Além de um dos maiores advogados do Brasil, René Ariel Dotti foi o grande intelectual do Paraná, ao lado do professor e crítico literário Wilson Martins. Mais ainda, o brilhante e notável jurista foi um reconhecido ator. Com sua paixão pela dramaturgia, construiu no centro de sua própria casa um pequeno palco italiano; lá recebia poucos e bons amigos em troca de um abraço. A carreira teatral do jovem René Dotti não foi longa. Foi suficiente para se inscrever na história do teatro paranaense, ao lado de outros importantes nomes: Ary Fontoura, Odelair Rodrigues, Lala Schneider, Maurício Távora, José Maria Santos, Ione Prado, Oraci Gemba, Yara Sarmento, Manoel Carlos Karam, para citar os de recente memória.
O grande orador que conhecíamos aprendeu as técnicas de respiração e impostação de voz no proscênio do falecido Teatro de Bolso, na Praça Rui Barbosa. Quando estreou nos tribunais, o talento do intérprete fez dos presentes coadjuvantes. Uma voz que se elevou especialmente na defesa dos perseguidos nos anos de silêncio do governo militar. Não há como esquecer daquele timbre.
A lembrança do advogado que construiu o seu próprio palco veio do escrito pelo jornalista Jaime Lechinski: “René Dotti sai de cena. Sobe ao palco a memória de um dos grandes do Brasil”.
Na foto, do acervo de Nautilio Bronholo Portela Branco, o então secretário de Cultura do Paraná René Ariel Dotti anuncia o tombamento do prédio do Teatro 13 de Maio, num dia de apresentação da peça “Pinha, pinhão, pinheiro”, de Enéas Lour, com Paula Giannini III, Francisco Moura, Regina Bastos, Carlos Manuel, Mario Schemberger, Claudia Ortiz e Nautilio Bronholo.