Motivação inicial: A influência do clima no comportamento das pessoas.

 

As origens de Curitiba

Desde meados do século XVII vinha sendo a região do planalto curitibano assediada por garimpeiros, que habitando toscas barracas cobertas de folhas de palmeiras, vasculhavam os riachos locais à procura do cobiçado ouro, porém não fácil de ser encontrado. Eles viviam em companhia dos índios tinguis, pertencentes à nação tupi-guarani.

Eleodoro Ébano Pereira, representante do governo do Rio de Janeiro, era a maior autoridade ligada ao setor de mineração, porém pouco interesse demonstrava com relação ao povoamento da região curitibana. Reza a tradição que um membro da família Soares do Valle, tradicional em São Paulo, tendo se desentendido com o governador local, acabou por embrenhar-se nas escarpas curitibanas, estabelecendo-se ali com mulher e filhos, às margens do rio Atuba.

Conta a lenda também, que todas as manhãs, na capelinha do local,  durante as orações em devoção a Nª Sra da Luz, sua imagem ficava com o olhar voltado para o local onde ela desejava que fosse construída a nova igreja em sua devoção; seus desejos foram então cumpridos pela comunidade, tendo sido a praça Tiradentes o local escolhido.

Dado o bom convívio que os moradores mantinham com os índios, conta a lenda que um cacique teria sido convidado a fixar o local central destinado ao futuro povoamento; de pronto, o cacique fixou uma vara no chão e gritou: coré-etuba! que significa terra de muito pinhão, o que deu origem ao futuro nome de Curitiba. A vara brotou e transformou-se numa frondosa árvore.

Em 1661, Mateus Leme e Baltazar Carrasco dos Reis já residiam no vale do rio Barigui, juntamente com inúmeras outras famílias. Atingido o número mínimo de trinta famílias para que se pudesse constituir um pelourinho e a Câmara Municipal, tais homens bons solicitaram a Gabriel de Lara, Capitão-Mor de Paranaguá, a devida autorização para a respectiva instalação.

 

Pelourinho e eleições das primeiras autoridades

O levantamento do pelourinho deu-se em 1668 com a presença do próprio Gabriel de Lara, que na ocasião nomeou Mateus Leme como seu representante, outorgando-lhe o título de Capitão Povoador. Este exerceu sua autoridade de forma exclusiva, durante um período longo, até que suas condições físicas não mais puderam controlar a segurança do povoado, que sofria com o isolamento e a violência de assaltantes e ladrões.

Foi então que em 1693 Mateus Leme não teve outra alternativa senão deferir o apelo dos moradores para que fosse procedida a eleição das autoridades pera gerir os destinos da comunidade. Deferido o pedido, esta ocorreu na capela de Nª Sra da Luz e Bom Jesus de Pinhais, a 29 de março de 1693. Na ocasião, os homens bons da vila escolheram seus eleitores e estes elegeram os componentes da Câmara Municipal e as autoridades judiciárias.

A população vivia dispersa em sítios próximos ao núcleo central, em casas de pau a pique, preenchido com barro e de chão batido. Porém, eram limpas e bem cuidadas. Em 1721, o Ouvidor Pardinho catalogou um total de 1.400 pessoas como habitantes do lugar.

 

O meio social e geográfico

Curitiba, por se localizar no frontispício da Serra do Mar, desde seus primórdios, sofreu com as dificuldades comerciais com o litoral, o que fez com que ela ficasse confinada a ter de produzir e consumir seus produtos agrícolas, com pouco rendimento econômico.

Mesmo assim, o transporte da produção era conduzido ao litoral nos ombros dos escravos, só mais tarde no lombo dos animais, e trocados por sal, ferramentas, farinha ou tecidos. Em vista disso, o preço das terras e das sesmarias era muito baixo, o que dificultava sua comercialização.

A ligação por estrada de Curitiba ao litoral só se deu a partir do século XIX, com a construção através da descida da Graciosa  Em 1720 o Ouvidor Pardinho fez uma visita à Vila de Curitiba, tendo tomado diversas medidas com vistas ao desenvolvimento e melhoria econômica dos moradores. Mas foi só a partir de meados do século XIX que este desenvolvimento começou a deslanchar.

 

Material escrito por Antônio Celso Mendes, da cadeira 34, baseado no livro de Ruy Christovam Wachowicz.