Ata da reunião ordinária de 12 de junho de 2019

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Aos doze dias do mês de junho de dois mil e dezenove, no 2º andar das instalações do Senac, à rua André de Barros, 750, realizou-se a reunião ordinária da Academia Paranaense de Letras, sob a presidência do acadêmico Ernani Buchmann, estando presentes os seguintes acadêmicos: Eduardo Rocha Virmond, Adélia Maria Woellner, Chloris Casagrande Justen, Ario Taborda Dergint, Nilson Monteiro, Albino Brito Freire, Cecília Maria Vieira Helm, Clemente Ivo Juliatto, Rui Cavallin Pinto, Roberto Gomes, Maria José Justino, Paulo Venturelli, Dante Mendonça, Etel Frota e Marta Morais da Costa. O Presidente Ernani Buchmann saudou a todos, agradeceu a presença e informou da visita realizada por ele e pela comissão composta pelos acadêmicos Eduardo Rocha Virmond, Chloris Casagrande Justen e Antônio Carlos Carneiro Neto ao Tribunal de Justiça, onde foram recebidos pelo Desembargador Xisto Pereira para tratar do assunto referente aos móveis a serem alocados no Belvedere. O pleito foi atendido e um convênio para todos os móveis foi assinado. além disso, o Presidente agilizou procedimentos para obter o título de Utilidade Pública para a Academia Paranaense de Letras a fim de pleitear recursos. Junto ao Banco Itaú foram realizadas ações para desbloquear a conta da APL, suspensa porque a ata de eleição da nova Diretoria não foi encontrada nas dependências do banco, embora houvesse sido apresentada em 2017. Na presente reunião serão realizadas duas eleições, uma para substituir o tesoureiro Márcio Renato dos Santos e outra para eleger o Conselho Fiscal da APL, conforme previsto no Estatuto da Academia. Já antecipando a pauta da reunião do mês de julho próximo, o Presidente convocou a todos para a aprovação oficial do Estatuto para posterior registro em cartório. A seguir, apresentou os convidados da reunião: o escritor Marco Fabiani e sua família. O acadêmico Clemente Juliatto leu o Credo Acadêmico, após o que houve a apresentação individual dos acadêmicos aos convidados. O Presidente passou a palavra ao palestrante para discorrer sobre a escrita de seu romance, “Um Bourbon para Faulkner”. O escritor Marco Fabiani agradeceu a oportunidade do convite da APL, disse de sua amizade de mais de 40 anos com o acadêmico Nilson Monteiro. Começou afirmando que a literatura faz um resgate do simbólico, da fantasia, do sujeito enquanto razão e irracionalidade e da condição emocional dos personagens narrados. Afirmou ser um leitor e admirador de Faulkner, um escritor que organizou de maneira primorosa as ressonâncias nas pessoas e na cultura do sul dos Estados Unidos no período pós-Guerra. Sempre de forma trágica, em que cada um percorre o seu caminho de sofrimento. Faulkner reconstrói a atmosfera e constrói uma linguagem própria composta por vocábulos em desuso, por uma forma arrastada, um “estilo reiterativo” e espiralado. Em 1949, William Faulkner recebeu o prêmio Nobel e, em 1954, visitou o Brasil para o Congresso Internacional de Escritores em São Paulo. Na semana em que aqui permaneceu aconteceu o episódio do atentado da rua Toneleros: o Brasil estava, por isso, em um período de crise política. Ele veio como embaixador cultural dos EUA, mas não se fez presente na Conferência um dia sequer. De espírito encrenqueiro, irreverente, frequentava os bares próximos ao hotel Esplanada, em que estava hospedado. Aonde ele ia enquanto permaneceu em São Paulo? A partir dessa pergunta, Marco Fabiani construiu a ficção de seu romance. Para acentuar as características comuns de nossos países, habitados por imigrantes e tendo vivido a experiência trágica da escravidão, criou um personagem (John Clark), descendente de um coronel americano confederado e falante de inglês, que trabalha como garçom em um dos bares paulistanos. O romance narra esse diálogo e troca de experiências entre o rapaz e o famoso escritor, sempre numa chave ficcional. Depois do encontro com Faulkner, Clark “nunca mais foi