Aos doze dias do mês de setembro de dois mil e dezoito, no 2º andar das instalações do SENAC, à rua André de Barros, 750, realizou-se mais uma reunião mensal ordinária da Academia Paranaense de Letras, sob a presidência de Ernani Buchmann, estando presentes os seguintes acadêmicos: Eduardo da Rocha Virmond, Ernani da Costa Straube, Guido Viaro, Adélia Maria Woellner, Nilson Monteiro, Paulo Venturelli, Roberto Gomes, Dante Mendonça, Cecília Maria Vieira Helm, Etel Frota, Aryo Dergint, Ricardo Pasquini, Clemente Ivo Juliatto, Marcio Renato dos Santos, Antônio Carlos Carneiro Neto e Marta Morais da Costa. O Presidente Ernani Buchmann saudou a todos, agradeceu a presença e apresentou os convidados da reunião: o crítico de cinema Marden Machado e Sônia Bresciani, responsável pelo estande da Academia Paranaense de Letras na Semana Literária do SESC ao final deste mês. A acadêmica Marta Morais da Costa procedeu à leitura do Credo Acadêmico, que foi seguida pela apresentação individual dos acadêmicos presentes. O Presidente comunicou a iniciativa do escritório do acadêmico Dr. Renê Dotti de realizar seminários com os acadêmicos da APL, como Adélia Woellner, João Manuel Simões, Guido Viaro e Ernani Buchmann, em um projeto denominado “Literatura para a juventude”, realizado nas dependências do seu escritório de advocacia e com uma frequência de advogados e 10 estagiários. Segundo o Presidente, “um projeto fantástico”. A seguir, passou a palavra ao acadêmico Eduardo da Rocha Virmond para que expressasse sua visão sobre Ingmar Bergman na comemoração dos 100 anos de seu nascimento. Ao iniciar sua fala, o acadêmico ressaltou a importância da obra de Tânia Buchmann, “O olhar de Bergman”, para a compreensão da filmografia do cineasta sueco. Deu ciência de sua experiência como espectador: desde o primeiro filme a que assistiu, “A fonte da donzela” (por volta de 1960) no antigo Cine Luz quando espectadoras choraram copiosamente durante a sessão. Depois vieram as discussões a respeito de “Gritos e sussurros” e os demais filmes do diretor. Considera Bergman o maior artista do cinema, também por provocar nos expectadores uma satisfação cultural e espiritual. Na sequência, o Presidente convidou para sua palestra Marden Machado, que apresentou como “um dos melhores críticos de cinema do Brasil”, herdeiro de uma geração de críticos paranaenses de cinema, do quilate de Silvio Back, Lélio Sottomaior, Francisco Bettega, José Augusto Iwersen, Ernani Correia e Chico Cinema. Autor dos volumes “Cinemarden – Um guia [possível] de filmes”, Marden Machado iniciou sua palestra afirmando que “se Bergman é ou não o maior cineasta do mundo, não é possível afirmar, mas é o que melhor trata da alma humana.” Foram 60 anos de carreira no teatro, na televisão e no cinema. Desenvolveu com arte temas recorrentes. Começou a produzir nos anos 40, mas é a partir de “Mônika e o desejo” que se percebe melhor a qualidade de sua filmografia. Em 1957, “O sétimo selo” e “Morangos silvestres” foram marcos de sua obra. Ele trabalha muito bem a alma humana: a proximidade da morte, o pai autoritário, a descrença na religião, a arte em geral que torna a vida suportável. “Fanny & Alexander”, último filme em película, mostra o contato com a arte na casa da avó. “Se eu tivesse que escolher um filme sobre tortura seria “Morangos silvestres”, afirma o palestrante. Bergman realizou filmes herméticos, homenageou “A carruagem fantasma”, o primeiro filme sueco. A consagração acontece a partir de meados dos anos 50, quando sua obra se torna mais conhecida na Europa. Ele realizou mais de 70 filmes e todos perturbam o espectador. Marden Machado anunciou, ainda, a inauguração do Cine Passeio no próximo mês de novembro na esquina das ruas Riachuelo e Carlos Cavalcanti, aqui em Curitiba. Após os aplausos, o Presidente Ernani Buchmann retomou a palavra, agradeceu ao palestrante e apresentou sua lista de 10 filmes preferidos da obra do cineasta sueco. E acrescentou a oportunidade que teve, com o auxílio de seu filho mais moço, de verter para o português e criar as legendas para uma peça de teatro que Bergman filmou: “Criadores de imagens”, para uma apresentação pública. O Presidente