Jeorling Cordeiro Cleve nasceu em Guarapuava em 31 de julho de 1932, filho de Aloísio Guimarães Cleve e Henriqueta Cordeiro Cleve. Casado com Dirce Doroti Merlin Cleve, foi pai de quatro filhos. Estudou no Grupo Escolar Visconde de Guarapuava, no Colégio Nossa Senhora de Belém e no Ginásio Estadual Professor Francisco Carneiro Martins, todos na cidade em que nasceu.
Formado pela Faculdade de Direito da Universidade Federal do Paraná, em 1957, fixou-se após a formatura em Pitanga, cidade da qual se tornou Cidadão Honorário e onde foi advogado, promotor público interino e professor. Em Pitanga, foi um dos responsáveis pela instalação e funcionamento do ginásio estadual, durante a década de sessenta do século passado.
Em 1966, mediante concurso público, ingressou na magistratura. Foi juiz substituto em Foz do Iguaçu, União da Vitória e Pato Branco. Como juiz de direito, exerceu suas atividades profissionais em Piraí do Sul, Ivaiporã e Guarapuava. Promovido para a capital, foi titular das 3.ª e 11.ª Varas Cíveis. Ascendeu ao Tribunal de Alçada e, mais tarde, ao Tribunal de Justiça, como desembargador, atuando sempre na área cível. Foi professor de Direito Processual Civil, na Escola Superior de Magistratura do Paraná.
Produziu pesquisas históricas, como a descrita no livro Cel. Luiz Daniel Cleve – Memória Histórica, sobre a vida de seu bisavô paterno, imigrante dinamarquês, quando da comemoração dos 150 anos da sua chegada ao porto de Paranaguá. Publicou também Povoamento de Guarapuava – Cronologia Histórica, em que se refere à conquista e a saga do povoamento do terceiro planalto paranaense, Pensamentos de Todos os Tempos – Lições de Sabedoria, em três volumes, e o opúsculo Antônio de Sá Camargo, Visconde de Guarapuava. Integrou a comissão que elaborou e fez publicar, em 2003, o livro O Poder Judiciário e a Emancipação Política do Paraná: Memória Histórica, em comemoração ao sesquicentenário paranaense.
Em 2019 publicou seu último livro: Frases & Pensamentos – Temas para reflexão.
Quando de seu falecimento, a Procuradoria-Geral de Justiça do Estado do Paraná fez publicar esta homenagem ao Acadêmico:
“Ao nos despedirmos do desembargador Jeorling Joely Cordeiro Clève, destacada toga da magistratura paranaense, homem público de reputação ilibada e integridade ética, professor dedicado, que nos deixa tão belas lições de vida, além do seu notável veio poético que compôs páginas memoráveis à literatura do coração, recordamos como é lindo o viver para a eternidade. Pranteamos sua digna partida sentindo-nos também enlutados,
como instituição do Sistema de Justiça, porquanto sua trajetória está tão proximamente vinculada a nós, não apenas pelo que produziu de justo e verdadeiro no perfumado jardim de seu corajoso caminhar judicante com sua qualificada pena, por onde passou sempre honrando sua toga, como pelas sementes que nele plantou, com a extraordinária colheita de uma família pautada pelo amor à justiça, ao lado de sua eterna musa e companheira Dirce Doroti, composta por filhos que multiplicam os talentos de uma herança sem igual para o direito, Clèmerson, Luiz e Luciane, seguindo as mais nobres tradições de Themis, além da não menos digna dessa herança, Christiane.
Pena de ouro, com preparo técnico-jurídico de excelência, para além da base jus-filosófica de sua atuação judicante e acadêmica, soube conservar profunda espiritualidade numa vida marcada, em uma só palavra, por sua conhecida humanidade. O Ministério Público do Estado do Paraná solidariza-se à sua distinta família nesta quadra de dor pela perda um dos expoentes da judicatura araucariana. Que o exemplo do professor Jeorling nos contagie para o emprego da boa Justiça na consecução de paz e bem, nos estimulando a prosseguir, intimoratos, combatendo o bom combate. Como próprio para uma homenagem, que não quer se fazer despedida, já que sua doce memória permanecerá entre nós, repetimos com Drummond, “…não há falta na ausência, a ausência é um estar em mim…”!
Faleceu em 25 de junho passado.
