Nasceu em Portugal em 12 de maio de 1903. José Loureiro Fernandes foi a alma do Círculo de Estudos Bandeirantes. Sua figura cresceu e se agigantou no esforço da promoção da continuidade daqueles debates e tertúlias, cuja eferves­cência sacudia as inteligências marcantes de uma geração inquieta e indagativa, mergulhada em cogitações filosóficas. Foi tão paranaense ou paranista quanto Alcântara Machado se denominava paulista. Seu apego pelas coisas do passado, antropólogo minudente e tradicionalista por vo­cação, profeta às avessas de um velho mundo que desapareceu, deve-lhe o Paraná a criação do Museu de Arqueologia e Artes Populares de Paranaguá, onde se devotou à reconstituição dos lineamentos históricos da civilização tingui.

Nas lides do magistério superior soube aplicar os conhecimentos hauridos em pesqui­sas de campo e outras observações diligentes, notadamente quanto à antropometria e a hematologia dos caingangues, os sepultamentos no sambaqui de Matinhos, o in­teresse da investigação linguística nos domínios do folclore do mar, além de outros de cunho científico.

Da bibliografia registrada no Círculo, constam ainda várias con­ferências e monografias reveladoras de uma rara capacidade de produção científica e literária, própria de um polivalente. Quando escreveu sua Contribuição à Geografia de Praia de Leste, em 1947, escapou milagrosamente de morrer afogado, perto de Matinhos. Numa canoa, ele e mais alguém faziam pesquisas de fundo do mar em dia de vento. Súbita onda virou a embarcação. Felizmente os dois conseguiram, depois de muitas horas, ser salvos por pescadores.

É bem da verdade que muitos dos gran­des homens permanecem mais ou menos ignorados do grande público por uma razão muito simples: sua obra não se pode avaliar em termos publicitários, por ser uma luta subterrânea. Muitos dos grandes empreendimentos que elevam a nossa cultura ou que exercem um fim social de valor, sendo-os em plena função, como que de rotina, aceitos ou louvados, mas sempre encarados como decorrência normal do progresso. Entretanto, poucos sabem o que custou, muitas vezes, a sua realização, principalmen­te aquele salto inicial e heroico que vai da idealização ao primeiro passo da conquista. Loureiro Fernandes situa-se entre esses heróis anônimos. Faleceu em Curitiba, dia 16 de fevereiro de 1977. (TV)

Patrono: Nestor Pereira de Castro (1867-1906)
Fundador: Samuel César de Oliveira (1896-1932)
1.º Ocupante: Alfredo Romário Martins (1874-1948)
3.º Ocupante: Edwino Donato Tempski (1913-1995)
4.º Ocupante: Edilberto Trevisan (1923-2010)
5.º Ocupante: Roberto Muggiati (1935)