Todos os fenômenos que o ser humano observa na Natureza têm aparência virtual, em função de sua origem quântica, pois é assim que as coisas se estruturam, a partir de sua conformação atômica, o microcosmo. Em seguida, este, organizando o macrocosmo, condiciona a realidade que observamos conservando as mesmas características. Ora, o universo abstrato da consciência e do espírito não tem como fugir desse determinismo, com o acréscimo de serem transcendentes, ocupando uma dimensão superior.

De início, consciência e espírito parecem se confundir, mas eles não são a mesma coisa. A consciência é a parte subjetiva do espírito, enquanto este é a parte ostensiva da Divindade. Segundo a doutrina cristã, o Espírito é a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, o selo da união entre o Pai e o Filho. Fonte de amor, consolo e inspiração, Ele vivifica o convívio dos três que, no final, são apenas um. Por ser o Espírito um sopro de vida, é a marca de Deus no Universo, possuindo, dessa forma, uma dimensão mística.

Já a consciência está localizada no interior de nosso corpo, estando, portanto, sujeita aos humores que o afetam. Mesmo estando em nosso corpo como uma expressão quântica, ela  não deixa de sofrer os distúrbios que afetam o bom funcionamento do cérebro, como nas doenças provocadas por alucinógenos ou desequilíbrios mentais. Ora, isto representa uma profunda debilidade em sua consistência, tornando-a frágil, apesar de ter sua natureza como Espírito Subjetivo, no dizer de Hegel.

Característica primária dos seres humanos, a consciência está presente também, de maneira incipiente em todas as formas materiais, como era a concepção antiga da humanidade, que concebia toda a criação como um processo anímico, conforme propugnava Thales em sua filosofia. Ora, esta é a parcela espiritual presente em todas as coisas, uma homologia simbólica bastante sugestiva a ilustrar a confirmação da virtualidade de todas as coisas, a partir do microcosmo.

No que tange à natureza do Espírito, como podemos conceber, Ele é o revestimento anímico de toda a realidade, a brisa divina que, como um sopro, dá vida a todas as coisas, em especial ao ser humano, tornando-o demiúrgico através da criatividade, racionalidade, sentimento e liberdade, categorias mentais concedidas a nossa inteligência, ela própria a expressão mais direta de nossa natureza transcendente.  Por consequência, o sopro anímico do Espírito em nos tornar vivos representa o selo de nossa perenidade, pois Ele não morre com o corpo.

Ora, se o ser humano só é o que é em função de sua espiritualidade, todo o esforço deveria ser feito pelas pessoas em geral no sentido de criar uma civilização mais centrada em suas características espirituais, o que sem dúvida parece estar longe de acontecer, em função da herança maléfica de uma cultura social materialista e desprovida de sensibilidade emotiva, o que representa uma tragédia de dimensões desumanas, que só pensa em conquistas materiais e pecúnias.

Em conclusão, a conversão ao domínio universal do Espírito regendo a realidade é um precioso caminho a reger nosso futuro, sem o que a humanidade jamais encontrará a justificação de sua existência. Só o Espírito nos indicando o problema e a sua solução transcendente será capaz de superar nossa constante contradição diante da realidade quântica que constitui o Universo, a debilidade em sua estrutura que implica, ipso facto, a presença de um Atrator.

  • Autor: acadêmico Antonio Celso Mendes
  • Foto: arquivo APL
  • Imagem: Gerd Altmann por Pixabay