Aos onze dias do mês de setembro de dois mil e dezenove, no 2.º andar das instalações do Senac, à rua André de Barros, 750, realizou-se a reunião mensal da Academia Paranaense de Letras, sob a presidência do acadêmico Ernani Buchmann, estando presentes os seguintes acadêmicos: Dante Mendonça, Ario Taborda Dergint, Guido Viaro, Adélia Maria Woellner, Albino de Brito Freire, Etel Frota, Chloris Casagrande Justen, Marta Morais da Costa, Nilson Monteiro, Luci Collin e Maria José Justino. Justificadas as ausências dos acadêmicos Eduardo Rocha Virmond, Renê Ariel Dotti e Darci Piana. O Presidente abriu a sessão agradecendo da presença de todos e apresentando os convidados da reunião: Denize Castro, responsável pela idealização, elaboração e coordenação do projeto “Montanha dos Encantos”; Lisane Arriaga da Rosa, da Secretaria de Estado da Comunicação Social e da Cultura; Silmara Reis, representando a Copel, apoiadora do referido projeto; Lara Pessoa, da assessoria de imprensa do projeto; Heliana Grudzien, a ilustradora do livro “Montanha dos Encantos”; Neumar Carta Winter, ex-presidente do Centro de Letras do Paraná e revisora do texto do livro; Márcio Norberto, representante do Sesc Paraná, e o palestrante da reunião, o professor, roteirista, romancista e filólogo Deonísio da Silva. O Presidente saudou o lançamento do mais recente romance do acadêmico Guido Viaro, já com sete resenhas positivas publicadas; informou sobre a inauguração do Jardinete Clotilde Germiniani, em frente à entrada do Parque do Bacacheri, e o lançamento do livro “Escravidão”, do acadêmico Laurentino Gomes na livraria do Shopping Estação em 16 de setembro próximo, bem como sobre a palestra do acadêmico Clemente Ivo Juliatto no Círculo de Estudos Bandeirantes. Para a palestra foi designada a acadêmica Chloris Casagrande Justen como representante da APL. O Presidente também convidou para a solenidade de encerramento do projeto “Lendas do Paraná”, a ser realizada no Sesc da Esquina no dia 13 de setembro próximo. Quanto a este projeto, o resultado foi de 7.151 participantes e cada aluno inscrito enviou uma lenda de sua cidade e uma ilustração correspondente. Em 2019, já são 8.053 inscritos de 56 municípios paranaenses, dos quais serão selecionadas 90 lendas e ilustrações. O Credo Acadêmico foi lido pelo acadêmico Guido Viaro e seguiu-se a apresentação individual dos acadêmicos presentes aos visitantes, como de praxe. A seguir o Presidente saudou o palestrante Deonísio da Silva como um exemplo de intelectual, por suas diversas atividades como roteirista, filólogo, professor e ex-vice Reitor da Universidade de São Carlos (SP). Atualmente é professor visitante da universidade Estácio de São e diretor do Instituto da Palavra. Tendo nascido em Santa Catarina, viveu no Paraná, e morou também no Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro, onde reside. O Presidente referiu-se ao contato inicial com o palestrante já em 2012, quando era redator da revista “Helena”. Fez referência ao exotismo da Secretaria da Cultura ter sido transformada em mera repartição da Secretaria de Comunicação no atual governo estadual, já que sua existência era uma conquista paranaense. O acadêmico Dante Mendonça sugeriu o convite ao escritor Fábio Campana para uma palestra futura na APL para tratar deste e de outros assuntos. A palavra então ficou sob a responsabilidade do palestrante que iniciou sua fala dizendo que o que mais definia seu sentimento naquela data era o de alegria. Pela primeira vez, segundo ele, falava na Academia Paranaense de Letras para pessoas amigas de longas caminhadas e, sua preocupação, era de não aborrecê-las. Iniciou declarando seu gosto pelo rádio que o ensinou a lecionar. Na rádio Band News é responsável pelo programa “Sem papas na língua” há oito anos no ar. Essa participação tem como objetivo não deixar os brasileiros tão rudes: “somos bárbaros e puros: matamos 60.000 pessoas por ano e mais uns 40.000 no trânsito”. Estudou em seminário porque “minha mãe teve vocação para eu ser padre”, confessou, rindo. Em seu entender, os escritores são cobras vivas, sempre de olho em um gesto, em um olhar para transformá-los em matéria para a escrita. Escreveu o romance “Avante, Soldados, para trás!” por discordância com o filme de Sylvio Back “República Guarani”. No romance tratou da Guerra do Paraguai, apresentando um ângulo amoroso no episódio da Retirada de Laguna, contando uma história de amor entre inimigos, um general brasileiro apaixonado por uma paraguaia. Segundo Deonísio da Silva, “a mulher é a melhor parte da natureza humana.” Continuou sua preleção tratando da questão da informação, sobre o que afirmou: “em nosso tempo tudo é informado, mas não é informado direito. Hoje não se escreve bem. Todo mundo sabe como um fato histórico começa ou termina, meu desafio é encantar pelo relato.” Em seu doutorado estudou os livros proibidos no Brasil e concluiu que a censura não foi produto nacional, pois existiu nos Estados Unidos, na França e em muitos outros países. Relembrou que as universidades do Ocidente nasceram de cursos de Teologia e, portanto, a universidade mais do que cristã, é católica. Qualificou-se como “um jardineiro das palavras” e “me interesso pela viagem das palavras”. Contou a história de sua formação em seminário onde aprendeu a etimologia latina e a grega. Por isso, diferencia na palavra alegria o significado original de “ligeiro, rápido” e por isso, prefere a palavra latina “laetitia”, em que a noção de “graça, prazer e beleza” prevalece. Sua palestra foi de agrado geral e recebeu inúmeros