Vivemos num Universo mágico que não é fruto de nossa imaginação. As pesquisas científicas cada vez mais nos surpreendem com as suas descobertas fantásticas, nos demonstrando que a realidade cósmica não é algo natural, mas é a convivência sobrenatural de fenômenos etéreos que ultrapassam sobremaneira a pura acidentalidade. Dito melhor, uma ocorrência impregnada de sentido.
Quem imprime esse sentido à realidade é a presença em nós de um Espírito que consegue, com suas propriedades, captar a magia virtual e simbólica percebida na Natureza, que ultrapassa as categorias normais da racionalidade consequente. Dessa forma, tudo passa a ser extraordinário, por se constituir num milagre de intensa transcendência, tornando-se aparente como a eclosão do inusitado. A partir daí, tudo passa a ser alquímico e surpreendente, dando a aparência de serem milagrosos, porque surgem a partir de pressupostos não determinísticos, ou quânticos.
Dessa forma, o primeiro pressuposto alquímico é a existência do Big Bang, que ao gerar energia, rompe o marasmo da inação, tornando possível o surgimento da luz, que é produzida por ondas vibráteis, como uma dança de Shiva, o deus indiano que faz tudo acontecer, semelhante ao Espírito Santo. Outro fenômeno espetacular da Natureza é a transposição do micro para o macrocosmo, tornando possível o surgimento de fenômenos observáveis pelos nossos sentidos. O colorido escondido da cor branca, a geração de seres vivos, a variação nas cores das flores, são outros tantos fenômenos alquímicos que causam nossa admiração.
Em complemento, a textura da água, resultante da combinação de dois gases estranhos, dando condições para o surgimento da vida, é outra ocorrência alquímica de importância, sem a qual não estaríamos aqui para testemunhar os milagres que presenciamos. Devemos à presença da água as condições para o surgimento e a regeneração dos ecossistemas, sem os quais não teria sido possível o surgimento da vida.
A causação ascendente dos fenômenos ou a produção de hólons em sucessão evolutiva é outro fenômeno a indicar um direcionamento constante visando o melhor, o mais adaptado, coisa que a materialidade pura jamais poderia produzir. Por isso, o fato da existência de que a matéria possa evoluir do átomo até os seres vivos é uma indicação forte de que há uma transcendência ínsita na Natureza, a conduzir nossa crença de que ela é uma criação divina, sobrenatural.
A comunicação a distância dos átomos e de nossa consciência é outro fenômeno espetacular, uma dinâmica quântica que rompe com as leis determinísticas da matéria, nos levando à concepção de que subjaz ao surgimento de tudo, um show cósmico imprimindo mágica ao Universo, tornando–o não apenas material, mas dotado de espiritualidade intrínseca.
Em conclusão, nossa concepção natural é supor uma causação descendente, proveniente de uma Providência Divina que a tudo organiza, tornando o Universo passivo em seu desenvolvimento. Ora, essa atitude tende a eliminar a possibilidade de livre arbítrio por parte de nossa liberdade. Por outro lado, o melhor seria optarmos por uma concepção não dualista, na qual um panenteísmo imanente pudesse conceber o Universo como autotranscendente, no sentido de supô-lo dinâmico e responsável por sua própria evolução, um processo contínuo de autonomia do Espírito, como queria Hegel. Aqui, a responsabilidade de cada um se faz mais importante, o que não é pouco.