Acadêmicos indicam livros – os preferidos de Nilson

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Apresento sete livros que, entre centenas de lidos (inclusive a Bíblia!), marcaram minha vida, por enquanto, em suas décadas. De “Le Petit Prince”, de Antoine Sant-Exupéry, passando por “Terra Vermelha”, de Domingos Pelegrini, “Olhai os Lírios do Campo”, de Érico Veríssimo, “Estrela Solitária”, de Ruy Castro, “Cem Sonetos de Amor”, de Pablo Neruda, “O Livro dos Ignorãças”, de Manoel de Barros, a “Reunião”, de Carlos Drummond de Andrade, indico-os para sempre para o bem das pessoas.

Nesta pandemia, inclusive vitimando inteligência, se possível sempre leiam!

1

O primeiro que li, por volta dos 11, 12 anos, me acompanhou por bom tempo e várias leituras (voltei à sua leitura na adolescência e depois durante o curso de Literatura Francesa na universidade, por obra e graça da professora Martha Dequech, que me deu um exemplar do livro no idioma de Marcel Proust). “Le Petit Prince”, de Antoine de Saint-Exupéry, marca, pois, minhas décadas. Quanto o conheci, li, junto, “Meu pé de laranja lima”, de José Mauro de Vasconcelos.

2

Entre tantos do escritor Érico Veríssimo, “Olhai os Lírios do Campo” para mim, e para o mundo leitor, é antológico. Lançado em 1938, este romance, de fácil leitura, apresenta diversificadas facetas que se resumem em segurança versus felicidade.

3

“Terra Vermelha”, do londrinense Domingos Pellegrini, é outro antológico. Com cheiro e cor das pessoas cujos perfis são muito comuns a cada um de nós, descreve a ocupação e a alma humana semeada em um pedaço fértil deste Paranazão, o seu Norte, onde a fertilidade das terras, comparada aos Balcãs na Rússia, é extrema e foi colo para tipos humanos inesquecíveis.

Para mim, “Terra Vermelha” é a obra-prima do Pellegrini e um dos romances mais significativos para se entender a porção humana desse país.

4

Li inúmeros livros sobre e de futebol, como amante desta arte, e, claro, biografias de artistas de primeira grandeza, como Pelé e Sócrates, entre outros.

Mas, nenhum me arrastou e me grudou tanto a cada página (jogada) como “Estrela Solitária”, magnífica obra de Ruy Castro. Garrincha não foi simplesmente um ídolo, amado por todas as torcidas, mas encarnou, com defeitos e virtudes, a alma brasileira, foi a fotografia, sim senhor, do brasileiro, que entorta por um lado e é entortado por outro.

“Estrela Solitária” é mais do que uma biografia de um dos maiores jogadores de futebol do mundo em todos os tempos. É um verdadeiro romance, apaixonante, que deveria, sim, ser lido, por todos que gostam ou não do chamado “esporte das multidões”. Por isso o escalei entre meus sete livros especiais.

5

Nos anos 1970, nas aulas de Literatura, conheci melhor ao poeta Pablo Neruda, chileno, ganhador do Prêmio Nobel, autor, entre outros, do inesquecível “Lautaro” – “uma flecha delgada”. Didático, é a história, em síntese, de um líder mapuche na Guerra de Arauco durante a primeira fase da conquista espanhola de Chile. O estudei, presente no livro “Canto Geral”, durante o antigo curso Clássico (equivalente à área de Humanas no Colegial). Mas, de Neruda separo “Cem Sonetos de Amor”, uma forma poética, sem ser piegas, de falar/mostrar esse sentimento que move o mundo.

6

Ajeito as nuvens nos olhos, poeta, para falar desse livro, entre todos teus que desconcertam o universo e dão valor a um lagarto que dança em nosso chão ou na seriema que conduz o velório da alegria. E dançam ou conduzem o nosso imaginário.

Manoel de Barros, feito das lamas desse país, cavoucado nos matos e águas do Mato Grosso do Sul, é um dos maiores entre os grandes poetas daqui ou do resto do mundo, não tenho dúvidas. Faz de um prego enferrujado um verso de amor às coisas e às pessoas. Indico a todos que sabem (ou não) que a poesia está em tudo que serve demais da conta. Nosso quintal, poeta, é maior do que o mundo.

7

Havia um Drummond no meio do caminho. E nunca mais a poesia foi a mesma, nunca mais a vida foi a mesma.

Os poemas deste homem que nasceu em cidade de pedra e construiu uma visão de universo que faz nascer rosas e espinhos em meio aos caminhos, a falar dos homens presentes e seus sentimentos, deram-me, ainda imberbe, todas as dúvidas, negando-me certezas, do mundo.

Carlos Drummond de Andrade, para mim o maior e mais influente poeta brasileiro do Século XX, e, para a Biblioteca Nacional de Lisboa, um dos cinco maiores escritores em Língua Portuguesa, encerra minhas indicações.

Drummond não encerra nada, ele abre canteiros, aduba-os, para que sejam semeadas esperanças de que a Vida é maior do que Morte. Ele perpetuou Vida em cada um de seus versos ou livros. “Reunião” é uma possibilidade de conhecê-lo e saber os porquês.

 

Fotos: arquivo pessoal

 

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