informou que a Academia Brasileira de Letras acaba de eleger o cineasta Cacá Diegues para uma das cadeiras e o filme brasileiro “O Grande Circo Místico” vai concorrer à indicação do Oscar 2019. Marden Machado foi também produtor de um filme sobre Wilson Martins. Em 2002, foi filmada uma entrevista de 10 minutos que se transformou em um longo documentário com mais três entrevistas realizadas até novembro de 2009. O filme foi terminado em 2012 e nele também consta um depoimento de Moacyr Scliar, um dos últimos que fez antes de morrer. O documentário se intitula “Wilson Martins, a consciência da crítica”. O palestrante se despediu e o Presidente, ao retomar a palavra, lamentou o fato de não termos mais imprensa diária e que Curitiba é a única capital brasileira sem um jornal diário de expressão. Na segunda parte da reunião, o Presidente salientou o Prêmio Nacional José de Alencar conferido a Etel Frota pelo romance “O herói provisório”, que foi parabenizada pelo plenário. Anunciou o encerramento das inscrições para preenchimento da cadeira 37 com um único inscrito: José Pio Martins. A eleição ocorrerá na reunião do próximo mês de outubro. O acadêmico Marcio Renato dos Santos foi convidado pelo Presidente a pronunciar-se sobre a edição de “A noite do absoluto”, de Ernani Reichmann a ser realizada pela Biblioteca Pública do Paraná em parceria com a Academia Paranaense de Letras. O acadêmico, então, expôs que o livro já foi pré-diagramado. A narrativa-romance com digressões filosóficas pode ser pensada como um ensaio. O prefácio será do acadêmico Ernani Buchmann. O autor usa heterônimos, como Fernando Pessoa. Datado de 1978, é uma obra “fora da curva”, pois não segue a corrente literária vigente à época. Deverá estar pronto no próximo mês de dezembro. O Presidente Buchmann afirmou que Ernani Reichmann tinha qualidades e poderia ter pertencido ao quadro da Academia Paranaense de Letras. Dizia ter poucos leitores porque nenhuma editora queria publicar seus livros. O acadêmico Aryo Dergint informou que Reichmann era um grande indivíduo, merecia ser conhecido nacionalmente e tratava de todos os assuntos. Manifestou seu regozijo pelo tratamento que Reichmann merece. O Presidente informou que recebeu um pacote de correspondências de 1978, que estavam de posse do Centro de Letras. Entre as mensagens a notícia sobre a reeleição de Vasco Taborda Ribas à presidência, em 1974. O acadêmico Nilson Monteiro relatou o lançamento de seu recente livro, “A cidade e seus cúmplices” em que estiveram presentes vários acadêmicos e muitos outros amigos e que, no dia 20 próximo, fará um novo lançamento na Semana Literária do SESC, além de outros em Londrina, Maringá e Ponta Grossa. O acadêmico Ernani Straube noticiou a cerimônia dos festejos dos 100 anos do Templo das Musas realizada no Instituto Histórico e Geográfico no dia 11 de setembro p.p. Lembrou a figura de Dario Velloso que, embora agnóstico, convivia bem com eclesiásticos, mas era uma pessoa combativa e combatida. Escrevia muito e em 22 de setembro de 1918 criou o Templo das Musas. O Presidente Ernani Buchmann afirmou ter sido aluno de Athos de Castro Velloso, filho de Dario. A acadêmica Etel Frota anunciou a apresentação na Rádio Educativa de um programa em homenagem a Helena Kolody e que tem a participação da acadêmica Adélia Woellner. Ele será transmitido dentro do “Poemoda”, programa que a acadêmica apresenta desde 2011. Em 2012, a acadêmica Adélia Woellner organizou o livro e o CD “Infinita sinfonia” em que há poemas e composições musicais de diferentes artistas. Também foi informado que o acadêmico Paulo Vítola produz um programa na Rádio Cultura, com apresentação de Laís Mann. O Presidente informou que no próximo dia 18 fará o lançamento de seu livro “Balada em cinco tons de chumbo grosso” no estande da academia na Feira Literária do SESC. O acadêmico Eduardo Virmond informou que a Revista da Academia número 68 já está fechada. A acadêmica Etel Frota informou que, em novembro, seu grupo de música e poesia apresentará um sarau no café da manhã da Academia. O acadêmico Eduardo Virmond informou que escreveu artigo sobre o incêndio do Museu Nacional que, há dez anos, era