Aos treze dias do mês de dezembro de dois mil e dezoito, no 2.º andar das instalações do Senac, à rua André de Barros, 750, realizou-se mais uma reunião mensal ordinária da Academia Paranaense de Letras, sob a presidência de Ernani Buchmann, estando presentes os seguintes acadêmicos: Eduardo Rocha Virmond, Chloris Casagrande Justen, Nilson Monteiro, Adélia Maria Woellner, Albino Brito Freire, Luci Collin, Antônio Celso Mendes, Léo de Almeida Neves, João Manuel Simões, Renê Ariel Dotti, Maria José Justino, Cecília Vieira Helm, Dante Mendonça, Flávio Arns, Roberto Gomes, Guido Viaro, Etel Frota e Marta Morais da Costa. Justificadas as ausências dos acadêmicos Darci Piana, Paulo Venturelli e Rui Cavallin Pinto. Na abertura da sessão, o presidente saudou a todos, em especial ao escritor e professor Miguel Sanches Neto, palestrante convidado, doutor em Literatura pela Universidade Estadual de Campinas – Unicamp, professor da graduação e pós-graduação da UEPG, com romances e estudos publicados – e premiados – na área da literatura e da crítica literária. Após a leitura do Credo Acadêmico pela acadêmica Luci Collin e a apresentação formal dos demais acadêmicos, o presidente ressaltou que Miguel Sanches Neto já havia sido convidado na gestão anterior e não pôde participar em razão de pesquisas em Portugal. De toda a obra do escritor, o presidente elogiou “Chove sobre minha infância”, de 1998, romance de formação na linha de Mark Twain. O acadêmico Nilson Monteiro ressaltou a coincidência de no mesmo dia ser lançada o primeiro volume da série de estudos sobre escritores paranaenses, editada pela Biblioteca Pública do Paraná, com a obra sobre Jamil Snege, de autoria do palestrante. Miguel Sanches Neto iniciou sua fala afirmando que conhece pessoalmente a maioria dos acadêmicos e que “estamos irmanados pela literatura e pelos livros”. Qualificou-se como “um pobre homem de Peabiru” e dissertou sobre as dificuldades vividas por todos os escritores paranaenses de conseguirem ser editados ao final do século passado. Citando Cristóvão Tezza, concordou que “o maior aliado do escritor paranaense são os correios”, dada a pouca visibilidade da literatura produzida no Paraná, por não chegar aos centros culturais de São Paulo e Rio de Janeiro. A seguir fez comentários a respeito de sua obra autoficcional “Chove sobre minha infância”, associando fatos de sua biografia com o relato do livro. Acentuou sua origem humilde em uma família de contadores de histórias, mesmo que analfabetos ou de baixa escolaridade. Salientou o caráter excepcional e as dificuldades de sua formação escolar e acadêmica. Classificou esta obra como “uma dívida que eu tinha com o passado”, mas que precisava escrever para dar visibilidade a um grupo quase invisível: o dos pobres, comparando com o Rio Grande do Sul que tem uma “literatura que se conta”, a produção literária do Paraná é escassa. Segundo Miguel Sanches Neto precisamos colorir o mapa do nosso Estado, fazendo aparecer seus talentos: “Nossa riqueza é nossa virtualidade. Outra riqueza da nossa linguagem: a concisão da crônica, o ensaio literário e a crítica. Mas temos um vazio temático”, concluiu. Após os acalorados aplausos, o presidente Ernani Buchmann abriu para a participação dos presentes, que foi rica e variada. O presidente acentuou que este ano de 2017 foi de grande riqueza pela qualidade dos palestrantes e pela participação dos acadêmicos. Informou que o acadêmico Dante Mendonça esteve em Santa Catarina para receber homenagem da Academia Catarinense de Letras, como destaque do ano no gênero “crônica”. Também contribuíram as chegadas para a Academia de Roberto Gomes, de Luci Collin e de Etel Frota, as diversas homenagens recebidas por Adélia Woellner e os diversos lançamentos de obras de outros acadêmicos. Também informou que a Fecomércio Paraná levou a Caiobá dirigentes paranaenses do