Em Apucarana há uma rua, no Núcleo Habitacional Parigot de Souza, que hoje ostenta o nome de Ubilar Guerra Lobo, homenagem a um dos seus pioneiros mas, sobretudo, de um importante personagem da vida da cidade da qual compartilhou por tantos anos e, para a qual contribuiu diretamente para seu crescimento e desenvolvimento. Convivi com ele quase toda sua vida, pois foi meu cunhado, casado com minha irmã Vilna. Convivi e apreendi a admirá-lo pelas suas qualidades e o esforço que dispendeu para vencer suas naturais limitações e as dificuldades de prosperar numa sociedade ainda no início de sua construção e à vista de sua múltipla composição.

Soube que veio de Jardinópolis, São Paulo, onde nasceu, e veio de mudança para o Paraná, por volta de 1940, acompanhado dos pais e familiares para um recomeço de vida.

Foi primeiro funcionário da Nicolas Ludarnelli S.A., Comercial e Agrícola, por oito anos, empresa instalada com armazéns de comércio e benefício do café, nas primeiras quadras da Avenida Curitiba da cidade.

Vencido, porém, esse primeiro tempo (1950), já o temos com empresa própria instalada com seu nome e o título de “Guerra Lobo – Companhia de Benefício de Café”, assumindo assim, desde o começo e em nome próprio, a responsabilidade dos seus interesses.

Desde então, porém e na continuidade dos seus 30 anos seguintes, Ubilar passou a assumir, na sequência,  a representação pessoal de empresas de sua propriedade, como igualmente,  passou a ocupar a administração de entidades particulares e públicas, em cargos de representação, tesouraria, direção e presidência, ligados sempre às atividades do agronegócio, seja de organização, produção, comércio, correlatos e sua indústria, como ocorreu com a Guerra Lobo – Cia de Benefício de Café, a Cooperativa de Agricultores de Apucarana, a Agro Terra S/C – Motomecanização Rural,  Upaleite – Usina de Pasteurização Rural, Associação Rural de Apucarana, Companhia Melhoramentos Apucarana, Federação da Agricultura do Paraná e representação da lavoura cafeeira do Estado do Paraná, bem como a própria Consultoria do Instituto Brasileiro do Café e correlatos.

Foi sempre reconhecido como administrador ativo e empreendedor, tanto no seu trato cordial e amigo, de que tinha muitos. Foi homem de pendor natural para o comércio que praticava com disposição e naturalidade. Se enfrentou divergências e sustentou demandas, ao que sempre soubemos, nunca foram as que provocou ou lhe deu causa. Do outro lado, foi bom cidadão, marido e pai generoso de três filhos. Sabia receber e conviver em casa ou em rodas sociais. Foi empreendedor comercial e industrial, de venda e benefício de café, temas a que dedicou o maior tempo dos seus pendores e suas atividades.

Viveu além disso toda a vida de sua cidade e do seu tempo, mas a bem ver mereceu maior destaque por sua presença na presidência do Sindicato Rural de  Apucarana, por 9 anos, desde sua fundação (1968 a 1970), entidade  que hoje congrega mais de 3.500 agricultores da região, e que, por ocasião das comemorações do seu cinquentenário de fundação, lhe prestou particular homenagem à competência de sua direção e os bons resultados alcançados, em palavras repassadas pelo então prefeito da cidade, Beto Richa, e o presidente da entidade, Claudomiro Rodrigues da Silva, o “Mirinho Moisés”.

De igual relevância foi também sua participação como tesoureiro e diretor da Federação da Agricultura do Paraná, no decênio de 1972 a 82, e, ainda, por oito anos com sua participação junto ao Instituto Brasileiro do Café, onde, por igual, contribuiu positivamente em nome da lavoura cafeeira do Paraná.

Por último e pelo que nos foi dado conhecer, cumpre ainda registrar sua presença efetiva em diversos encontros e promoções nacionais do interesse do comércio e da agroindústria nacional, como no II Encontro Nacional de Produtores Rurais, o 1.º e o 2.º Encontros Nacionais de Agropecuária, além do IV Nacional de Agricultura, no I Simpósio Nacional do Café e Milho e na IV Conferência Nacional das Classes Produtoras.

Por fim e em resumo, cumpre dar particular destaque ao papel e a confiança dos que, igual a Ubilar Guerra Lobo, embora sem contar com a herança de um maior benefício, logram alcançar, só pelo seu esforço e merecimento o lugar ocupado por poucos, levados pela confiança de que, pela devoção ao trabalho e na sua confiança, cada um de nós pode, por si só, contribuir para a construção de um mundo melhor, capaz de prover e difundir seus benefícios, para proveito de todos e merecimento das graças divinas para as quais fomos criados.

  • Autor: acadêmico Rui Cavallin Pinto
  • Foto: arquivo APL
  • Imagem: cedida pelo autor