Devo a Sta. Faustina (1905/1938) a inspiração para escrever alguns comentários sobre as virtudes da gratidão como qualidades de nosso comportamento, tão pouco consideradas em nossa cultura ocidental, ávida apenas em ensinar tecnologias destinadas a desenvolver o desempenho profissional de cada um.

Assim, pode-se aprender a exercer a gratidão como se aprende a falar ou escrever bem, uma disciplina que deveria constar do currículo de todas as escolas fundamentais, capacitando as pessoas a serem verdadeiros seres humanos, o que não acontece hoje, numa sociedade embrutecida pela violência e o desamor.

Pois, aprendermos a sermos gratos implica em primeiro lugar uma atitude de aceitação humilde do fato de nossa existência, uma oportunidade excepcional de nos encontrarmos fora do nada, o convívio no mundo dos viventes, uma ocorrência única que só se manterá no mundo virtual dos colapsos quânticos.

Em segundo lugar, o reconhecimento de que nossa vida é uma ocorrência aleatória, fato que nos conduz também a pensar como deveríamos desempenhá-la, depois de termos nascido sob condições biológicas exclusivas, num tempo e num espaço que poderiam ser outros, melhores ou piores.

Dessa forma, manifestar em todos os momentos uma atitude de gratidão será a forma mais compatível com a nossa condição humana, o que significa estarmos sempre abertos a acolher as graças que recebemos, a vivência espiritual das qualidades de que somos possuidores, por uma dádiva divina da Natureza.

Assim, ser grato é dar o passo inicial para nos transformarmos em verdadeiros seres humanos, uma atitude que deveria estar presente no comportamento de todas as pessoas dignas desse nome, o que se conseguirá somente depois que as famílias e as escolas passarem a educar seus cidadãos no caminho do bem, algo fundamental como condição para a vida harmoniosa da sociedade. Que Santa Faustina, a padroeira da misericórdia divina, que com sua graça, seja nossa missionária na disseminação das atitudes de gratidão, as principais que deveríamos exercer, em nossa condição de seres à mercê de todos os determinismos.

  • Autor: acadêmico Antonio Celso Mendes
  • Foto: arquivo APL
  • Imagem: Avi Chomotovski por Pixabay