comércio para um evento do setor, no qual o destaque foi uma jovem estudante de primeiro grau de Arapongas, convidada pelo empresário Paulo Pennacchi, que mantém um projeto valioso de Educação no município. A jovem, de 14 anos, viveu no mesmo dia três emoções: embarcar em um avião, conhecer o mar e declamar para o público um poema de 22 estrofes de sua autoria. A acadêmica Cecília Helm informou que um antropólogo canadense pesquisou o Contestado e escreveu sobre o papel dos índios no conflito e também houve os escritos do Ulisses Vieira e Maurício Vinhas sobre o assunto. O presidente Ernani Buchmann, sobre o Contestado, informou sobre a existência do filme de Sílvio Back e do romance “Casa Verde” de Noel Nascimento. Ainda assim, nosso Estado se ressente de literatura sobre o Contestado. O acadêmico Nilson Monteiro ressaltou a importância do romance da acadêmica Etel Frota, “O herói provisório”, sobre batalha ocorrida na Baía de Paranaguá. Miguel Sanches Neto complementou afirmando que a força da literatura não é somente falar sobre o Paraná, mas sua qualidade vem do nível elevado da linguagem literária. O Paraná tem assumido uma atitude identitária nos últimos anos, embora o número de exemplares vendidos pelos nossos escritores tenha sido cada vez menor, como ocorre com a literatura brasileira em geral. O escritor Milton Hatoum vendeu menos de 20 mil exemplares do romance “Dois irmãos”, apesar de toda a publicidade obtida por meio da série da TV Globo baseada na obra. A Bíblia não chegou a vender mil exemplares neste ano. Segundo o acadêmico Roberto Gomes, as editoras impõem um tipo ruim de literatura. A respeito da obra sobre Jamil Snege, o palestrante Miguel Sanches Neto qualificou o escritor como um artista que “afagava com as unhas e amava com ironia”. Informou que Jamil Snege tinha controle total da edição dos livros dele: “era um escritor autoeditado”. Morreu jovem e seus livros continuam sem edição condigna. A obra atual sobre ele é um roteiro de espaços pelos quais o escritor transitava em Curitiba, com belas fotos. O palestrante recebeu novamente calorosos aplausos e o agradecimento da Academia, e se despediu dos acadêmicos. Na segunda parte da reunião, o presidente tratou do incêndio criminoso ocorrido no Belvedere na semana anterior, que destruiu a parte interna do imóvel, incluindo o piso inferior, uma parte da escadaria e todo o telhado. O presidente aguarda a perícia para saber qual será o acréscimo ao montante do custo da restauração prevista anteriormente. Em seguida, apresentou os convidados para o almoço a serem homenageados com o diploma de “Benfeitores da Academia Paranaense de Letras”: Zirce Rolim Grein, Luís Guilherme Bergamini Mendes, Rogéria Fagundes Dotti, Moacir Gibur, Ricardo Bertucci, José Machado de Oliveira, Íris Bigarella, Elizabeth Castor e Maria Elisa Paciornik. Os diplomas foram entregues pelos acadêmicos Eduardo Virmond, Renê Ariel Dotti , Antônio Celso Mendes, Nilson Monteiro e Luci Collin. Foram conferidos diplomas também a Carmen Lúcia Rigoni e Roseli Santos que, por motivos diversos, não puderam comparecer à reunião.
A seguir foi lida a biografia do Dr. Ruy Ferraz de Carvalho, pai da homenageada Maria Elisa Paciornik, a quem o acadêmico Renê Ariel Dotti atribuiu atitudes de grande coragem ao desafiar a ditadura de 1964 e manter o direito dos advogados dos presos políticos. O acadêmico Nilson Monteiro também prestou homenagem ao Dr. Ruy Ferraz, ao tratar de seus méritos como professor de Direito. Encerrado o momento das homenagens, os acadêmicos desejaram-se mutuamente votos de boas festas e a reunião foi encerrada pelo presidente. E a ata foi lavrada por mim, secretária, que a assinarei juntamente com o presidente.
Curitiba, 13 de dezembro de 2018.
Ernani Buchmann Marta Morais da Costa
Presidente Secretária
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