A ciência moderna sabe bem como lidar com os hologramas, desde que o pesquisador húngaro Dennis Gabor, em 1947, fazendo uso de um raio laser, fê-lo incidir sobre um espelho semiprateado, que divide a luz em dois ramos, um direto, que vai até uma chapa fotográfica onde se retrata o objeto a ser representado; o outro raio, chamado feixe de referência, incidirá sobre um espelho e, em seu reflexo dirigido ao objeto escolhido, causará uma interferência luminosa em terceira dimensão, criando a imagem holográfica. Por isso, ganhou o Prêmio Nobel de física em 1971.

Atualmente, as imagens holográficas tem sido largamente utilizadas, por realçar detalhes com precisão, permitindo sua observação sob diferentes ângulos, chamada paralaxe, permite também que, destacando-se um pequeno fragmento da imagem holográfica, esta se reproduz integralmente, como se não tivesse sido dividida, pela ação de um novo raio laser; igualmente, na segurança de cédulas pecuniárias, os hologramas impedem sua falsificação; ou mesmo, criando imagens fractais, permitem a visualização minuciosa dos detalhes, sendo portanto úteis em diversas atividades, sejam medicinais, na mídia ou na arte, como ocorre nas pinturas de Giotto (1266/1337).

Ora, o fenômeno holográfico é apenas um dos aspectos principais da natureza mágica do Universo, que apresenta, em seus procedimentos, uma série de fenômenos espetaculares, que confundem a maneira primária dos materialistas de analisar a realidade, pois se trata da ocorrência de uma singularidade extraordinária, contrariando, portanto, a mera ocasionalidade acidental, revelando novas dimensões.

Dessa forma, a partir da estrutura cósmica, mesmo verificando que ela se faz e desfaz de forma aparentemente abrupta, ao ser vista em perspectiva, sua harmonia espanta nosso espírito pela dialética construtiva de sua substância, O mesmo ocorre com o fenômeno da luz, no qual as forças quânticas presentes, agindo de forma alternada como ondas ou partículas, fazem surgir dimensões que contrariam os padrões normais de nossa racionalidade.

Igualmente, o corpo humano pode ser considerado também um fenômeno holográfico, dadas suas variadas substancialidades, integradas que são desde sua estrutura psíquica, passando pela funcionalidade dos diferentes hormônios que o alimentam, com vistas à manutenção da vida. Além disso, pelo fato de que o corpo humano sustenta a consciência, em suas condições virtuais e abstratas, podemos considerar aqui também características holográficas, nas quais se torna possível ao ser humano ultrapassar os limites naturais de sua estrutura física.

Em acréscimo, no campo da biologia quântica, os pesquisadores indagam os aspectos holográficos que estão envolvidos nas relações entre nosso corpo e as vivências psicológicas, os aspectos sentimentais e subjetivos que influenciam nossa saúde, como as reações de otimismo e alegria contribuindo decisivamente para a manutenção de nosso bem-estar. Os estados telepáticos, as influências à distância, são também similares ao que ocorre também no mundo infra-atômico, no qual se verifica que fótons e elétrons reagem em consonância com os processos a que estão sendo submetidos, vindo a demonstrar influências recíprocas, dependendo dos métodos de observação a eles impostos.

Ora, isso apenas realça, de forma experimental, como nossa consciência – também holográfica – funciona criando variadas dimensões holográficas. Assim, no campo transcendente, há aspectos holográficos importantes na eficácia de seus efeitos, seja pela aceitação espontânea do universo sobrenatural, no qual a meditação e o recolhimento contribuem afirmativamente para sua concreção, seja nas súplicas votivas, nas quais o seu alcance implica principalmente o envolvimento com um sentimento emocional de afinidade, fé e confiança na graça a ser obtida.

  • Autor: Acadêmico Antonio Celso Mendes
  • Foto: Arquivo APL
  • Imagem: Cedida pelo autor