o mesmo”. o palestrante terminou sua fala com a leitura de um fragmento do romance. Os aplausos foram gerais e calorosos. A palavra aberta aos presentes foi usada pelo acadêmico Nilson Monteiro para acrescentar que os romances do escritor londrinense foram adaptados também para a cena teatral, referindo-se especialmente ao texto “A memória é um pássaro sem luz”. Esse espetáculo será apresentado em 24 e 25 de outubro no Memorial de Curitiba. O Presidente Ernani Buchmann referiu-se às fases da obra de Faulkner e de sua importância nos anos sessenta do século passado, em especial pela disputa com Hemingway pela vendagem de livros e informou que seu livro preferido é “Enquanto agonizo”. O palestrante informou que a fase mais importante da obra do escritor norteamericano se deu entre 1929 e 1942 e que ele foi um escritor irregular, tendo também escrito roteiros para cinema. A acadêmica Etel Frota insistiu na relação entre o homem e a obra, salientando a força de presença do escritor, modificando o garçom que o atendia. A acadêmica Marta Morais da Costa indagou da presença da linguagem faulkeriana no livro de Marco Fabiani. Este confessou a tentativa de reproduzir o modo de escrita de seu autor preferido. Encerrou-se a primeira parte, tendo os convidados se retirado do recinto, acompanhados pelo acadêmico Nilson Monteiro. A segunda parte começou pela reiteração do Presidente que o que fazemos nas reuniões das APL é falar de cultura e este tem sido o procedimento frequente de sua gestão. A seguir, considerou aberta a Assembleia Extraordinária para a eleição do Tesoureiro da Academia Paranaense de Letras para o período 2019-2020. Procedida a eleição, conforme as normas estatutárias, foi eleito por unanimidade o acadêmico Nilson Monteiro como o novo Tesoureiro da APL. Pelos mesmos procedimentos, foi realizada a eleição do Conselho Fiscal da Academia, sendo eleitos para a função os acadêmicos José Pio Martins, Maria José Justino e Guido Viaro, em chapa única, eleita por unanimidade. A seguir, o Presidente deu notícia do andamento da reforma do Belvedere em que, para as fundações do poço do elevador e do deque vizinho haverá necessidade de um parecer arqueológico, autorizando os trabalhos. Esse parecer já foi solicitado ao Museu Paranaense. O Presidente informou que está sendo elaborado pelo departamento jurídico o convênio com o SENAC para a instalação da cafeteria no térreo do Belvedere. Haverá à disposição dos frequentadores um folheto detalhando o histórico do prédio. A seguir o Presidente apresentou um relatório dos serviços prestados à comunidade para conhecimento e aprovação dos acadêmicos presentes à reunião. Esse relatório vai transcrito fielmente a seguir. “Relatório de prestação de serviços à comunidade – Com o objetivo de atender o disposto n Art. 2º, §4º, inciso VI, da Lei nº 13086, de 6 de janeiro de 2009, aprovada pela Câmara Municipal de Curitiba e sancionada pelo Prefeito Municipal, a Academia Paranaense de Letras elaborou o presente Relatório de prestação de serviços à comunidade, o qual, depois de apresentado ao plenário da instituição na reunião ordinária do dia 12 de junho de 2019, foi aprovado e transcrito em Ata, devidamente registrada em cartório para que desta maneira produza seus efeitos. Fundada em 26 de setembro de 1936, a Academia Paranaense de Letras é reconhecida como a entidade máxima de cunho acadêmico-cultural do Estado do Paraná, por contar com personalidades de renome nas áreas das letras e das ciências. Entre seus 40 membros, eleitos de forma vitalícia, destacam-se os nomes do Vice-governador Darci Piana, dos Senadores da República Flávio Arns e Oriovisto Guimarães, do Prefeito de Curitiba Rafael Greca de Macedo, dos ex-Secretários de Cultura do Paraná René Ariel Dotti e Eduardo Rocha Virmond, do ex-Deputado Federal Léo de Almeida Neves, do ex-presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região Ney Freitas, do Reitor Emérito da PUCPR, Clemente Ivo Juliatto, do Reitor da Universidade Positivo, José Pio