sustentado por professores e funcionários. A acadêmica Cecília Helm comunicou sua tristeza causada pelo incêndio do Museu Nacional e informou que doará todo seu acervo bibliográfico para compor a reconstrução do referido museu. O Presidente Buchmann afirmou que “o Brasil é administrado pelas tragédias”. O Governo Federal propôs transferir o dinheiro do Sistema S para dar a 27 museus. Aqui no Paraná as entidades propõem a extinção da Secretaria da Cultura. É uma maneira irresponsável de tratar a cultura, em especial a Fundação Teatro Guaíra, o Museu Oscar Niemeyer e a Biblioteca Pública do Paraná, três órgãos que sustentam a cultura no Paraná. O acadêmico Dante Mendonça propôs que a APL se mobilize e faça um documento expressando seu desejo de preservação de nossa academia e da Secretaria de Cultura. O acadêmico Ricardo Pasquini expressou sua indignação, como Professor Emérito da Universidade Federal do Paraná, por constatar que nos últimos 30 anos tem assistido ao desmonte da universidade, transformada em colegião. Descaso verificado até nos próprios integrantes do corpo docente da universidade, em razão, segundo ele, de dois fatores: a eleição para Reitor e a falta de profissionalismo. A universidade tem que ser muito mais complexa segundo ele. Há forte participação dos sindicatos e ninguém se pronuncia contra esse estado de coisas. A acadêmica Cecília Helm lamentou o descaso da UFPR com o museu da Paranaguá, de que foi diretora. Descreveu um episódio triste de sua chegada ao museu: “Fui nomeada diretora do MAE/UFPR pelo saudoso Carlos Antunes, Reitor da UFPR. Encontrei o painel/mural elaborado pelo imortal Poti cortado em quatro pedaços, colocado no piso todo encharcado, as goteiras molhavam o painel. Solicitei recursos, fiz um planejamento das despesas, encaminhei ao Prof. Mário Pederneiras, diretor da Fundação, e ele concedeu a importância para a restauração do trabalho de Poti encomendado por Loureiro Fernandes e que retrata índias Xetá, na década de 50. A restauradora Sueli competente restaurou toda a obra que foi recolocada na parede do MAE em Paranaguá.” O acadêmico Ernani Straube se pronunciou a respeito do risco de incêndio de vez que, no acervo do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná, estão depositados mais de 6 000 documentos e 500 CDs do “Resgate Rio Branco”. Além disso, a instituição tem duas bibliotecas: de literatura no Paraná e de literatura geral. Colocou à disposição dos acadêmicos esse acervo e declarou ironicamente que somos rejeitados pelo governo e que “cultura no Paraná é de soja”. O acadêmico Aryo Dergint entregou ao Presidente Ernani Buchmann sua produção científica, de vez que constatou não estarem na biblioteca da Academia Paranaense de Letras os volumes entregues quando de sua inscrição para concorrer à cadeira que hoje ocupa. O Presidente disse que os livros seriam incorporados à biblioteca da APL. O acadêmico Clemente Ivo Juliatto deu um breve depoimento: a primeira universidade brasileira a realizar eleição para Reitor foi a PUC-SP. Hoje, a nossa PUC-PR está em terceiro lugar entre as universidades brasileiras e a PUC-SP sofre com a insegurança e o abandono, a ponto de a Reitora somente poder ir ao campus com seguranças. Citou um ditado italiano: “a hora de consertar o telhado é antes da chuva”. O Presidente informou que a APL está em negociação com a PUC-PR sobre a possibilidade de usar as dependências do Círculo de Estudos Bandeirantes. A acadêmica Adélia Woellner anunciou que participará, juntamente com a acadêmica Etel Frota, de uma mesa redonda sobre literatura no dia 27 de setembro na Uniandrade. A acadêmica Chloris Casagrande Justen enviou correspondência solicitando sua substituição, por razões de saúde, no concurso “Palavra Viva” do Colégio Positivo, de cuja comissão faz parte há dez anos. Para seu lugar, foi indicado o acadêmico Marcio Renato dos Santos. Nada mais havendo a tratar, o Presidente encerrou a reunião da qual eu, secretária, lavrei a presente ata que vai por mim e pelo Presidente assinada.
Curitiba, 12 de setembro de 2018.
Ernani Buchmann Marta Morais da Costa
Presidente Secretária
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