Ata da reunião ordinária de 12 de março de 2020

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Aos doze dias do mês de março de dois mil e vinte, na nova sede da Academia Paranaense de Letras no andar superior do Belvedere, sito à Rua Kellers, na Praça João Cândido, realizou-se a primeira reunião mensal de 2020, sob a presidência do acadêmico Ernani Buchmann, estando presentes os seguintes acadêmicos: Dante Mendonça, Renê Ariel Dotti , Eduardo Rocha Virmond, Paulo Venturelli, Ney José de Freitas, Ario Taborda Dergint, Ernani Costa Straube, Rui Cavallin Pinto, Adélia Maria Woellner, Albino Brito Freire, Etel Frota, Chloris Casagrande Justen, Paulo Vítola, Marta Morais da Costa,  Nilson Monteiro, Aderbal Fortes de Sá, Antônio Celso Mendes, Ricardo Pasquini, Cecília Maria Vieira Helm e Antônio Carlos Carneiro Neto. Entre os convidados presentes estavam Dr. Eroulths Cortiano Júnior, Adriano Trentin, Natália Gasparin, Sílvia Bocchese de Lima, Renato Bittencourt, Eduardo Sokoloski e Arriete Abreu. O Presidente Ernani Buchmann abriu a sessão saudando a todos e comemorando o café da manhã histórico que acontece na sede nova da Academia Paranaense de Letras, depois de uma trajetória cigana por vários locais de Curitiba, como o Centro de Letras, o Instituto Histórico e o Centro Feminino de Cultura. O Presidente considera a história da sede uma saga. Após diversificadas tentativas de reformas e intervenções de governos municipais anteriores, com falta de recursos a impedir a conclusão das necessárias alterações no prédio, o Prefeito e acadêmico Rafael Greca destinou verbas suficientes para que fosse concluída a obra. O Presidente agradeceu a todos os que fizeram chegar a bom termo a conclusão da sede.  Agradeceu ainda a dois parceiros: o acadêmico Carneiro Neto por suas gestões junto ao Tribunal de Justiça para a doação dos móveis e à OAB, que doou outra parte do mobiliário que tornou possível termos uma sala de reuniões que abriga até 35 pessoas. Por aprovação unânime do plenário será reproduzido a seguir nesta ata o discurso de inauguração do Belvedere, sede da Academia, proferido pelo Presidente Ernani Buchmann em 19 de dezembro de 2019. “Caro prefeito Rafael Greca, que nos dá a honra de poder receber este Belvedere restaurado para sediar a Academia Paranaense de Letras, da qual V. Excia. é membro desde o ano 2001, e com quem dividi o encargo de trazer nos braços para este espaço, ao fim de um espetáculo de Natal estrelado pela bailarina Ana Botafogo, o cravo do maestro Roberto de Regina, que ameaçava se desfazer – o cravo e o maestro – sob a garoa daquela noite de dezembro de 1979; caro Vice-Governador Darci Piana, também  presidente do Sistema Fecomércio Sesc Senac Paraná e membro da nossa Academia; ilustres Senadores e acadêmicos Oriovisto Guimarães e Flávio Arns, que nos orgulham por representar a Academia Paranaense de Letras em Brasília; nossos acadêmicos, os quais saúdo na pessoa de Eduardo Rocha Virmond, expressão nacional de competência na administração da cultura; demais autoridades presentes,  convidados, Senhoras e Senhores. A Academia Paranaense de Letras, expressão máxima da cultura paranaense foi criada em 1936, por iniciativa de Ulysses Vieira e seus companheiros do Centro de Letras do Paraná, sem que seus fundadores pudessem suspeitar que a nova entidade vagaria como o fantasma do pirata Zulmiro por oito décadas, sem possuir um lugar para chamar de seu. Nascemos dentro do Centro de Letras e depois andamos mendigando teto no Instituto Histórico e Geográfico do Paraná, na década de 1950, voltamos ao Centro de Letras – que nos abrigou por quase 50 anos, em troca do pagamento anual do alvará do Corpo de Bombeiros –passamos pelo Centro Paranaense Feminino de Cultura, pelo Sesc da Esquina, que hoje sedia a nossa biblioteca, e pela Federação do Comércio até chegarmos à casa própria. Foi preciso que a nossa então presidente, a acadêmica Chloris Casagrande Justen, patrimônio da educação e da cultura paranaenses, mobilizasse toda a classe política, da Fundação Cultural de Curitiba até o Palácio Iguaçu, para que a cessão deste imóvel para a Academia se materializasse, em 2014. Não pudemos então habitar o Belvedere, por nos ter sido entregue em condições deploráveis. Em