A história da humanidade tem sido trágica no que se refere a eliminação violenta de seus semelhantes. Desde que surgiu, o animal humano não se cansa de matar outras pessoas, por motivos pra lá de bestiais. Parece que a alma humana sofre de uma estupidez mórbida pela morte, como bem frisou o Dr. Freud.

Tendo como causa as motivações complexas de nossa psique, a estupidez humana é um desvio na higidez normal de nossas reações, causando males que afetam tanto as pessoas como as coletividades. O adequado seria que pudéssemos agir sempre de acordo com os princípios do bem, colocando-o como o valor fundamental a orientar todas as nossas motivações. Não obstante, tal não acontece, pela confluência dos vários motivos subalternos que influenciam nossas conclusões, sobrepondo-se à hegemonia prevalecente do que seria melhor.

Foi por isso que Albert Einstein declarou: ”Duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana. Mas, em relação ao universo, não tenho certeza absoluta”. Assim, essa infinidade de nossos desvios comportamentais fica como um respaldo indubitável de nossas limitações, o que deveria merecer de cada um de nós um cuidado especial no momento de tomar decisões que afetam a higidez de nossos relacionamentos.

Ora, isso se torna crucial principalmente para as pessoas que desempenham cargos públicos, que acabam afetando a vida normal de muitas pessoas. Tal situação hoje é atinente à guerra deflagrada pelo presidente da Rússia contra a Ucrânia, um conflito que não se justifica sob nenhum argumento, tendo como causa apenas motivos políticos de soberania, que não deveriam estar acima do direito insofismável da Ucrânia em gerir seus próprios destinos.

Segundo Carl Von Clausewitz, estudioso das guerras, estas constituem a política por outros meios, nos sugerindo que ela só ocorre quando falham os antecedentes de um possível acordo, nos demonstrando, portanto, neste caso, como os limites de nossa estupidez são infinitos, ao não levarmos em conta os benefícios da paz e da tranquilidade na ordem, como concluiu Sto. Agostinho. Ora, esse desprezo só pode se tornar justificável se considerarmos que a evolução da espécie humana é recente e demandará ainda muitos séculos no aperfeiçoamento de seus estereótipos culturais.

Dessa forma, as cinco leis fundamentais que orientam a estupidez humana são, portanto, muito claras:

– quando perdemos o sentido ontológico da história, vendo apenas seus oportunismos.

– quando perdemos a noção do que é mais importante na variedade de nossas decisões.

– quando achamos que o uso do mal faz parte de nossa natureza, tendo como objetivo atingir outros bens.

– quando perdemos o respeito pela dignidade das pessoas.

– quando desistimos de ter o bem como princípio hierárquico superior a qualquer outro.

Em conclusão, se tivéssemos uma educação universal mais voltada para o desenvolvimento dos legítimos valores humanísticos que enobrecem a raça, seria uma das formas para modificar a psique deformada que hoje compromete a sanidade humana, cuja propedêutica hoje está interessada apenas em capacitação profissional, leiga e infensa de aceitar quaisquer princípios de conscientização referente à dignidade das pessoas.

  • Autor: acadêmico Antonio Celso Mendes
  • Foto do autor: arquivo APL
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