Ata reunião mensal de 17 de novembro de 2021

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Aos dezessete dias do mês de novembro de dois mil e vinte e um, às 10 horas, no andar superior do Belvedere, sito à Rua Kellers, na Praça João Cândido, realizou-se a reunião mensal da APL, sob a presidência do acadêmico Ernani Buchmann, estando presentes os seguintes acadêmicos: Ney José de Freitas, Ernani Costa Straube, Rui Cavallin Pinto, Adélia Maria Woellner, Guido Viaro, Etel Frota, Paulo Vítola, Marta Morais da Costa, Nilson Monteiro, Antônio Celso Mendes, Ricardo Pasquini, Maria José Justino, Antônio Carlos Carneiro Neto e Clèmerson Merlin Clève. O Presidente abriu os trabalhos referindo-se aos problemas havidos na reunião do mês de outubro por falta de aparelhos de som e microfones, o que não ocorre nesta reunião de novembro já que foi contratado um serviço de som especialmente para a reunião. O Credo Acadêmico foi lido pelo novo acadêmico, Clèmerson Merlin Clève, que, após a leitura, agradeceu a confiança em seu nome, manifesta nos votos recebidos. A seguir iniciou a reunião mensal da Academia apresentando Fátima Ortiz, graduada em 1978 pela UFPR e Mestre em Comunicação pela Universidade Tuiuti do Paraná em 2020. O Presidente acentuou a diversidade de áreas da cultura representadas pelos acadêmicos: poetas, romancistas, historiadores e cientistas das áreas médicas e jurídicas. Mas também, e inclusive, ligados de alguma forma ao teatro, como os acadêmicos Adherbal Fortes, Paulo Vítola, Marta Morais da Costa, Paulo Venturelli e, agora, Clèmerson Clève. Na palestra da convidada Fátima Ortiz, intitulada “A emoção de fazer e ser teatro”, a base foi memorialista. E nesse sentido, desfilaram pelo Belvedere nomes e obras que formam a história do teatro no Paraná, incluindo a própria palestrante cuja obra tem reconhecimento nacional. A base da reflexão apresentada foi a de que o teatro é o último e mais resistente reduto cultural em que o humano se torna humano. “O ator e a atriz são responsáveis pelo patrimônio emocional da humanidade”, disse a palestrante, completando “sou a história viva do teatro no Paraná”. Nos anos 1960, “Curitiba era uma festa”, parodiando Hemingway. era a época dos hippies e o Brasil estava na “refrega” com o golpe de 1964. Nos anos 70 do século passado, as companhias teatrais vinham para ser testadas pelo público local. Já nos anos 80 houve um relativo isolamento cultural da cidade. Teatro é um exercício coletivo, diz Fátima Ortiz, seja nos espetáculos, seja na luta pela regulamentação da profissão. Nos anos 70 coexistia o sindicato, as estreias, as passeatas, sintonizados com o movimento teatral brasileiro e com o teatro amador. A televisão acolheu os atores de teatro. Pode-se dizer que hoje não existe mais o teatro amador nos termos dos anos 60 e 70 passados. Hoje a importância dos grupos independentes, mas no passado “o Teatro Guaíra era nossa casa”. Na Rua das Flores sempre havia um ator, uma atriz, ou ambos, contando histórias ou fazendo performances. Recorda um espetáculo marcante, a Trecentina, levado à cena no Teatro Novelas Curitibanas com enorme sucesso. Confessa que “minha fama não é autoritária, vem pelo reconhecimento de outras pessoas”. No final dos anos 1970 houve reconhecimento nacional do teatro infantil. Prêmios, cursos e encontros revelavam autores e atores, como Regina Vogue. Hoje, são representativos desse teatro de qualidade o grupo Ave Lola, Delírio, Giovani Cesconetto e a Companhia Selvática. Nesse período ainda deve-se dar valor aos festivais de teatro, de que Mônica Rischbietter é uma figura a representar a resistência da arte teatral e a defesa de sua importância. Constantino Viaro foi uma pessoa que incentivou o teatro feito dentro de um ônibus que percorreu o interior do Paraná. Havia o Festival de Teatro Amador de Ponta Grossa (FENATA) e o Festival Internacional de Londrina (FILO), o mais longevo da América Latina. O que resulta desses tempos heroicos é que o teatro resistiu às crises. Como dizia Hemingway, “em tempo de crise, vá ao teatro!”