dezembro de 2017 ficou ainda pior, quando foi criminosamente incendiado. O prefeito tomou a tarefa para si, prometeu restaurá-lo e cumpriu a promessa, de forma a que hoje estamos a testemunhar a inauguração não só da restauração do edifício, mas também da revitalização desta praça que já foi Praça do Mirante, Praça Emílio de Menezes e hoje atende por Praça João Cândido. Construído por Cândido de Abreu para ser um mirante, inaugurado em fevereiro de 1916, o Belvedere foi sede da primeira estação de rádio do Paraná, a Rádio Clube Paranaense, conhecida pela sigla PRB-2; abrigou o observatório astronômico da Faculdade de Engenharia da Universidade Federal do Paraná, o Centro Paranaense Feminino de Cultura, a União Cívica Feminina e um regimento da polícia entre outros locatários, ao longo das décadas. Quando da cessão do edifício para a Academia, aqui funcionava, vejam a ironia, a União dos Moradores de Rua. Não sem resistência, deixaram o local para que nele se instalasse a mais antiga instituição cultural sem teto do Paraná, talvez do país: a Academia Paranaense de Letras.(Quando visitei o local pela primeira vez, havia um cartaz na parede onde agora está afixada a placa: “proibido dormir neste local”). Apesar da importância da Academia, é importante esclarecer que ela se compõe de apenas 40 membros, repetindo o modelo consagrado pela Academia Francesa e pela Academia Brasileira de Letras. Somos pessoas voltadas às letras, às ciências, ao fazer cultural, mas em regra não somos dotados de posses. A Academia é entidade há mais de 80 anos em estado de vulnerabilidade financeira, com o que teremos grandes desafios pela frente, no nosso mister de desenvolver a cultura no Paraná. Por isso, foi fundamental a interseção do presidente e acadêmico Darci Piana, à frente do Sistema Fecomércio Sesc Senac Paraná, no sentido de propor a instalação de um café-escola do Senac no andar térreo, medida que vai povoar esta praça de curitibanos e de turistas, revitalizando toda a região e mostrando aos visitantes a força da cultura paranaense. A lei 13.883/14, que autorizou a cessão do Belvedere para a Academia, trouxe também a exigência de criarmos o Observatório da Cultura Paranaense, por inspiração do então Secretário de Educação e acadêmico Flávio Arns. O Observatório foi criado em outubro último, com a participação das entidades culturais colegiadas, como o Instituto Histórico, o Centro de Letras, o Centro Feminino, as diversas academias literárias aqui sediadas, associações de cunho cultural e outras entidades que possuem a promoção da cultura como um de seus propósitos, diretos ou indiretos. Em convênio com a Secretaria Estadual de Educação iremos ativar os projetos de ensino da História do Paraná nas escolas, conforme as disposições legais. Destaco, por fim, a importância de se inaugurar um espaço voltado à cultura, neste país que sofre não só com a ausência de políticas culturais, mas com a franca antipatia a ela devotada por alguns figurões de altíssimo coturno federal. Estaremos aqui, no antigo mirante, em vigília constante, na certa sob os olhares rigorosos de Cândido de Abreu, do ex-governador Manoel Ribas – que adquiriu, pelo governo do estado, este imóvel em 1932 e que viveu alguns anos aqui em frente, quando o atual Museu Paranaense era a sede do governo do estado, então Palácio São Francisco – e de tantas outras personalidades que viram esta cidade crescer e se tornar uma referência internacional em urbanismo e preservação histórica. Quero agradecer a todos que contribuíram para que esta solenidade fosse possível, em especial aos acadêmicos Rafael Greca, Darci Piana, Oriovisto Guimarães e Flávio Arns, pelo respeito à história da Academia Paranaense de Letras e pelo zelo com o seu futuro. Viva a Academia Paranaense de Letras! Muito obrigado.” Na continuidade da reunião, foi lido o Credo Acadêmico pelo acadêmico Paulo Vítola. Seguiu-se a apresentação dos acadêmicos presentes para os convidados. O Presidente informou que o Observatório da Cultura Paranaense, composto por 22 entidades culturais e também presidido por ele, em nome da APL, tendo na presidência de seu Conselho Consultivo a acadêmica Chloris Casagrande Justen, também irá se reunir nesta sala. O acadêmico Nilson Monteiro