aplausos. A seguir a palavra foi concedida à acadêmica Adélia Woellner para apresentar seu projeto de formação de leitores por meio da literatura intitulado “A Montanha dos Encantos”. Após a apresentação de toda a equipe responsável pelos encaminhamentos, justificadas as ausências de Silmara Reis, representando a Copel, apoiadora do referido projeto, Lília Souza, Presidente da Academia Paranaense da Poesia e integrante da Comissão Julgadora do Concurso Literário que integra o projeto; e Gerson Cordeiro, que fez a arte final e o acompanhamento gráfico do livro, a acadêmica expôs suas visitas a diferentes cidades de municípios paranaenses selecionadas previamente, quais sejam: Quitandinha, Pien, Mallet e Jaboti. Nesta última, já havia um trabalho consistente realizado pela professora Marli, intitulado “Descubra um escritor”, que resultou em cartas enviadas pelas crianças à escritora Adélia Woellner. Em Quitandinha as quatro oficinas, com 30 crianças cada, tiveram que ser adiadas por causa das enchentes. Em outra época o trabalho foi realizado e uma das crianças premiadas frequenta a escola desse município. Em Mallet houve uma boa organização e esforço dos participantes e os trabalhos foram realizados na biblioteca Cidadã do município. Em Piên as crianças pensavam que o trabalho iria ser uma encenação teatral, mas, mesmo sendo oficinas, o resultado foi bom. Os alunos de Jaboti foram uma excelente surpresa. Houve participação entusiasmada de todas as crianças, incluídos os pais: as paredes, as cortinas, o pátio estavam todos decorados com o material e a união da comunidade com a escola foi “fantástica”. O trabalho consistia em desenvolver a imaginação das crianças, tornando-as autoras de suas histórias, que foram motivadas pelo conhecimento da narrativa da acadêmica Adélia Woellner. A fala da autora desenvolvia várias provocações e perguntas que motivavam as crianças. As próprias professoras deixavam-se envolver pelos jogos de imaginação. Os acadêmicos Etel Frota e Nilson Monteiro puderam comprovar o resultado ao analisar os textos resultantes. Cada município selecionou dez trabalhos e foi escolhido um trabalho de cada município e um campeão geral. Foram duas as vencedoras: Amanda de Castro (10 anos, de Jaboti) e Gabriele Machado da Cruz (8 anos, de Quitandinha). Os trabalhos premiados serão publicados como encarte no livro “A Montanha dos Encantos” e as crianças virão a Curitiba no dia 14 de outubro quando do lançamento oficial do livro. A acadêmica mostrou ainda um magnífico trabalho pop up realizado pela mãe do aluno Kauan de Lima Teixeira, que deixou encantados os presentes. Concluiu sua fala dizendo “Acho que o trabalho foi bem feito. O resultado foi além da expectativa.” Os aplausos foram gerais. O acadêmico Nilson Monteiro disse que o município de Itaperuçu quer a visita da acadêmica Adélia Woellner, a acadêmica Etel Frota sugeriu que a professora Marli, de Jaboti, venha à APL conversar com os acadêmicos. A convidada Neumar Carta Winter afirmou que a acadêmica Adélia Woellner é intensa no trabalho e na obra, como ela já se havia definido nos versos que escreveu: “Não fui pedra/Prefiro ser semente.”. A acadêmica Marta Morais da Costa expressou sua avaliação do projeto apresentado, dizendo: “No caminho entre Adélia e as crianças certamente tem um professor, de cujo interesse e dedicação a recepção dos alunos depende muito. Considero o trabalho de formação de leitores, seja pelo professor, seja pela autora, valiosíssimo. Dele permanecerá mais do que o conhecimento, permanecerá a vontade de criar, de inventar novas histórias. É preciso que os professores continuem essa caminhada de valorização da literatura. Pode ser que com esse projeto, por exemplo, alguma criança venha ser escritora no futuro ou que faça da criatividade um caminho de individualização, de identidade. A ideia do Recontar é extraordinária e emocionante. Parabenizo a todos que tiveram essa iniciativa, porque o Paraná merece”. A palavra foi concedida a Márcio Norberto para informar aos acadêmicos sobre a viabilização da participação da APL na Semana Literária Sesc 2019 que começa no próximo dia 23 de setembro. O Sesc disponibilizará transporte para pegar os livros na casa dos acadêmicos interessados. E informou que esta será a 38.ª Semana do evento, o que representa por si só o sucesso da iniciativa. Nele haverá 30 estandes e livrarias, sessão de autógrafos, palestra e oficinas. O acadêmico Nilson Monteiro informou que no dia 24 de setembro próximo será lançado no Museu Oscar Niemeyer o livro de fotos “O olho de Curitiba”, que conta a história do museu, fotografada por Nani Góes. São quase 300 fotos e um exemplar foi doado para a APL. O Presidente informou que esteve em reunião com o Prefeito Rafael Greca sobre a inauguração do Belvedere que, dada descoberta arqueológica recente, sofrerá um adiamento de, provavelmente, 20 dias. O sítio onde será instalado o deque será sem fundação, provisório, até que se encerrem as pesquisas arqueológicas. Anunciou ainda as possíveis palestras da reunião do mês de outubro: o poeta Thadeu Wojciechowski que lança seu 40.º livro e Antônio Cescato, que está lançando o “Livro das coisas menores”. Também está prevista a presença de Adriano Esturilho, Presidente do Conselho Municipal de Cultura. Nada mais havendo a tratar, o Presidente encerrou a reunião, da qual eu, secretária, lavrei a presente ata que irá assinada pelo Presidente e por mim.
Curitiba, 11 de setembro de 2019
Ernani Buchmann Marta Morais da Costa
Presidente Secretária
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