O conceito de ressonâncias mórficas foi criado pelo biólogo inglês Rupert Sheldrake (1942), depois das mais recentes descobertas das ciências físicas, como forma de explicar as novas realidades comprovadas no campo da holografia e da teoria quântica, que nos apresentam a realidade de uma forma completamente diferente daquela herdada pelo materialismo dos últimos dois séculos.

Pois como se observa, o Universo não é um conjunto de partes isoladas, mas tudo se apresenta de forma relacionada, de tal forma que cada acontecimento ou fenômeno constitui o condicionamento de partes que só podem ser consideradas de forma global, um todo que se expressa maior do que suas partes componentes, um campo holográfico.

Ora, esta circunstância nos conduz a ter de reconsiderar nossas maneiras comuns de ver cada fenômeno, passando agora a considerá-los de fato como são, isto é, relacionados, passageiros, virtuais e simbólicos, causados exclusivamente pela nossa condição de mentes espiritualizadas, cuja capacidade é a de perceber tudo de forma abrangente, como assim nos parece o Universo.

Quem fala em ressonâncias mórficas fala de condições não apenas materiais para o surgimento de consequências, mas em efeitos além do determinismo natural das coisas, fruto de relações não aceitas pela ortodoxia da ciência, como sejam a genialidade, intuições momentâneas, telepatia, comunicações além do tempo e do espaço, relações afetivas, graças obtidas pela oração, visões apocalípticas, previsões de futuro etc., que se colocam como paradoxos a desafiar os padrões da ciência tradicional.

A origem dessas posições heterodóxicas da ciência têm surgido a partir das constatações obtidas pelos cientistas, oriundas do mundo subatômico, segundo as quais nós não conseguimos obter o controle mágico das micropartículas, que se nos aparecem dotadas de uma coerência estranha aos padrões normais de causa e efeito. E mesmo no mundo macro, a realidade tem se apresentado curiosa e dotada de proporções incompreensíveis para o ser humano.

Ora, tentar ser indiferente a estas realidades soa como uma traição à verdadeira condição de nosso saber, que de fato tem sempre que estar aberto e reconhecer como somos pequenos face à grandiosidade das coisas. Como um despertar de mágicos, o Universo é coerente demais para ser considerado apenas produto do acaso, por conter relações de progressividade e evolução que ultrapassam o aleatório, demonstrando possuir um ciclo de transformações que somente nosso espírito é capaz de captar.

Há efeitos naturais que ultrapassam as condições de seu surgimento, daí a ideia de ressonâncias mórficas que aparecem como resultados inesperados de condições físicas só perceptíveis pela perspicácia de nosso pensamento abstrato, o que indica a sua transcendência colocada além da materialidade. Os valores, as formas estéticas captadas em rostos e paisagens, as condições psíquicas de nossa personalidade, são fatores resultantes de condições não naturais, abrindo um leque de admiração e espanto em nossa condição de animais humanos, hóspedes de imortalidade.

  • Autor: Acadêmico Antonio Celso Mendes
  • Foto: Arquivo