O conceito de dimensão é puramente espiritual, demandando a presença de uma síntese intelectual só presente na consciência humana, o que evidencia a natureza peculiar de nosso ser, que existe como forma de pensar a realidade em sua natureza etérea e só anterior como manifestação biológica ou sensível. Tal ocorre em todos os momentos de nossa existência, cuja dignidade consiste apenas em pensar, segundo expressou Pascal.
Isso acontece também com os números, os transcendentais da quantidade, cuja característica é determinar os limites do Infinito, segundo Pitágoras. Por isso, cada um deles possui uma essência mística, diferente e exclusiva dos demais. Assim, o número sete está implicado em muitas situações cósmicas, o que o coloca em nível próximo ao divino, como podemos constatar: Deus criou o mundo em sete dias; sete são os dias da semana; sete são as fases da lua, sete sãos dons do Espírito Santo; sete são as cores do arco-íris; sete são os polos de nossa manifestação sensível, os chakras; o culto aos falecidos se dá no sétimo dia etc.
Igualmente, o ser humano sofre a influência deste número, pois sete são suas dimensões holográficas: o corpo, a alma e o espírito, que geram criatividade, racionalidade, sentimento e liberdade, colocando nosso ser no contexto cósmico das dimensões orquestradas. Dessa forma, o corpo, representando o primeiro nível de nossa substância, é o estofo material de nosso ser, estando, portanto, a mercê de sua contingência física. Louvado ou odiado, importa tratá-lo com o carinho que merece. O corpo humano está muito próximo da Terra, tendo Adão, como nosso primeiro pai.
A alma é o substrato psíquico de nosso ser. Considerada pela tradição como imortal, é de natureza espiritual, sem partes, segundo Platão. Gerada como um holograma por via de emanações etéreas, é a fonte de surgimento de nossos bens e de nossos males, que afetam profundamente nosso ser. A alma, poeticamente considerada, é fonte de emoções e sentimentos.
O Espírito, por sua vez, é um sopro divino em nosso ser, capacitando-nos para o exercício intelectual e os arroubos de nossa transcendência. O Espírito, similar a uma chama, cria e destrói segundo a oscilação de sua luz. O espírito nos é assim imanente, permitindo que possamos ser capazes de vislumbrar a eternidade. Suas propriedades em nosso ser são a criatividade, a racionalidade, o sentimento e a liberdade, o que nos torna superiores ao tempo e ao espaço.
É Ele que nos permite sermos criativos, inovando sempre em favor do progresso; já as criatividades maléficas são sempre as distorções provenientes do maligno; também, nos torna racionais, pelo reconhecimento das leis imutáveis da natureza; em acréscimo, desenvolve os nossos sentimentos, nos tornando bons e amorosos; e, por fim, nos concede a liberdade, pelo uso consciente de nossas vontades.
Há uma similaridade do corpo, da alma e do espírito com a Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, tornando-nos divinos em nossa natureza. Sem dúvida, segundo a Bíblia no Livro do Gênesis, o Pai tem muito a ver com nosso corpo, o Filho tem tudo a ver com as qualidades de nossa alma e o Espírito Santo, por sua imanência em nós, tem tudo a ver com as graças que nos iluminam. Sejamos, pois, dóceis às dimensões espirituais que nos afetam, sem as quais não seríamos o que somos em nossa precária existência peregrina.