A constatação de relações, linhas e números que são padrões constantes nas pesquisas, refletindo a condição de estabilidade presente nos diferentes fenômenos, sejam eles matemáticos, geométricos, físicos, ou biológicos, é ocorrência comum entre os pesquisadores. Como exemplos, temos na matemática o número pi, na microfísica o quantum de PLANCK, a velocidade da luz de EINSTEIN, o princípio da incerteza de HEISENBERG; na arquitetura, as proporções áureas, usadas por FÍDIAS; na biologia, os formatos na nervura das folhas (MATURANA), sempre obedecidos.
Ora, tais constâncias não são aleatórias, mas nos indicam um padrão de conformidade ínsita na própria Natureza, garantindo a sua racionalidade. Por outro lado, importa ressaltar a fertilidade da mesma em produzir simetrias ou a beleza expressa pela duplicação das linhas a partir de um eixo, como ocorre no micro e no macrocosmo.
Dessa forma, constatamos simetrias nas asas das borboletas, na diagonal dos círculos, nas raias dos fractais, nos lados simétricos do corpo humano, nas rimas poéticas, como aspectos duais destinados a produzir a harmonia do conjunto. A palavra simetria alude ao que se opõe e se complementa, deixando-nos a impressão de que o oposto não é o contrário, mas sim a inteireza da expressão estética.
Ainda mais, no microcosmo, há o caso das partículas negativas e positivas, elétrons de spin girando ao contrário, ondas de energia que se chocam, permitindo o aparecimento da luz, etc. Ora, isto reforça nossa convicção de que os dualismos são igualmente simétricos em sua natureza, como conflitos a indicar sua superação expressiva: 1,2…3 e tudo se perfez.
Ora, isto demanda a importância de realçar os aspectos triádicos que envolvem tudo o que ocorre no Universo e com as circunstâncias humanas, dando-nos a indicação de que os dualismos existem para permitir a sua superação, refletindo sua homologia a uma trindade dialética (tese, antítese e síntese).
Dessa forma, somos conduzidos a imaginar como todas as oposições que se constatam em nossa realidade física e psíquica são apenas veículos ou maneiras de se atingirem formas de ultrapassagem, a colimação de um terceiro que seria a plenitude dos objetivos a serem alcançados. Ora, isto deveria mudar completamente nossa maneira de considerar a dinâmica da criação, que não se esgota nas oposições, mas necessita superá-las, como num ato que as redime, pela graça de uma Trindade.
Um dois que só se completa num três deve ser para nós uma abertura mística que supera todas as aparentes oposições da Natureza, nos fornecendo a certeza de que a criação não se frustra em suas contradições, mas demanda sempre a importância fundamental de nossa mente em compreender o estágio superior que as integra. Assim ocorre com a vida, a morte e a certeza na sobrevivência. Ora, isto é conquista de fé e confiança na identidade entre nossa inteligência e as circunstâncias concretas da Natureza, uma similitude inteligente que nos indica como tudo está bem feito, conforme concebeu o poeta:
O oposto é simetria
Qual suceder da noite ao meu dia
Fazendo surgir das trevas a porfia
Do clarão da madrugada, que ousadia!