Ney Braga e a reconstrução do Paraná

Motivação inicial: O sucesso só é obtido pelo trabalho planejado.

 

Eleito pela consagração eleitoral de Jânio Quadros, o governador Ney Braga pôde realizar, a partir de seu primeiro mandato (1960/65), uma obra gigantesca pela reconstrução e equacionamento das atividades públicas. Militar, já como ex-prefeito da Capital, carregava consigo uma longa tradição de liderança política, através de seu parentesco com Caetano Munhoz da Rocha e com o ex-governador Bento Munhoz da Rocha Netto.

Recebendo um Estado completamente desarticulado em termos políticos e administrativos, com os salários dos servidores quase seis meses atrasados, as providências de Ney foram inovadoras:

  • ênfase no planejamento governamental: criação do PLADEP (Alypio Ayres de Carvalho) e da CODEPAR (Companhia de Desenvolvimento do Paraná).
  • aumento das receitas públicas: criação do FDE (Fundo de Desenvolvimento Econômico).
  • unificação do setor energético, sob a liderança da COPEL (eng. Parigot de Souza).
  • criação da TELEPAR (Gen Junot Guimarães), ligada ao setor de telefonia.
  • criação da SANEPAR (Osiris Stenghel Guimarães), para distribuir água tratada às populações.
  • criação da FUNDEPAR, destinada a gerir o setor de ensino básico.
  • criação da CELEPAR, destinada a integrar o setor de informática.
  • criação do CODESUL e do BRDE, destinados a integrar as ações político-administrativas entre os três estados sulinos.
  • construção da rodovia do café, ligando Curitiba ao norte do Estado.
  • diversificação da produção agrícola (Paulo Pimentel).

Em 1963, o Paraná foi atingido por um formidável incêndio Florestal, causando grandes prejuízos à agricultura e às cidades. A reconstrução contou com o apoio de muitos rincões brasileiros.

 

Ney Braga e a revolução de 1964

As origens militares de Ney Braga foram fatores preponderantes para que o Paraná aderisse, de pronto, aos propósitos revolucionários de 1964, após as crises da renúncia de Jânio e a implantação do regime parlamentarista com João Goulart. Logo em seguida veio o período de cassações de mandatos e prisão de pretensos ‘comunistas’, o que motivou uma atitude de cautela e moderação pelo governo do Paraná, que assinou apenas um pedido de cassação: a do deputado federal Alencar Furtado.

Estando Ney Braga em fins de mandato governamental (1965), o presidente Castello Branco manifestou o desejo de que ele assumisse um ministério, e o escolhido foi o da agricultura, no qual permaneceu por dezoito meses. Contando com a colaboração de muitos paranaenses, dentre eles Francisco Borja de Magalhães Filho, Otávio Cesário Pereira Junior, Véspero Mendes, Norton Macedo e coronel Hamilton de Oliveira Castro, da PM.

Foram proveitosas e frutíferas as iniciativas de Ney Braga, sempre realçando os aspectos econômicos das diversas atividades agrícolas, com ênfase especial à diversificação das culturas, indústria da pesca, o problema da seca no nordeste, política de fertilizantes, etc. Em 1966, convidado pelo presidente Castello Branco, assumiu a direção do MUDES (Movimento Universitário de Desenvolvimento Econômico e Social), destinado a integrar os estudantes universitários no processo de desenvolvimento nacional.

 

Ney Braga como Ministro da Educação

Assumindo o ministério por convite do Presidente Geisel, em 1974, a presença de Ney Braga foi estimulante, pelas providências que tomou em todas as áreas da educação brasileira, desde o curso fundamental até as universidades. Incentivou a classe artística no desenvolvimento de seus projetos. Criou a FUNARTE ( Fundação Nacional da Arte), incentivou o cinema e a cultura em geral. Graças à sua liderança, a refinaria de petróleo de Araucária foi instalada em nosso estado.

Ney Braga assume o governo pela segunda vez

No período anterior ao seu segundo mandato, o governo do Paraná teve os seguintes governadores, eleitos por via indireta: Paulo Pimentel, Haroldo Leon Peres, Parigot de Souza, Emílio Gomes, Jaime Canet Junior.

De 1979 a 1983, Ney Braga exerceu um segundo mandato como governador, contando com o aval de todas as correntes políticas que apoiavam a revolução. Deixou no ministério da educação, como seu substituto, a figura ímpar de Euro Brandão, um paranaense de grande compostura e competência.

As ações governamentais no período consistiram em assegurar aos paranaenses os ganhos obtidos até então, já que o estado já estava dotado de forte infra-estrutura econômica, industrial e social, apesar da grave crise internacional gerada pelo aumento dos preços do petróleo. Com enfoque na questão ambiental, o governo tomou medidas de apoio aos municípios, com vistas ao combate da erosão e do desmatamento. Este período foi marcado pelas doenças cardíacas de Ney e pela acusação de nepotismo.

Próximo a terminar o segundo mandato, Ney deixa o governo para ser candidato a senador, passando o governo para o vice, Hosken de Novaes, político londrinense de grande prestígio. Encerrado o ciclo revolucionário, Ney Braga, depois de perder a eleição, assume a direção da hidrelétrica de Itaipu, por convite de Tancredo Neves. Logo depois, por indicação do governador Roberto Requião, assume a sua última função pública, como Presidente do Conselho Administrativo da Copel. Ney faleceu no dia 16 de outubro de 2.000.

 

Material escrito por Antônio Celso Mendes, da cadeira 34, baseado no livro de Ruy Christovam Wachowicz.