos de São Paulo, criando núcleos próprios de sobrevivência, chamados quilombolas e também de meliantes e foragidos da lei chamados galafreses.

Face ao perigo representado pelos marginais, o Capitão-General de São Paulo autorizou a Câmara de Curitiba criar o cargo de capitão do mato, que em companhia de africanos e índios carijós, deveria dar combate e aprisionar os meliantes.

Enfrentando a resistência dos índios caingangues, núcleos de combate puderam consolidar a ocupação das regiões de Castro, Itapeva e Apiaí.

 

Organização e integração

A partir do século XIX teve início na região a substituição dos proprietários paulistas por imigrantes rio-grandenses, mas a população local era ainda considerada pobre. As casas de alvenaria eram raras, sendo a maioria de pau-a-pique.

A partir da independência do Brasil (1822), começa a consolidação das populações locais, com o aumento do poder político dos fazendeiros dos campos gerais. Isto se intensificou após a emancipação da província do Paraná em 1853, com o que teve início a hegemonia de uma elite econômica constituída pelos Marcondes, Araujo, Machado, que iniciaram o domínio político, mantido por muitas gerações.

 

Decadência da elite campeira

No último quartel do século XIX, a região dos campos gerais sofreu profundas modificações, pelos seguintes motivos:

  1. Perda dos mercados do sudeste, em função da diversificação das novas populações urbanas daquelas regiões.
  2. Diminuição da produção local de gado bovino, pela concorrência intensa dos animais vindos do Rio Grande do Sul.
  3. Modernização da produção de erva-mate, sem a participação dos recursos provenientes das fazendas.
  4. Intensificação da indústria madeireira, ao longo da estrada de ferro.
  5. Chegada dos imigrantes europeus, cuja liderança e capacidade de trabalho superaram o modus operandi tradicional das fazendas.

 

A modernização

No século XX, a região dos campos gerais sofreu profundas transformações, que intensificaram sua importância na economia geral do Paraná:

  1. Consolidação das colônias dos imigrantes alemães e holandeses, em Castrolândia e Witmarsum.
  2. Evolução das técnicas de produção agrícola.
  3. Modernização das estruturas urbanas.

Material escrito por Antônio Celso Mendes, da cadeira 34, baseado no livro de Ruy Christovam Wachowicz.