Motivação inicial: A geografia do Paraná em seus três planaltos.

 

Ocupação dos campos de Guarapuava

A ocupação das faixas territoriais a oeste do Tratado das Tordesilhas foi uma epopeia histórica digna de ser rememorada. Ora, aconteceu que após a destruição das reduções jesuíticas pelas bandeirantes paulistas, apenas em 1750, portanto 120 anos após, com a assinatura do Tratado de Madri, tornou-se possível a extensão das fronteiras portuguesas até o curso do rio Paraná.

Porém, uma guerra entre Espanha e Portugal, onze anos após, fez retornar a confusão quanto aquela repartição, voltando a reinar o caos na região. O objetivo dos espanhóis era a destruição da colônia de Sacramento. Para tanto, sob a liderança de Pedro de Cebalos, invadiram o Rio Grande do Sul, ameaçando chegar até São Paulo.

Os portugueses não ficaram inertes, tendo o Marquês de Pombal, ministro de D.José I, enviado seu preposto D. Luis Antonio Botelho Mourão, o Morgado de Mateus, para defender São Paulo e consolidar a ocupação portuguesa a oeste. Chegaram até a propor uma guerra ao Paraguai, porém, a falta de meios em pessoal e armas fê-los desistir do propósito.

 

A defesa do litoral paranaense

Preocupado com a segurança do litoral, o Morgado de Mateus nomeou seu sobrinho Afonso Botelho de Sampaio e Souza para administrar o litoral, com as tarefas urgentes de construir uma fortaleza na Ilha do Mel (1767), ocupar a praia de Guaratuba e criar o povoado de São José de Ararapira (foz do rio Ribeira).

Ora, o esgotamento dos veios auríferos da região deixou a população extremamente pobre, a chamada gente dos pés descalços e apesar dessa pobreza, acabaram por colaborar com Afonso Botelho na execução daquelas tarefas. Dois anos depois estava pronta a fortaleza e em 29 de Abril de 1771 ocorreu então a elevação do pelourinho e a construção da capela de Guaratuba.

 

Desbravamento do sertão

Com a revogação do Tratado de Madri, o marquês de Pombal e D.Luis intensificaram a penetração pelo interior, substituindo os fortes militares por populações civis, o que lhes traria mais direitos de posse. A vila populacional de Lajes, em território catarinense, foi um dos resultados dessa estratégia.

 

Bandeiras de Afonso Botelho

Em breve período de seis anos (1768/1774), Afonso Botelho realizou no planalto paranaense uma obra de ocupação de grande monta:

  1. Reanimou a ocupação das vilas da Lapa e de Castro.
  2. Realizou 13 expedições de bandeiras ao interior.
  3. Consolidou a ocupação dos capôs de Guarapuava.

 

As principais bandeiras empreendidas foram:

  1. 1768, do capitão Estevão Ribeiro Baião, destinada a alcançar o rio Paraná, pelos caminhos de Campo do Mourão.
  2. 1768, do tenente Domingos Lopes Cascais, destinada a conhecer a navegabilidade do rio Iguaçu.
  3. 1769, Bruno da Costa Filgueira comandou uma expedição pelo rio Iguaçu, vindo a falecer de acidente.
  4. 1769, de Antonio Da Silveira Peixoto, com 85 homens, penetrou no rio Paraná. Feito prisioneiro dos espanhóis, ficou sete anos preso em Buenos Aires. Libertado, voltou doente e pobre para Paranaguá.
  5. 1770, de Cãndido Xavier, que alcançou os campos de Guarapuava.
  6. 1771, de Francisco Martins Lustosa. Alcançou a Serra da Esperança, já no terceiro planalto, praticando agricultura no local.

 

Emboscada nos campos de Guarapuava

Em virtude das dificuldades de Cândido Xavier em dominar a ocupação dos campos de Guarapuava, Afonso Botelho, como governador da Capitania, resolveu ir pessoalmente à região para concretizar o trabalho.

Tudo parecia bem, até que os índios montaram uma emboscada contra os soldados a pé, que foram então martirizados. O capitão Francisco Carneiro Lobo, que estava a cavalo, conseguiu retornar vivo para relatar o acontecido.

Diante da resistência indígena, resolveu o governo português abandonar a região, mais uma vez, por um período de quase quarenta anos. Com a assinatura do Tratado de Santo Ildefonso, em 1777, pode então a coroa portuguesa assegurar a soberania sobre a região. Com a chegada da família real de D. João VI ao Brasil, em 1808, conseguiu a população branca dar combate sistemático aos índios, capturando-os e escravizando-os.

 

Diogo Pinto de Azevedo Portugal

Tal tarefa coube a Diogo Pinto de Azevedo Portugal, que abriu uma estrada a partir de Castro, com o apoio de quase 200 soldados, recrutados em Curitiba, com a finalidade de ocupar definitivamente a região. Contando com o auxílio do padre FRANCISCO CHAGAS LIMA, este pôde realizar uma obra extraordinária de catequização dos indígenas, até que entrasse em conflito com o comandante militar, que desejava a integração entre brancos e índios.

Em seguida, a fortaleza construída por Diogo, chamada ATALAIA, foi substituída pela construção de uma capela, em outro local, com o nome de Nossa Senhora de Belém, onde hoje está a cidade de Guarapuava.

 

Material escrito por Antônio Celso Mendes, da cadeira 34, baseado no livro de Ruy Christovam Wachowicz.