. A palestrante recebeu intensos aplausos dos presentes ao final de sua fala. O acadêmico Ernani Straube trouxe aos presentes sua atuação como diretor-geral do Colégio Estadual do Paraná, um orgulho da educação paranaense na segunda metade do século XX. Referiu-se especialmente a seu apoio irrestrito às atividades teatrais no colégio: o Teatro Grego, dirigido pela professora Maria Comninos e o Grupo de Teatro Amador (GRUTA), dirigido por Telmo Faria, com apresentações até no Rio de Janeiro. Refere-se à acadêmica Marta Morais da Costa como exemplo desse trabalho educacional e artístico. O Colégio Estadual do Paraná à época tinha todas as condições técnicas e de elenco para as atividades teatrais, que cessaram por força da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, resultante do acordo MEC/USAID. O Presidente Buchmann informou que, como aluno do Colégio, teve aulas de Latim com o professor Osvaldo Arns, mas o conteúdo era na verdade o teatro grego, que estudou intensamente para obter boas notas. O acadêmico Nilson Monteiro agradeceu a aula dada por Fátima Ortiz e salientou os 50 anos de atividade ininterrupta do FILO e homenageou Nitis Jacon, sua idealizadora e diretora. A acadêmica Etel Frota pediu a Fátima Ortiz que falasse um pouco mais de sua experiência com o projeto social  e a Companhia Pé no Palco. A acadêmica informou ainda que o texto Vila Paraíso de sua autoria foi representado pelo pessoal da Vila Torres, que resultou em uma das experiências mais ricas de sua vida inteira. Fátima Ortiz continuou sua fala, informando que, em 1995, deu um curso de teatro no Teatro Novelas Curitibanas. Nasceu então o nome “Pé no Palco” e a companhia, que atuou primeiramente no Teatro José Maria Santos e depois se mudou para o bairro Rebouças, onde está até hoje. Doze grupos teatrais foram trabalhar na região, visando à revitalização do bairro e dos espaços. Apenas o “Pé no Palco” continua lá. Atua nos seguintes segmentos: companhia estável, eventos, espetáculos e ações de promoção humana. Homenageia companheiros de arte e luta como Eneas Lour e Rosy Greca. Durante cinco anos realizaram-se no espaço teatral palestras sobre os mais variados assuntos, o que aumentou ainda  mais o prestígio de que goza a companhia e o local dos espetáculos. A seguir o Presidente passou a palavra ao recém-eleito acadêmico Clèmerson Clève que agradeceu a oportunidade e declarou que foi “uma manhã esplendorosa” e que a palestra de Fátima Ortiz foi magnífica. Fez referência ao pai, o acadêmico Joerling Clève que, ao voltar a casa, após as reuniões da APL tecia considerações a respeito da riqueza das discussões ali travadas. Reconheceu a enorme responsabilidade de suceder ao acadêmico Renê Dotti, jurista, ser humano exemplar e empreendedor cultural. Lembrou que, em sua carreira profissional , foi técnico de Direito Eleitoral, quando trabalhou no sótão do Tribunal Regional Eleitoral, no prédio onde hoje está sediado o Museu Paranaense, em frente ao Belvedere. Ao final, convidou  a todos para sua posse no próximo dia 22 de novembro. O Presidente agradeceu a presença de todos e convidou para o almoço da APL no dia 15 de dezembro próximo. Informou que não será concedido nesse dia o diploma de Membro Honorário da APL a Domingos Pelegrini por problemas de agenda do homenageado. Também informou que a revista da APL já está diagramada e será publicada em 2022 com data de 2021. O mesmo ocorrerá com a biobibliografia dos acadêmicos, acrescida das informações do acadêmico Ernani Straube, com fotos e menção aos acadêmicos esquecidos até agora. No próximo ano, teremos a sucessão dos acadêmicos Jeorling Clève e Léo de Almeida Neves, falecidos neste ano que finda. E com essas palavras, encerrou-se a reunião, cuja ata lavrada será assinada pelo Presidente e por mim, secretária.

 

Curitiba, 17 de novembro de 2021

 

Ernani Buchmann                                                                        Marta Morais da Costa

Presidente                                                                                              Secretária

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