Matéria, vida e consciência constituem a trindade estrutural que nos envolve e representa o fundamento de nossas observações mais abrangentes sobre tudo que nos cerca, sendo, por isto, de um alcance que ultrapassa todas as dimensões, sejam elas produtos de nossos cinco sentidos, ou provenientes de nossas conceituações abstratas, nos demonstrando que existe no Universo uma dialética unificadora que sustenta a harmonia de todas as aparentes contradições.

No que concerne à matéria, sabe-se hoje, depois da física quântica, que ela subsiste à custa de nossos conhecimentos mais acurados, estando muito próxima de uma vivacidade caótica, forçando nossa inteligência a tentar compreendê-la, apesar de suas peripécias. Dessa forma, importa verificar como ela se transforma em massa, apresentando, in nuce, vida e consciência, constituindo autonomia própria. Suas disposições para sair do caos e se transformar num universo coerente representa quase um milagre, de difícil compreensão para a razão humana. De natureza quântica, a matéria se torna virtual frente aos nossos sentidos, nos parecendo mais semelhante a uma mágica transfigural.

Por que há coisas em vez do nada? Quando se trata da análise de como o Universo se formou, os cientistas ficam assustados com a ocorrência de tanta sintonia fina que foi necessária para que ele então se organizasse, pois uma pequena alteração nos parâmetros de estrutura e energia teria impedido a obtenção do cosmos e então ele não teria se formado. Desde a ocorrência do Big Bang e o surgimento dos elementos químicos, não fosse a presença de um design inteligente, não haveria nada a constatar.

No que tange à vida, a ciência verifica que ela é inerente à conformação do próprio cosmos, como presença de luz e energia, os fatores essenciais necessários a nutrir o seu desenvolvimento. Dependente da matéria, ela representa o milagre da autonomia cinética, até criar animais e a raça humana, dotada de criatividade, racionalidade, sentimento e liberdade, o que torna explícita a presença de uma unidade, um Espírito envolto em nossa materialidade. Ainda mais, a variedade com que a vida se manifesta na Natureza está intimamente relacionada com sua realidade quântica, fértil em sua potencialidade criativa.

Quanto à consciência, é necessário considerá-la fonte imarcescível na compreensão de tudo o que existe, desde os átomos até o macrocosmo, transformando-se em sensibilidade anímica virtual, resultando assim na identidade de nosso eu. Assumindo a forma de Espírito, ela representa um sopro de vida, sendo abstrata e etérea e sua importância é de tal envergadura, que diante de sua ausência, fica caracterizada a morte cerebral de nosso corpo.

Finalmente e dessa forma, verifica-se a constatação esotérica de que tudo que há em baixo é similar ao que está em cima, uma correlação mística entre o mundo natural e o mundo transcendente, tornando concreta a homologia entre os paradigmas, o reino da matéria similar ao reino do Pai, a vida similar ao reino do Filho e a consciência similar ao reino do Espírito Santo. Pois Jahvé é o Deus criador, Cristo é o Deus da vida que não termina e o Espírito Santo é o Princípio que aperfeiçoa nossa consciência, nos concedendo inspiração e amor.

Em conclusão, o ser humano não pode dispensar a oportunidade que o Espírito lhe concede, ao apresentar tais paradigmas como reveladores de uma realidade que não é apenas material, mas também vivaz e abstrata. Aqui, humildade e coerência são necessários, para que possamos atingir tais revelações, que são frutos de algo que nos transcende, um mundo etéreo de eternidade, os quais só nos cabe agradecer.

  • Autor: acadêmico Antonio Celso Mendes
  • Foto: arquivo APL
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