solicitou uma salva de palmas em homenagem a cinco pessoas fundamentais para que este momento histórico da Academia Paranaense de Letras pudesse existir: os acadêmicos Chloris Casagrande Justen, Flávio Arns, Darci Piana , Rafael Greca e Ernani Buchmann. No que foi pronta e intensamente atendido. A acadêmica Chloris Casagrande Justen saudou todos os acadêmicos e disse de seu orgulho em participar desta reunião mensal  da APL  e que chegamos a este resultado graças ao trabalho de todos os acadêmicos porque todos se envolveram nele de alguma forma; “é um sonho que se realiza”, disse ela. A seguir a palavra foi concedida ao Dr. Erouths Cortiano Jr. que, representando o Instituto dos Advogados do Paraná, informou que será feita uma homenagem pela referida entidade ao acadêmico dr. Eduardo Virmond, “um homem plural”, na forma de um livro de autoria de diversos intelectuais e autoridades, cujo lançamento será anunciado em breve. A seguir , o convidado Renato Bittencourt expôs, em breve histórico, o projeto que o acadêmico Darci Piana instituiu no Sesc/PR e que agora sai em primeira edição, a ser distribuída por todas as escolas públicas do Paraná. Trata-se de um conjunto de 15 fascículos cobrindo toda a cultura do nosso estado. Em um formato incomum e com ilustrações, diagramação e fotos altamente qualificadas. A distribuição será feita  a cada 3 semanas. Para demonstrar a qualidade do projeto,  foi distribuído o primeiro fascículo pelos acadêmicos presentes recebendo inúmeros elogios. A acadêmica Cecília Helm perguntou se os índios estariam contemplados nessa coleção, afirmando já ter um conjunto de entrevistas com depoimentos dos índios e que a cultura de nosso estado não é homogênea e a sociedade é multiétnica. Renato Bittencourt respondeu que o terceiro fascículo é exclusivo sobre a cultura e as etnias indígenas. O Presidente Ernani Buchmann completou afirmando que esse fascículo terá várias tribos indígenas, como os caingangues, os xetás e os guaranis; informou ainda que este é o primeiro projeto, entre outros que virão, que atende ao objetivo do projeto maior da acadêmica Chloris Justen sobre o ensino de história do Paraná. A jornalista Sílvia Bocchese de Lima, autora do futuro livro sobre a história do Belvedere, agradeceu ao Presidente Ernani Buchmann que lhe propôs a pesquisa sobre o imóvel, o que demandou consultas a jornais do Paraná e de São Paulo e aos arquivos da Biblioteca Nacional no Rio de Janeiro. Ela enumerou, entre outras informações, as várias finalidades a que esteve relaciona o prédio, desde rádio, sede de várias autarquias governamentais e associações. O Presidente acrescentou à sua fala informações relativas a um opúsculo sobre os sete pilotos que conviveram em Curitiba na mesma época no início do século XX, e afirmou que “Nenhuma cidade brasileira teve, como Curitiba, tantos pilotos voando na segunda guerra ao mesmo tempo”. O acadêmico Ernani Straube justificou suas faltas durante o ano de 2019 porque as reuniões aconteceram no mesmo dia e horário de seus compromissos no Colégio Bom Jesus. Deu também seu depoimento sobre sua participação na história do Belvedere, de vez que no ano de 1942 funcionava no prédio a Associação de Escoteiros General Rondon, do qual foi um dos fundadores. A importância desse fato é que esse foi o primeiro grupo de escoteiros do ar, que depois se espalhou pelo mundo. Aqui funcionou também a Comissão Estadual de Preços, em que era o responsável pela distribuição de cupons para a obtenção de alimentos racionados, como a possibilidade de adquirir apenas um quilo de açúcar por mês por família. A acadêmica Adélia Woellner acrescentou sua experiência em relação ao Belvedere: aqui trabalhou pela Rede Ferroviária Federal quando veio a Curitiba, transferida de Ponta Grossa, e aqui lançou seu primeiro livro de poesia. O Presidente Ernani Buchmann acrescentou a informação de que, em 1969, foi programado o espetáculo de balé “Giselle”, com Ana Botafogo, reunindo o Studio D e a Camerata Antiqua de Curitiba, com regência de Roberto de Regina, que não se apresentava nunca ao ar livre. Era a véspera de Natal e havia ameaça de chuva. Ao findar o espetáculo o público aplaudiu e pediu bis: houve a apresentação e mais uma ária e logo começou a chuva