A República e a Revolução Federalista no Paraná

Motivação inicial: O povo não sabe em que consiste a República

 

No último quartel do século XIX, após a Guerra do Paraguai, começaram a surgir os primeiros movimentos favoráveis ao fim da monarquia. Para tanto, fundaram um jornal A República e Clubes em Curitiba e Paranaguá, com a finalidade de propagar as ideias republicanas. O fim da escravidão e a idade do Imperador, além de outras crises políticas, conduziram a um golpe militar contra o regime, liderado pelo Marechal Deodoro da Fonseca (15/Nov/1889).

 

O quadro político no Paraná

A partir dos dois partidos políticos existentes no Império, o conservador e o liberal, tinham no Paraná o Barão do Cerro Azul e Generoso Marques como representantes respectivos dos dois partidos que a partir de agora poderiam ser criados no local: o conservador transformou-se no Partido Republicano Federal, chefiado por Vicente Machado; o liberal, foi transformado em Partido Republicano Paranaense, sob o comando de Generoso Marques. Com a renúncia do Mal Deodoro, a presidência do Paraná, na pessoa de Generoso Marques, teve vida curta, mas suficiente para aprovar a primeira constituição do Paraná, em 1891.

 

O governo do vice-presidente Marechal Floriano Peixoto

Foi decidido na implantação de novos procedimentos; para tanto, demitiu todos os antigos dirigentes, passando o Paraná a ser governado por uma junta militar, até que se processassem novas eleições. Após a realização destas, sobe ao poder o Dr. Francisco Xavier da Silva, tendo como vice-governador o Dr Vicente Machado, em fevereiro de 1892.

 

A Revolução Federalista no Rio Grande do Sul

O líder gaúcho Silveira Martins, defensor de uma monarquia parlamentar, levantou suspeitas no Mal Floriano, que passou a apoiar Júlio de Castilhos. Este foi logo eleito Governador, o que causou a revolta dos federalistas, que em 1893 invadiram o Estado, dando início a mais violenta das guerras fratricidas de que se tem notícia.

 

Pica-paus e Maragatos

Os primeiros, pelo feitio de suas fardas, eram as tropas governistas. Os maragatos, palavra de origem castelhana que significava pessoa desqualificada, eram os rebeldes. O comando desses era disperso e destituído de unidade, contava com o apoio dos Almirantes Saldanha da Gama e Custódio de Mello, além de Gumercindo Saraiva e Juca Tigre, entre outros.

Em 1893 ocorreu a sublevação da Marinha, e sob o comando de Custódio de Mello, passou à conquista da ilha do Desterro (Florianópolis) e do litoral do Paraná, tornando crítica a situação do Mal Floriano.

 

Tomada de Paranaguá

Em janeiro de 1894, a conquista de Paranaguá pelos revoltosos foi fácil para o Almirante Custódio de Mello, que inclusive contou com o apoio da população local. Enquanto isso, o interior estava sendo fortemente ameaçado pelos maragatos. Assim, apesar da resistência imposta pelos pica-paus, Gumercindo Saraiva realizou a conquista de Tijucas, se aproximando perigosamente de Curitiba, que já não tinha mais governo, pois Vicente Machado havia se instalado em Castro.

 

Cerco da Lapa

A defesa da cidade da Lapa estava a cargo do coronel Gomes Carneiro, com a missão de impedir o avanço dos rebeldes. Sentindo o perigo, pediu reforço a Curitiba e a Divisão do Norte de Pinheiro Machado, que não foi atendida. Depois de sofrer fortes bombardeios da artilharia dos federalistas, os combates corpo-a-corpo acabaram por feri-lo mortalmente, no dia 7 de fevereiro, vindo a falecer dois dias depois. No momento seguinte, a rendição foi inexorável.

 

Os federalistas em Curitiba

A conquista de Curitiba por Gumercindo Saraiva foi relativamente fácil, pois a cidade já não contava com nenhuma forma de resistência. Com vistas a evitar um possível massacre, à população e ao comércio, Ildefonso Pereira Correia, o Barão do Cerro Azul, fez a coleta de elevada importância em dinheiro, pagando o resgate exigido pelos federalistas. O Dr. Menezes Dória foi nomeado chefe do governo, pelos federalistas. A ocupação durou dois meses, permeada de festas, diversões e espetáculos, com algumas incursões pelo interior. Chegando a Castro, já não encontraram Vicente Machado, que tinha fugido para o Rio de Janeiro.

 

As vitórias de Floriano

Tendo conseguido, nos Estados Unidos, uma frota de navios de guerra, Floriano designou o Almirante Jerônimo Gonçalves para combater Saldanha da Gama, que obteve vitória em 13 de março de 1894, impedindo assim o desembarque dos rebeldes no Rio e em Niterói. Com a derrota, os maragatos entraram em pânico. Batidos em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, tiveram, com a morte de Gumercindo Tavares, a derrota final, com Aparício Saraiva fugindo para a Argentina.

 

As atrocidades

A revolução federalista foi marcada por inúmeras atrocidades, cometidas por ambos os lados do conflito, com perdas de vídas e prejuízos materiais, ficando comum a prática de degolas e fuzilamentos. Após a retirada das tropas de Gumercindo Saraiva de Curitiba, os legalistas, comandados pelo general Ewerton de Quadros, começaram a vingança contra todos que, de uma forma ou de outra, facilitaram a vitória parcial dos federalistas. Muitos políticos foram presos, e, por ordem do comandante militar e o beneplácito de Vicente Machado, seis líderes curitibanos foram assassinados, no km 65 da estrada de ferro Curitiba-Paranaguá, dentre eles o Barão do Cerro Azul.

 

O papel do Paraná na Revolução

Foi decisiva a participação do Paraná na vitória conquistada por Floriano. O cerco da Lapa contribuiu para reter o avanço dos revoltosos rumo a São Paulo, dando tempo ao governo federal para se rearmar

 

Material escrito por Antônio Celso Mendes, da cadeira 34, baseado no livro de Ruy Christovam Wachowicz.