Martins, além de autores de grande notoriedade. Ao longo das últimas nove décadas, a APL teve como componentes os mais expressivos nomes das letras paranaenses, trabalhando em caráter permanente a favor da nossa língua e da nossa cultura, atendendo seus preceitos estatutários. Entre as atividades desenvolvidas destacam-se: Semana de História – Elaborada pelo historiador Ruy Wachowicz em 1995, e já atingindo a edição nº 25, a Semana de História é promovida em conjunto com o Instituto Histórico e Geográfico do Paraná. Tem seu público entre professores e estudantes dos cursos de Letras, História e Artes, e aborda anualmente aspectos importantes da História do Paraná, como a Revolução de 1894, a Guerra do Contestado, a participação dos pracinhas paranaenses na 2º Guerra Mundial e outros. Nas últimas edições, entre outros, ministraram palestras no evento os Acadêmico da APL Laurentino Gomes e Etel Frota, o presidente do IHGPR Paulo Hapner, os advogados Eroulths Cortiano Júnior e Rogéria Dotti, o professor Renato Mocelin. Palavra Viva – Evento de caráter literário promovido anualmente pelo Colégio Positivo para seus alunos do 1º Grau, o Palavra Viva mantém convênio com a APL desde os anos 2000, para o julgamento das obras, com a participação das Acadêmicas da APL Chloris Casagrande Justen, Adélia Maria Woellner e Marcio Renato dos Santos. Academia Vai à Escola – Projeto idealizado pela Acadêmica Chloris Casagrande Justen, ele é caudatário da Lei nº 13.381/2001, concebida pela referida escritora, adotada e aprovada pela Assembleia Legislativa do Paraná e sancionada pelo Governador do Estado, tornando obrigatório o ensino da História do Paraná nos cursos Fundamental e Médio do Sistema Estadual de Ensino do Paraná. No entanto, sua aplicação encontra-se suspensa, em vista das dificuldades da Secretaria Estadual de Educação para colocar em prática o previsto na lei. Sua concepção prevê a participação dos acadêmicos membros das 21 Academias Regionais e Municipais de Letras em atividade no Paraná ministrando palestras, em caráter gratuito aos alunos das referidas escolas (ver Observatório da Cultura Paranaense). Lendas do Paraná – Promovido juntamente com o Sesc, o projeto Lendas do Paraná teve sua primeira edição em 2018, com a participação de 7.516 alunos. Envolve alunos do 1º Grau de escolas públicas de todo o estado. Os alunos escolhem uma lenda a ser contada, desenham sua concepção visual da lenda e relatam seu conteúdo. Foram selecionados 95 relatos, e seus autores, selecionados por faixa etária, acompanhados dos respectivos professores e pais, foram recebidos em Curitiba, vindo das mais diversas regionais do Paraná, para a solenidade de premiação no Sesc da Esquina. Os vencedores e seus responsáveis receberam medalhas, diplomas e um fim de semana gratuito no Hotel Sesc Caiobá. Remição pela leitura – O projeto da Secretaria da Justiça e da Cidadania, que permite a remição da pena por meio da leitura para presos no Sistema Prisional do Paraná, conta com o apoio da APL, que destacou seus acadêmicos Nilson Monteiro e Ernani Buchmann para que ministrarem palestras para os apenados no complexo de Piraquara sobre a importância da leitura. Projeto de Formação de Leitores Maria do Ingá – idealizado pelo Deputado Estadual Homero Marchese, o projeto conta com o apoio operacional e institucional da APL, que designou a Acadêmica Marta Morais da Costa para a gestão conjunta. Prevê a leitura e análise crítica de obras da literatura brasileira de reconhecido mérito por partes de alunos de escolas públicas. Adotado inicialmente em Maringá, terra do Deputado Homero Marchese, o projeto parte agora para adquirir abrangência estadual. Observatório da Cultura Paranaense – Previsto da lei estadual que concedeu por 25 anos o palacete Belvedere, localizado no Setor Histórico de Curitiba para a Academia Paranaense de Letras, o Observatório será implantado a partir da inauguração do restauro do citado edifício – prevista para o último trimestre do corrente ano. Será gerido pela