começou. O atual prefeito Rafael Greca e o Presidente pegaram o cravo de Roberto de Regina e o colocaram rapidamente para dentro do Belvedere; a impressão que tiveram do espaço é que ele era um local de “coisas atulhadas”. Finda a primeira parte da reunião, retiraram-se os convidados e passou-se à pauta administrativa. O Presidente passou ao primeiro item: o planejamento de ações para a nova sede. Algumas iniciativas já foram tomadas: trazer do Centro de Letras, onde está hospedado, o armário que contém os livros com a história da Academia Paranaense de Letras. Mesmo o espaço reduzido da nossa atual sede pode abrigar eventos de lançamentos, de cursos, de reuniões do Observatório da Cultura Paranaense. Eventualmente até saraus musicais. A presidência espera sugestões dos acadêmicos. Os acadêmicos Nilson Monteiro, Darci Piana e Paulo Vítola já se credenciaram para fazer o lançamento de seus livros na nova sede. A acadêmica Adélia Woellner propôs convidar alunos para visitar os acadêmicos, talvez uma vez por mês. Quanto às questões financeiras, há algumas despesas já realizadas: R$ 8200,00 pelos móveis adquiridos, R$ 2000,00 para cada uma das duas jornalistas encarregadas de escrever o livro sobre o Belvedere. O acadêmico Dante Mendonça propõe a exposição de artistas plásticos. Provavelmente no mês de abril haverá a exposição de Ronis Dunke, com a curadoria da acadêmica Maria José Justino. O Presidente anuncia duas doações feitas à APL: o acadêmico Paulo Torres, que mora na Flórida, onde coordena um projeto de música para hospitais, doou livros para a Academia. O Presidente informou que pretende doar ao Sesc esse material, que consiste em mais ou menos 50 caixas, com tara de aproximadamente 800 quilos. Nessas caixas estão partituras de Bento Mossurunga, sobre as quais temos interesse e podemos guardar em algum dos armários desta sede. A segunda doação é a do piano do acadêmico Ulisses Vieira, doado à APL em 1942, aproximadamente. Ele está alocado no Centro de Letras que fez um apelo para que o piano continuasse lá. “Seria justo que o mantivéssemos lá”, disse o Presidente. As duas propostas foram aprovadas. O terceiro assunto é a convocação do Conselho Fiscal da Academia Paranaense de Letras, composto pelos acadêmicos José Pio Martins, Maria José Justino e Guido Viaro, para a análise e aprovação do balanço de 2019, em data a ser marcada. O Presidente Ernani Buchmann anunciou que pretende realizar em setembro próximo o Encontro Nacional das Academias Estaduais de Letras, provavelmente na semana de 20 a 27 de setembro. Alguns eventos poderiam ser realizados no Belvedere e outros no Paço da Liberdade, coincidindo com a Semana Literária do Sesc. O acadêmico Nilson Monteiro sugeriu convidar alguém da Academia Brasileira de Letras. O Presidente sugeriu que a palestra magna pudesse ser feita por um membro da ABL. Referiu-se também à falta de respeito da Academia de Letras de Londrina, ignorando a nossa APL na composição da mesa no encontro estadual de 2019. O Presidente fez referência ainda a dois eventos envolvendo a acadêmica Etel Frota: o lançamento do livro “Amo minha idade”, sobre impressões a respeito da maturidade, escrito por várias artistas locais e realizado na Unibes Cultural em São Paulo, no dia 8 de março de 2020, e no dia 11 de março a exposição de fotos de Dani Laela, constantes no livro “Mahadevi, a árvore da vida”, da autoria de Etel Frota e Dani Laela, no café da Caixa de Assistência da OAB, no Edifício Maringá, em frente à Biblioteca Pública do Paraná. Quanto à revista da APL, o prazo de entrega ficou marcado para dia 30 de abril. O Presidente Ernani Buchmann agradeceu ao Eduardo Sokoloski, proprietário da Casa de França, e ao acadêmico Dante Mendonça a doação de dez garrafas de espumante que serão abertas ao final desta reunião para brindar a nova sede da Academia Paranaense de Letras. E com estas palavras encerrou-se a reunião, cuja ata lavrada será assinada pelo Presidente e por mim, secretária.

 

Curitiba, 12 de março de 2020

 

Ernani Buchmann                                                     Marta Morais da Costa

Presidente                                                                        Secretária

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