ão pretendo fazer ode
só verso de pé quebrado.
Mas diga lá: alguém pode
c´os contrastes deste estado?
Nascida de pé vermelho
criada de pé no chão
no norte, partido espelho
deixei o meu coração
Eu já vinha preparada
pro afamado leite quente
mas não sabia de nada
nada sabia, inocente
Na feira, começa a turra
que me deixa muito aflita
dizem que chama caturra
a banana que é nanica
Mudo de banca e piora
um pouco a coisa pra mim
É aipim ou é mandioca?
é mandioca ou é aipim?
E prosseguiria a richa
não fosse eu mulher tão fina.
No armazém peço salsicha
vem o moço e me traz vina
Quitutes, de norte a sul
vão me pondo meio grogue:
parei de comer manju
me viciei em pierogue
Velho pão doce é chineque.
A infância se desatina:
chamam piá o moleque
e de guria a menina
Bola de gude é búrica
e o estojo é um penal
co´a finalidade única
de enlouquecer o mortal
Folguedo autoexplicativo
o singelo esconde-esconde
ninguém me explica o motivo
ninguém me diz quando ou onde
que alguém de alma inspirada
sem mote ou motivo algum
julgou coisa apropriada
batizá-lo “trinta-e-um”
Mesmo estando preparada
pra dor no dente da gente
eu não sabia de nada
de nada mesmo, inocente
Não queria fazer ode
nem lançar mão de chicana.
Mas reitero: alguém pode
co´a fala curitibana?