Academia Paranaense de Letras, com a supervisão da Secretaria Estadual de Educação, por meio de convênio já firmado, e abrangerá as entidades de cunho cultural independentes instaladas no Paraná, a exemplo da Academia Paranaense de Letras Jurídicas, Associação das Academias de Letras, Ciências e Artes do Paraná, Academia de Cultura de Curitiba, Academia José de Alencar, Centro Paranaense Feminino de Cultura, Centro de Letras do Paraná e União Brasileira dos Trovadores – capítulo Paraná. Terá como objetivo o de promover a divulgação da História do Paraná em todos os cenários educacionais e culturais do estado. Reedição de livros de autores paranaenses falecidos – Projeto da APL em parceria com a Biblioteca Pública do Paraná, prevê a redescoberta de autores paranaenses de relevância que, de outro modo, ficarão esquecidos pelas novas gerações. O primeiro volume foi editado em 2018, constituído pela obra Noite do Absoluto, de Ernani Reichmann, editado originalmente em 1978. Os entendimentos com a BPP preveem a edição periódica de novas obras.” (fim do relatório). O Presidente abriu para sugestões de nomes e obras o próximo livro a ser editado dentro desse último convênio, informando que a Biblioteca Pública do Paraná tem verba para a edição de 10 autores. entre as sugestões, foram levantados os nomes de Walmor Marcelino, Davi Carneiro e Manoel Carlos Karam. O Presidente retomou a informação de que a reunião do próximo mês de julho prevê a aprovação oficial dos Estatutos da Academia, já com a prestação de contas aprovada pelo Conselho Fiscal recém-eleito. Quanto à Semana de História, a intenção e repassar ao Instituto Histórico e Geográfico do Paraná a responsabilidade pela realização do evento, dado que os custos não justificam a pouca frequência de participantes da APL. O acadêmico Eduardo Virmond informa que já está pronta a formatação da revista número 69 e elogia os poemas enviados pela acadêmica Adélia Woellner. Foi levantada a possibilidade de parceria com escolas e universidades para a Semana de História, por sugestão das acadêmicas Etel Frota e Adélia Woellner. O Presidente reiterou o convite para a palestra do acadêmico Laurentino Gomes no Supremo Tribunal Federal na próxima sexta-feira, dia 14 de junho. Informou também que a acadêmica Chloris Justen receberá homenagem dos servidores do Tribunal de Justiça do Paraná no dia 13 próximo. Na reunião de julho, a palestra será sobre Filosofia e estará sob a responsabilidade do acadêmico José Pio Martins e será no prédio ao lado, tendo em vista que a sala ocupada normalmente estará sendo reformada. A acadêmica Etel Frota informou sobre sua participação no projeto A utopia em cena, a partir da oficina de dramaturgia realizada sob a orientação do dramaturgo Aderbal Freire-Filho, foi apresentada no período de 5 a 8 de junho p.p. no Centro Cultural Sistema FIEP a leitura dramática das peças: “Sísifa encaixotada”, de Ângela Stadler, “Ninguém”, de Luiz Lucena, “Pobres diabos”, de Lucas Komechen, “Casca”, de Maíra Weber, “Rastros em preto e branco”, de Titi Souza e “Ato, fato, relato”, da citada acadêmica, que terá um novo texto apresentado no dia 18 próximo. A acadêmica Adélia Woellner deu ciência do desenvolvimento do seu projeto de formação de leitores, realizado em Quitandinha e Malllet, com a participação de crianças e concurso de textos para encarte em seu livro. O Presidente anunciou uma publicação sobre o antigo Hotel Cassino de Foz do Iguaçu realizada pelo SENAC, que terá sequência com publicações sobre a Estação Saudade e o Teatro de Bela Vista do Paraíso, com textos de Miguel Sanches Neto. Nada mais havendo a tratar, o Presidente encerrou a reunião, da qual eu, secretária, lavrei a presente ata que irá assinada pelo Presidente e por mim.

 

Curitiba, 12 de junho de 2019

 

Ernani Buchmann                                              Marta Morais da Costa

Presidente                                                          Secretária

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